sábado, 26 de fevereiro de 2011

Clique no sofá


Eis a foto que Elias Haddad fez do mané aqui no sofá do apartamento dele, durante a entrevista que resultou no texto postado aí embaixo. O garoto queria mostrar a Nikon dele e não se fez de rogado. O modelo, evidentemente, é que não ajuda muito. Se clicar na foto é capaz de vê-la ampliada, mas não sei se é uma boa idéia. Odeio escrever ideia sem acento.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ultimato

(Publicado nesta quarta-feira 23/02 no Jornal de Londrina)


Mais forte do que as insurreições na África e no Oriente Médio, mais implacável do que o poder de Sarney em Brasília e mais persistente do que a dengue em Londrina foi o ultimato que Bracciola levou da namorada na manhã de domingo.

– Vou com você, e ponto final!

Definitivamente, o aplique havia fracassado. Ele dissera à namorada – uma loirinha esbelta de lábios provocantes com quem sonhava desde os tempos de faculdade – que iria ao autódromo a trabalho, cobrir a ausência de um amigo jornalista que viajara no fim de semana para ver a formatura do filho no interior de São Paulo.

– Eu é que não vou ficar sozinha nesse calorão enquanto o senhor fica lá no meio daquela mulherada que desfila pra cá e pra lá de salto alto e perna de fora.

Ainda insistira, alegando que não poderia dar atenção a ela porque teria de ficar ligado nas provas e nos pilotos. E seriam quatro baterias de categorias diferentes, sendo que Marcas e Speed correriam juntas, numa miscelânea de modelos, nomes e cores que demandaria, de fato, muita atenção.

– Logo você, que ainda confunde Itamar Assunção com Luiz Melodia, Moraes Moreira com Alceu Valença e Luiz Ayrão com Agepê? Ah, tenha dó!

Depois dessa, Bracciola se viu obrigado a esquecer a farra que havia planejado para aquela tarde. Emburrado, com a tromba arrastando no chão, lá foi ele, com a namorada a tiracolo, exibindo as pernas e os seios numa microssaia e num decote de parar o trânsito – e até hoje ele desconfia que aquela largada abortada por causa do sinal que não funcionou foi por culpa dela.

O consolo foi que no autódromo, ao contrário do vizinho estádio, dá pra tomar uma cervejinha gelada. Conformado, deixou a pista e a mulherada de lado e ficou tomando umas e outras em frente à TV na lanchonete dos Tumiatti, sofrendo com a ruindade do Parmera contra o Mogi e pensando se já não era hora de dar um fora na namorada que, de uns tempos para cá, vivia embaçando seus “programas esportivos”.

Para não parecer chato demais, puxou conversa com a digníssima, falando da saudade em ver um jogo do Tubarão no VGD, saboreando uma gelada e um espeto de gato.

– Ah, que bom, amor. Quero ir também.

Se jeito regula, esse namoro não vai longe.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A alta sensibilidade de Elias Haddad

(Publicado na seção Boas Histórias, do site da Sercomtel)




Na sua luta diária e obstinada contra limitações, preconceito e todo tipo de adversidades, os portadores de Síndrome de Down de Londrina conseguiram uma vitória expressiva: inscrever o nome de um dos seus na relação dos bons fotógrafos de uma cidade que se orgulha de abrigar um grande número de talentosos profissionais do clique.

Há poucas semanas, Elias Lourenço Haddad – garotão da safra 1989 – lançou seu quinto calendário fotográfico de Londrina. Assistido por Airton Procópio, o Caximbo, que o conheceu há um ano e ofereceu seu estúdio e seu know how ao rapaz, Elias flagrou o dia-a-dia dos funcionários e os apetitosos pratos do Vira Verão, lanchonete que patrocinou o trabalho.

Para isso, além da assistência de Caximbo, renomado fotógrafo publicitário, Elias Haddad utilizou uma Nikon D5000 – algo inimaginável para quem, quatro anos antes, perambulava por aí com uma dessas maquininhas digitais que se compra por trezentão em muitas lojas do centro da cidade.

