terça-feira, 27 de outubro de 2009

Que futebór que nada...


Muitos amigos reclamam que escrevo muito sobre futebol. Fazer o quê? Gosto dessa merda e, pra completar, ainda sou palmeirense, ou seja, fã daquele time que não sabe o que é equilíbrio: ou está uma completa merda ou está por cima da carne seca. Não tem meio termo. Nunca vi o Palmeiras ganhar um campeonato tipo assim no sufoco, com gols aos 49, ou com uma virada espetacular. Me acostumei com o jeitão da madeira: ou fica pra trás ou ganha sem apelação. Por isso é que acho que a partir dessa quinta, contra o Goiás, ou o time se afunda de vez, e põe a perigo até a vaga na Libertadores, ou arranca de vez para o título. Mas os amigos reclamam também que às vezes não dá pra postar comentário, porque o Google exige isso ou aquilo. Tá tudo bem. Mas reclamam ainda que escrevo muito. Que os textos são muito longos. Mas é o que dá pra fazer. Isso não é um site noticioso, é um blog onde a gente escreve abóboras. Não dá pra ficar fazendo textinhos, coisas rápidas, pílulas, porque daí teria de ficar o dia inteiro no computador, e não dá. Mas tudo isso - é, meus amigos têm razão - porque eu ia falar de mulher bonita. Daí vi essa foto da Juliana Alves. Mama mia! Aí pensei: vou fazer um post-relâmpago, tipo colírio para os olhos, como fiz para Vanessa Giácomo, e pronto. Mas daí lembrei do Parmera e pensei em contar a piada do italiano para unir as duas coisas. O italiano do Bexiga foi reclamar pro amigo que a mulher dele enchia o saco toda vez que ele ia pro jogo do Parmera. Era só ele pegar a boina, o travesseiro de bunda e uns mirréis pra tomar umas e a mulher já o atazavana. Aí o amigo disse: faça como eu - dá umas palmadas nela que ela fica boazinha e você pode ir pro jogo na boa. Chegou o domingo e o italiano gritou pra mulher: "Muié, vou ver o Parmera". E a mulher começou a ralhar. Eles estavam na sala, perto do sofá. O italiano puxou a mulher, sentou no sofá, colocou a mulher no colo, de bruços, levantou a mão e, quando ia iniciar a série de palmadas, olhou aquela buzanfa convidativa e pensou: "Que futebór que nada..." Então, e hoje fui ao Itaú porque meu cartão de crédito estragou na linha magnética e não consigo mais sacar em caixa eletrônico. Daí, conversando com a caixa-gente, me toquei de transferir a conta de Maringá para Londrina, para resolver tudo por aqui. A caixa-gente pediu que eu fosse para a seção de atendimento e lá, my God, trabalha uma morena de fechar o comércio. Já a tinha notado quando entrei. E, dez minutos depois, ainda estava sendo atendido por ela o mesmo carequinha magrinho. Esperei mais uma dez minutos e o magricela lá. De vez em quando ria sozinho, que nem bobo. Também, pudera. Até eu. Fui atendido pelo colega da gostosa, saí e o careca ainda lá. Deve, o careca, ter inventado mil coisas para não sair de perto daquele morena maravilhosa, que eu só trocaria por essa aí em cima. E olhe lá.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Desligaram o meu time