Pois foi com uma dessas que Elias lançou, em 2007, seu primeiro calendário, batizado de “Visão de Londrina”. Sugestão de Madalena Sant’Anna, sua terapeuta ocupacional desde o nascimento, nele Elias retrata paisagens urbanas da cidade. “Madalena viu a fotografia como um foco para uma futura profissão do Elias”, conta a irmã, Mariana Haddad.

No calendário-2007, são recorrentes imagens da avenida JK, passagem obrigatória para todas suas atividades rotineiras – pedagógicas, culturais e ocupacionais. A explicação número dois é que Elias ficou fissurado na minissérie JK, exibida pela Rede Globo.

Noveleiro juramentado, Elias Haddad batizou o calendário seguinte de “Pé na Jaca” – não por acaso, título da trama global daquela época. “Gostei duma jaqueira que vi na UEL”, conta ele, que clicou o pé de jaca do campus, do sítio da família e complementou o trabalho de 2008 com imagens bucólicas das quais sobressai um interessante contraste de cores e de luz-sombra.

O terceiro trabalho, de 2009, tem o sugestivo nome de “Páginas da Vida Real”. Elias fotografou pessoas de seu convívio, grande parte clientes da terapeuta Madalena. As fotos foram feitas a partir de uma Canon de propriedade de Silvia Frantz, profissional que passara a dar aulas a ele aos sábados. O coração de Elias bate mais forte pela página de outubro – o mês em que ele aniversaria é ilustrado pela namorada Dariane.

O calendário-2010, “Construindo Londrina”, traz prédios e lugares que fizeram a história da cidade: o monumento ao Marco Zero, as plataformas da velha rodoviária, o acesso principal do Colégio Mãe de Deus, a réplica da primeira igreja católica no Perobal, os edifícios alinhados do Centro Comercial, a imponente Santa Casa, a fachada repleta de mistérios do Júlio Fuganti e, por que não, um sino com o esvoaçante pano que aciona o badalo.

A foto de uma igrejinha a caminho do sítio da família, no Patrimônio Regina, foi selecionada entre as 100 que ficaram expostas na Livraria Porto por conta de uma das maratonas “Clique seu amor por Londrina”, que reuniu centenas de fotógrafos profissionais e amadores. Um prêmio realmente significativo para quem foi submetido a operações de cataratas nos dois olhos e, conforme estimativas médicas, detém apenas 30% de visão.

Caximbo afirma que Elias foi uma grande surpresa. “Quando propus dar aulas a ele, imaginava que teria um nível de dificuldade maior, mas o retorno do aprendizado foi excelente”, avalia o profissional. “Passei orientações sobre enquadramento, composição, ângulo fotográfico, e ele assimilou tudo muito bem.”

Engana-se quem pensa que a vida de Elias Haddad é sair por aí fotografando. Clicar é apenas uma das várias atividades a que o garoto se dedica todas as semanas, o que inclui fonoaudiologia, academia de ginástica, teatro, as aulas com Caximbo, o trabalho de garçom num restaurante da avenida Bandeirantes. E aos sábados, além da computação, porque ninguém é de ferro... “Eu namoro!”

The end, mano

(Publicado nesta quarta-feira, 16/02, no Jornal de Londrina)


Na noite em que o Fenômeno, em São Paulo, perdia o sono para, enfim, tomar a decisão mais importante de sua vida, Moitinha, em Londrina, desperdiçava horas de sono ouvindo blues da melhor qualidade no Valentino.

Chegou ligeiramente atrasado, pediu um Johnny Walker, cumprimentou o amigo Preá velho de guerra e procurou um canto para curtir a banda do paulistano Adriano Grineberg, que toca um blues mais dançante.

Embora, à certa altura, tenham atacado um Muddy Waters nervosíssimo com o auxílio luxuoso de Kiko Jozzolino e sua guitarra falante. Grineberg logo ganhou a simpatia de Moitinha, com uma tirada que levantou o público.

– Gostamos mesmo é de tocar sertanejo universitário. A gente toca blues porque dá mais grana.