Pensando bem, de que adianta parar o Flamengo, como eu supliquei no post abaixo, se o Palmeiras não joga mais nada? A continuar assim, se Deus atender meu apelo e barrar também São Paulo, Atlético-MG, Inter e Goiás, é capaz do Grêmio ser campeão. Vi o jogo contra o Santo André e digo a vocês: não entendi nada. E quer saber? Daqui, 500 km de distância, ninguém vai entender. Nem quem eventualmente morar ao lado do Academia ou do Palestra pode dizer que entendeu algo. Só alguém que viva o dia-a-dia do clube poderia opinar. Porque a razão deve estar ali, escondida a sete chaves. O time simplesmente parou de jogar. Podem dizer que não era nada disso, que é um time normal. E é, mas daí perder 11 de 12 pontos disputados, seis deles para equipes praticamente rebaixadas, é demais. A impressão que dá é que alguém foi lá sorrateiramente e desligou o time. Tirou da tomada. Colocou em off. Tirou a energia. Não se consegue trocar um passe. Para a bola chegar da defesa para o ataque é um deus-nos-acuda. Não se constrói uma sequer jogada ofensiva. Chute a gol virou artigo de luxo. Por outro lado, chegar na área do Palmeiras virou brincadeira de criança. Esse atacante do Santo André que marcou os dois gols de quarta-feira é ruim que dói. Conseguiram adentrar a área e doar dois gols para o cara. E o pior de tudo é que a queda de rendimento aconteceu justamente depois da mais bonita exibição do time no campeonato, que foi a virada sobre o Santos na Vila. Muito disso deve ter a ver com o Diego Souza. Vai se phoder o Dunga por tê-lo convocada para as últimas partidas das Eliminatórias. Sacou o melhor jogador da equipe no momento decisivo do campeonato, em que o time poderia ter disparado na liderança, para quê? Para colocá-lo pra jogar meio tempo contra a Bolívia e o ignorado contra a Venezuela? Então o clube sua o campeonato inteiro para manter um elenco legal, pagando altos salários, e o técnico da Seleção decide convocá-lo para teste numa rodada de fim de feira e nem põe o cara pra jogar direito? Vá se danar! E Muriçoca, é o seguinte: aí, meu irmão, o buraco é dois quilômetros mais embaixo do que você imaginou. Vá trabalhar, porque, até agora, sua contribuição para o time foi zero! O tempo urge, rapá. Você pegou o time depois de um 3 a 0 sobre o Corinthians em Prudente. Quero ver dia 1º agora, no pega do segundo turno... Se bobear, o Gordo vai derrubar mais o alambrado. Vai é derrubar você do cargo, mané!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Parem esse Flamengo, pelo amor de Deus!


É, meus temores, infelizmente, eram reais. O Flamengo, para mim, passa a ser o favorito daqui pra frente. Afinal, derrubou, na sequência, o vice-líder (e atual tricampeão) em casa e o líder fora. É assim que se faz um campeão. O Galo também está colocando as asinhas de fora. Inter e Goiás perderam fôlego. O São Paulo, também. Mas num campeonato instável como esse, tudo ainda pode acontecer. Mas o que conta, na reta final de um campeonato, é o momento das equipes. E, nesse quesito, o Flamengo está verdadeiramente na frente de todos. Vai passar a jogar sempre com o Maraca lotado. Talvez encontre um pouco mais de dificuldades agora que todos viram que o velho Pet é que faz a diferença. Vão passar a colar no cara. O Adriano é o bicho, mas, sem alguém que o municie, é um postão desajeitado sem muita função. O tal de Maldonado arrumou a cozinha. É mais fácil alguém sair vivo de um mergulho na Baía de Guanabara do que chegar perto da área do Flamengo. Os caras conseguiram montar um paredão que tá phoda de escalar. Daí, quando o adversário arrisca de longe, o goleirão aparece. O time está bem arrumado e, como o próprio Andrade havia avisado, está difícil de ser batido. Para nós, palmeirenses, resta o consolo de estarmos ainda seis pontos à frente, o que não é muito, a continuar tropeçando em cada adversário que se apresente. O momento é indiscutivelmente flamenguista. Resta aos rivais pelo título tomarem vergonha na cara e começarem a ganhar e, também, torcer para que os próximos adversários do Flamengo consigam desmontar o esquema ao qual, nos últimos oito dias, São Paulo e Palmeiras sucumbiram.


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E tem imbecis por aí articulando a volta dos mata-mata no Brasileirão, alegando que o sistema de pontos corridos não traz emoção. Se uma rodada como a do final de semana não trouxe emoção, então não sei o que isso significa. Caramba, cada partida desse campeonato é uma decisão! Imaginem em que clima o Palmeiras vai enfrentar o Santo André quarta-feira, em jogo antecipado pela TV. O País inteiro vai ficar ligado na partida, secando o ainda líder. Imaginem que clima os jogadores do Palmeiras vão imprimir a essa partida, depois de três tropeços seguidos. Necessário não é abandonar os pontos corridos e, sim, tomar uma série de medidas - adequar o calendário ao europeu é apenas uma delas - que fortaleçam os clubes, para que possam segurar os craques e, assim, montar equipes que equilibrem ainda mais a disputa do Brasileirão, mas um equilíbrio que as nivele por cima - e não por baixo, como ocorreu nos últimos anos. E, para o bem geral da nação, que se elimine esse negócio de jogo às 10 da noite. Jogo de futebol é às oito da noite em dia de semana e quatro da tarde sábado e domingo. E ponto final.


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Barrichello, Barrichello... Ótimo que você esteja se sentindo bem, de bem com a vida, no auge de sua carreira, feliz como piloto e como pai de família. Ótimo. Assim, a gente se livra da obrigação de torcer para você. Porque eita tarefa inglória, hein?!?


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Querem saber? No fundo, no fundo, a Argentina saiu dessas Eliminatórias mais forte que o Brasil. Ganhou as duas últimas partidas com gols nos acréscimos e sacramentou uma classificação árdua, batalhada, guerreada. Nós conseguimos perder da Bolívia e empatar com a Venezuela em casa. Se futebol é momento, o momento da Argentina é muito melhor do que o nosso. Estamos a seis, sete meses da Copa. É uma eternidade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Como se faz


Essa capa do carioca Extra já saiu num monte de blog e site por aí, mas resolvi entrar na dança para mostrar um exemplo de bom jornalismo. Se fosse em São Paulo, os idiotas da subjetividade já teriam lançado 'patriots' contra os paulistas, sob alegação de bairrismo. Muito bom que tenha surgido no Rio. Parabéns, Extra! Expôs os podres cariocas e, ao mesmo tempo, limpou a barra de eventuais futuras matérias que - alguém duvida? - vão pintar por aí. Clique na imagem para ampliar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Abre o zóio, Parmera


Bem, meu Palmeiras levou um baile do Náutico, mas seus adversários diretos pelo título também andam tropeçando mais que bêbado na subida, e a derrota no Recife só provou que não há um time que presta nesse campeonato, e que o São Paulo ganhou as três últimas edições porque era caolho em terra de cego, porque o Palmeiras deve ganhar esse Brasileirão, mas daquele jeito, aos trancos e barrancos. Nada contra o perde-e-ganha, porque deixa a disputa mais emocionante, acirrada, mas um campeão de verdade deveria ganhar do São Paulo (o que o Palmeiras não fez), do Inter (o que o Palmeiras não fez), do Atlético-MG (o que o Palmeiras não fez) ou, pelo menos, passar com facilidade por Avaí (o que o Palmeiras não fez), Náutico (o que o Palmeiras não fez). Verdade que, historicamente, o time de Palestra Itália gosta mais dos confrontos com os grandes que contra os pequenos, mas perder quatro pontos assim, empatando em casa com o Avaí e levando uma sova do Náutico, é de doer. O que deixa o palmeirense relativamente tranquilo é que ninguém está ganhando de ninguém, nenhuma equipe está despontando a ponto de... Ops! Peralá! Tem, sim. E é bom tomar cuidado com ela. Se São Paulo, Inter, Galo e Goiás não chegam a assustar, há uma equipe que vem ensaiando, sim senhor, uma reação, mas que, por sua posição na tabela, ainda não despertou temores, mas é bom esse Parmera abrir o olho se quiser o título, e os demais se quiserem se garantir na Libertadores, porque tem um tal de Flamengo vindo aí. Faltando nove rodadas, o Palmeiras poderia se considerar tranquilo, se o campeonato ficasse assim, nesse perde-e-ganha até o fim, mas o perigo vem do combalido futebol carioca e responde pelo nome de um time que, quando engrena, é difícil de ser parado. Senão, vejamos: enquanto o pelotão da frente coleciona vitórias e derrotas como quem troca de roupa, o Flamengo, nas últimas seis rodadas, conquistou 14 pontos, numa série de causar inveja. Vamos lá: 3 a 0 no Sport, 3 a 0 no Coritiba, daí segurou um 0 a 0 com o Inter lá, meteu 2 a 0 no Fluminense (clássico regional é sempre complicado), arrancou um 3 a 3 do sempre encardido Vitória no Barradão e, no sábado, virou para cima do São Paulo, muito embora tenha sido beneficiado por um pênalti mandraque e uma segunda cobrança mais mandraque ainda. Mas, enfim, está arrumadinho, está com sorte e vem atropelando. O grande desafio rubronegro está, coincidentemente, na próxima rodada: pega o Palmeiras no Palestra. Se não capitular frente ao líder, terá aberto então uma nova via de caça ao primeiro colocado. Se vencer, entra definitivamente na briga pelo título - eu diria até com um certo favoritismo, porque imaginem um time de massa como ele, após uma eventual vitória no Parque Antártica, jogando o restante do torneio com o Maraca lotado e ensandecido. Na minha opinião, diante do baixo nível geral desse campeonato, é o único que pode ameaçar o pentacampeonato alviverde. E tudo está, na verdade, nas mãos do Palmeiras. Palmeiras x Flamengo, domingo que vem, vai dizer quem, de fato, tem garrafa vazia para vender. É depois desse pega que o palmeirense ou vai dormir tranquilo ou vai ganhar um milhão de moscas zunindo na orelha.