Da noite maneira de quinta-feira à bomba da segunda à tarde: Ronaldo anuncia que pendurou as chuteiras. Finish. Stop. A tireóide não o deixa emagrecer. Lesão atrás de lesão. Dores e mais dores. Dói tudo. Dói até subir para escada, alega o Gordo.

– Não aguento mais. Perdi para meu corpo.

The end, mano. O anúncio deixou Moitinha atarantado.

– Confesso que chorei.

Teria a derrota para o Tolima, na pré-Libertadores, tido efeitos tão devastadores? Seria medo dos gaviões mais raivosos que fizeram Roberto Carlos procurar o caminhão de mudanças? Ou tudo não passaria de mais um espetacular golpe de marketing, e talvez Ronaldo, renovado, volte a campo amanhã para o jogo com o Mogi, com ingressos a R$ 500 (no Tobogã!) e transmissão ao vivo pela CNN...

Estes eram os pontos da discussão entre Moitinha e Bracciola no Bar do Japonês – que nem é mais do japonês – lá no Alvorada. Alheio ao bate-boca, Luís César estava mais a fim de retomar o papo inicial sobre música.

O são-paulino gostara do relato de Moitinha sobre a noite de blues no Valentino e, de repente, lembrou que daqui a dois meses haverá mais uma edição da Expo-Londrina. E ele, que cresceu na Vila Recreio ouvindo Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin e outros dinos, perguntou:

– A Rural já divulgou os shows deste ano? Vem coisa boa aí?

Pela cara do Moitinha e do Bracciola, era melhor mudar de assunto.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

No Vilão, a grande viagem de Willian Moraes


(Publicado na seção Boas Histórias, no site da Sercomtel. Foto: Milton Dória)

Pode até ser que entre os 520 mil habitantes de Londrina, em algum canto da cidade, haja alguém que trabalhe atrás de um balcão há mais de 33 anos. Mas no mesmo bar e no mesmo endereço muito provavelmente só exista um: Willian Amador Bueno de Moraes.

Willian comanda o balcão do Vilão Bar desde 27 de janeiro de 1978. O dia da inauguração foi na data do aniversário da primeira mulher dele, Lilian, que hoje mora em Red Wood City, na Califórnia (EUA).

“José Antônio Teodoro se inspirou no Vilão para fundar o Valentino, um ano depois”, afirma Willian, se referindo ao bar que marcou época na esquina da Jorge Velho com a Bandeirantes e, depois que o terreno foi adquirido por Desirée Soares e Galvão Bueno, mudou-se para a Faria Lima, à beira do Igapó 3.

O começo
A primeira mulher, aliás, tem muito a ver com a história do Vilão. Lilian é natural de Rolândia, conheceu Willian em São Paulo – ambos trabalhavam na Avon – e foi uma irmã dela, dona de uma escola de inglês por aqui, que sugeriu ao casal que se mudasse para Londrina a fim de tratar melhor da bronquite asmática da primeira filha, Júlia.

A cunhada também sugeriu a Willian que abrisse um bar. Paulistano da gema, Willian, publicitário, só conhecia bares e restaurantes do lado de fora do balcão, quando biritava diariamente nos happy hours da Paulicéia. Mas topou a parada.

Passou, então, a perscrutar possíveis locais. Conheceu o “Souza” e o “Carlão”, campeões de venda de cerveja na Londrina da década de 70. Queria, porém, abrir um bar diferente daqueles convencionais, de preferência em “algum lugar esquisito, com porão”. Chegou a namorar um ponto em frente ao Mater Dei, outro na Hugo Cabral. Até que apareceu o definitivo, na Sergipe entre Belo Horizonte e Santos.

O terreno, todo ajardinado, tem uma casa na frente – a casa de Willian – e, ao fim do corredor, onde há mesas recostadas no muro à esquerda, começa o bar propriamente dito, sempre à meia-luz e um som ambiente de extremo bom gosto, embora os acordes de jazz e blues, impecavelmente limpos, saiam, ainda, do mesmo aparelho Quasar que inaugurou o recinto.