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Tudo bem que o pênalti foi mandraque, que Ceni pegou a primeira cobrança na moral, mas convenhamos, temos de tirar o chapéu para o tal de Petkovic: naquela pressão infernal, após uma cobrança pífia, bater de novo como ele bateu, aquela deixadinha no meio do gol, é pra cabra macho. Vendo aquela cobrança, me lembrei de quem "inaugurou" essa cobrança displicente, abusada, prepotente até. Foi Djalminha, pelo Palmeiras, não sei se naquele time de 1996 que estabeleceu a melhor campanha da história do Paulistão ou no Brasileirão do ano seguinte. Lembro que, na sequência, Marcelinho Carioca fez o mesmo. Daí me ocorreu que Djalminha e Marcelinho são contemporâneos da mesma safra de revelações flamenguistas e que, junto com Paulo Nunes, debandaram do Flamengo depois que Renato Gaúcho, já veterano e bonzão da boca, arrumou treta com os moleques da Gávea. Djalminha, então, foi para o Guarani - onde fez parceria com Amoroso e Luizão - e depois para o Palmeiras e daí para a Europa. Marcelinho foi para o Corinthians e tornou-se o maior ídolo da história corintiana - o que não é pouco. Paulo Nunes foi campeão da Libertadores pelo Grêmio e pelo Palmeiras, sempre com Felipão. Que prejuízo deu esse Renato Gaúcho, hein, Flamengo?

sábado, 10 de outubro de 2009

Londrina inquieta


Nesse meu retorno a Londrina, talvez a única coisa de que não posso reclamar é de tédio e monotonia. Depois de cinco anos em Maringá, e alguns meses em regime de engorda em Guará, na casa de mamãe e papai, havia me esquecido de como as coisas são bem mais agitadas nessa terra basáltica, vermelha, fértil. Fértil, sim, para o bem e para o mal. Fértil e a seu modo agitada, instigante, inquieta. Sim, é isso, Londrina é inquieta. Deve ter sido desde o início, desde o tempo dos pioneiros, desde o marco zero. Cidade de picaretas, e foda-se quem se ofenda com isso, mas de picaretas, sim, e digo picaretas sem quase nada pejorativo, pois incluo entre os picaretas aqueles que batalham o pão, que ganham o dia no esforço, no suor, sem muita formação, sem muito fru-fru, um pouco de malandragem, a malandragem sem lona, sem subterfúgios, você olha na cara do picareta e a picaretagem vem transparente, translúcida, o suor dela se mistura com o suor da enxada, da labuta, do suor da capina, do suor do médico-referência, do médico-picareta cuja clínica fica na avenida da máfia branca, do suor derramado pelo morador anônimo que cuida do canteiro da avenida sem nome, do suor não derramado pelo poder público nos canteiros mal cuidados, da malandragem de oito anos, da malandragem de três mandatos, da malandragem do forasteiro derrotado, mas malandragem sadia porque malandragem sem dono, Londrina não tem dono, meu amigo, Maringá tem, Curitiba tem, Londrina não, o dono de Londrina é um agnaldo realçado, um nordestino arretado, um galego prepotente, com o perdão da redundância, um paulistano incauto, um gaúcho que se acha, um nativo irredutível, a esposa milionária que não se acomoda, da cantina italiana, do filé a parmegiana, com catuaba, arroz e pão, para surpresa do garçom, do lixo sem solução, da dupla de soldados motocicletados que conversa sei lá o que com a garota loira da zona azul, da gostosa que nunca perde a majestade, da pamonha de tarde, da pera de madrugada, do tilt na terça, na quarta, na quinta e no sábado, do mané que perde o carro aonde ele sabe que a chance de perder o carro é muito grande, do mané que agradece a Deus pelo fato de terem levado o carro do amigo, não o dele, e ele diz isso ao amigo, que concorda, do talento sem válvula de escape nos traços de um japa obtuso, do semáforo que dá medo, da praça aleijada, da quinta sem lei, do cemitério atravessado, dos baurulinos indecisos, do erre-ú derrubado, dos baurulinos afetados, dos estudantes folgados, da onda maçante de leste até oeste, da via expressa em seu nome, da leishmaniose na porta de casa, dos buracos de rua com bananeira dentro, dos encontros em sujinhos de esquina, da peroba rosa amassando latas, do celsinho pacheco, da vista embaçada, do igapó puído, do bom humor de fachada, da descida sem freio, da tempestade no lago, do refluxo patológico, da calçada esburacada, da morena escorregadia, da turca fugidia, da banqueta no canto, do baseado na rua, da conta de bar, do gato que late, do cachorro que mia, da bacia vazia, olha a melancia, dona maria.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Medalha de ouro


Essa é certamente candidata à Foto da Semana: produtores de leite belgas, alemães e franceses levam tratores e animais a Bruxelas para pressionar a União Europeia a tomar medidas contra a baixa cotação do produto. Esse aí em cima prova que sabe ordenhar. Venceria fácil um concurso de leite a distância. A foto é da France Press.

Desmemoriados

Como jornalista, estou fazendo um trabalho free lancer dentro do qual há uma matéria sobre os 50 anos do Lago Igapó. Depois das entrevistas de praxe sobre a importância e as necessidades do lago, cujo centenário oficial será comemorado no dia do aniversário da cidade, em 10 de dezembro, me ocorreu de buscar imagens sobre os dois momentos culturais mais significativos da história daquela área, pelo menos para mim, eu que tenho 25 anos de Londrina: o show musical no palco flutuante, justamente em 1984, e a apresentação da peça "A Tempestade", com Paulo Autran, dez anos depois.

Por terem sido dois momentos tão legais, imaginei que encontraria fotos com relativa facilidade. Foi aí que deparei com um defeito pelo qual Londrina já era criticada quando aqui cheguei: a falta de memória, a falta de zelo com as coisas históricas. Por mais que um ou outro abnegado lute aqui e ali pela preservação da memória local, ainda temos muito a avançar nessa área. Quero deixar claro que não se trata de uma crítica direta às pessoas e instituições, apenas um relato sobre uma dificuldade que nunca imaginei que encontraria.

Comecei recorrendo a um amigo que trabalha há muitos anos na prefeitura - e lá, segundo ele, não há imagens do Show do Cinquentenário nem de "A Tempestade". O chegado me sugeriu procurar o Museu Histórico, cujo responsável me recomendou que procurasse o pessoal do Foto Clube. Coincidentemente, o presidente do clube, Mário Jorge Tavares, que ocupou a presidência da Sercomtel na interinidade de Padre Roque como prefeito, tinha sido por mim entrevistado para outro matéria. Apelei a ele, que deflagrou uma ampla, simpática e solícita rede de contatos - mas, até agora, não apareceu uma mísera fotografia, nem de um evento, nem de outro. Apenas sugestões de procurar fulano e sicrano.

Claro, sei que deve haver registros por aí, mas apenas essa dificuldade inicial já comprova suficientemente o quão desmemoriados nós somos. Afinal, estão em questão dois eventos de enorme grandeza, que consumiram da cidade porções significativas de recursos e atenção. O caso de "A Tempestade" me parece mais grave, posto que a peça foi encenada há somente 15 anos, com grande estardalhaço - Paulo Autran ficou meses na cidade, ensaiando a peça junto com, se não me engano, a Companhia Armazém de Teatro. Por uma imagem dela, recorri, via Orkut, a Adriano Garib, que atuou naquele drama de Shakespeare e que fora meu colega de Jornalismo na UEL. Ainda aguardo retorno dele. Dei uma "gulgada" e achei algumas referências, mas foto que é bom, necas.

Também recorri ao Google para encontrar algo sobre o show do cinquentenário de 1984, também em vão. Show, aliás, no plural, porque, além de apresentações de MPB no palco flutuante montado no Igapó (Arrigo, Herva Doce, Jorge Ben sem o Jor), houve um encontro histórico de sanfoneiros no Moringão - Sivuca, Dominguinhos e Osvaldinho fizeram tremer as arquibancadas do ginásio. No Estádio do Café, houve um quandrangular que reuniu o LEC, o Café (lembram-se dele?), o São Paulo e o Palmeiras. Na primeira rodada, o Tubarão enfiou um saco no Cafezinho, que, acho, disputava a Segundona estadual. E o Palmeiras derrubou o São Paulo com um gol olímpico de Jorginho em Valdir Peres. Foi minha vingança pessoal contra o goleiro que contribuiu e muito para a derrota do time de Telê na Copa de 82. Na decisão do quadrangular, deu Verdão, 1 a 0.

1984... Já tratei desse tema aqui, sob o título "O ano em que fizemos contato". Londrina ainda usava a velha rodoviária, pois a nova se resumia a alguns alicerces abandonados na primeira administração Belinati - Moreira, que o sucedeu, criou o Condomínio do Terminal Rodoviário para atrair cotistas e recursos para finalizar a obra. Os trilhos da linha férrea ainda dormiam no leito da futura Leste-Oeste - e eu morava ali pertinho, na Paraíba quase Mossoró, tão próximo das putas do Nanico quanto do ponto do ônibus que nos levava à UEL. Não havia o Shopping Catuaí, nem a avenida Madre Leônia - a Higienópolis com asfalto acabava logo depois do Iate, na altura do Parque Guanabara. A maravilhosa Gleba Palhano, que hoje reúne ricos empreendimentos imobiliários do Lago Igapó até a entrada do patrimônio Regina, era um amontoado de chácaras e lotes cheios de mato. Ao passar pela Faria Lima, rumo ao câmpus, não adiantava fechar as janelas do TCGL - o fedor e os pernilongos invadiam as narinas, até que o mesmo Moreira aterrou parte do Igapó 2 para pôr fim àquilo.

1984... Lembro do meu pai, após visitar a cidade do filho universitário, comentar com amigos, em Guará-SP, a maravilha de uma cidade de 400 e tantos mil habitantes com apenas 50 anos de vida. "Do tamanho de Ribeirão Preto", ele dizia, para espanto de quem ouvia. No Google, encontrei apenas a foto acima, de um desfile de escolas na JK.

Enfim, estendo a todos o pedido de favor que fiz aos já citados amigos: alguém aí tem fotos desses eventos que marcaram Londrina?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Óia a cria aí!


Para os amigos em comum que há tempos não topam com o figura, eis o Bruka, vulgo César Lopes, em estado bruto, com cara de quem acordou minutos antes, com o filho no colo. Pedro, que, tenho certeza, levará a sorte de puxar para a Giovanna, tem nove meses e, pela foto, superou a fase "cara de joelho". E vai crescer em Echaporã-SP, terra da Gio. O casal já deus adeus à aventura paulistana. Passou a régua em Sampa e decidiu viver e criar o rebento na paz e no sossego do interior, perto de cachoeiras, quermesses, botequins e pés de abacate. Bâmbi de sete costados, Brukão assegura estar criando um novo Pedro Rocha, no que tio Fischer apoia, profissionalmente falando, mas, em termos de paixão clubística, não deixará o moleque pelo menos sem a opção de entrar naquele turbilhão de porcos no Palestra, para sentir de verdade o que é bom pra tosse. Nisso, tenho o apoio irrestrito da mãe, do tio de verdade Nê e do vô Osvaldo, palmeirenses da gema. Sem chance, Brukera.