De tudo um pouco
Adentrar o Vilão é viajar no tempo. A decoração, baseada em peças antigas, é a mesma – acrescidos, claro, os presentes de amigos. Trata-se de um verdadeiro antiquário que, em um ou outro ponto, se transforma num relicário. Em 70 ou 80 metros quadrados, o cliente mais atento se delicia com uma diversidade absurda de objetos antigos, lindos, chocantes ou simplesmente esquisitos.

O telefone, claro, é daqueles pretos que parecem um sapo do brejo. A máquina registradora parece ter saído da Inglaterra Vitoriana. O abajur é um show. Há gramofones e rádios que mal conheceram o século XX. É preciso cuidado para não tropeçar num projetor de 16 mm. Na ponta do balcão, há um castiçal que guarda parafinas de 15 anos de queima de velas – o resultado é algo absolutamente indescritível.

Relógios! Há relógios por toda parte, de todos os tamanhos, relógios seculares. Estribos. Ferraduras. Cornetas. Um baleiro. Centenas de vinis. E muito, muito mais.

A coleção de brincos
Ainda no balcão, quase acima da cabeça de Willian, que trabalha sentado numa cadeira de barbeiro da marca Ferrante, tem um objeto onde ele pendura brincos que as mulheres, por uma razão ou outra, perderam no bar.

Um deles encerra uma história emblemática. Uma distinta senhora que vez ou outra se atracava com algum acompanhante certa feita levou a filha ao bar e, apontando para a coleção de brincos pendurados, disse a ela se tratar de objetos “que vagabundas deixavam por lá”.

– Ué, mãe, aquele ali não é da senhora?

E era.

Essa é apenas uma das muitas histórias que Willian Moraes testemunhou nesses 33 anos de Vilão. “O bar me deu três mulheres e muitas alegrias”, conta o proprietário, que sofreu um revés federal na época do Plano Collor, quando teve de se desfazer de dois imóveis para tapar o rombo provocado por Zélia Cardoso de Melo.

Foi a época em que Willian perdeu a mulher, a linha e o carretel. Caiu numa vida desregrada que culminou, em 1997, com uma pneumonia que o deixou à beira da morte. Ficou 45 dias hospitalizado – 15 deles em coma, dos quais se recorda de coisas às vezes concretas, às vezes desconexas, mas que lhe deu sentido à vida.

“Cheguei ao hospital com pneumonia num domingo cedo, tive parada respiratória. Naquela época, só tomava vinho. Foi o vinho que me ajudou, cuidou do coração. Em coma, tive uma viagem e tanto. Fiquei num limbo. Ficava andando para cá e para lá. Pessoas me ajudavam, me mantiveram vivo. Cheguei num ponto que tive de fazer uma escolha, entre desistir e resistir. Foi a melhor coisa do mundo, a maior viagem da minha vida. Passei a ter uma curiosidade maior sobre a morte.”

Completamente distante do álcool, Willian diz hoje ter encontrado o segredo da vida: simplicidade, respeito e desapego.



São Jorge

(Publicado nesta quarta, 09/02, no Jornal de Londrina)

Aonde vamos ver o pega com a França, perguntou Luís César logo que os três amigos chegaram ao Bar do Jaime, no Centro Comercial, ontem de tarde, na horinha em que o português fritava as primeiras das famosas e cobiçadas costeletas de porco, que, dizem, atraem gente até do exterior.

Afinal, justificou o são-paulino, não é possível que vamos levar outra surra dos caras. Luís César se disse engasgado com os franceses desde 1986, quando despacharam a seleção de Telê. Além da final de 1998 e das quartas de 2006, quando caímos sob a batuta de Zidane.

– E agora tem um motivo a mais: torcer para o Jadson pelo menos entrar no segundo tempo, ele que é cria nosso aqui, do Ticão e do PSTC.

Foi como falar para as paredes. Para Moitinha e Bracciola, o convite e as explicações entraram por um ouvido e saíram pelo outro. O corintiano estava doido para falar sobre o Paulistão – assunto do qual o palmeirense queria fugir como o diabo foge da cruz. Moitinha abriu guerra declarada.

– E daí, porcão, não vai falá nada?

– Daquele joguinho que ocêis quase levaram uma sacola?

– Quem não faz toma, mané.

– O golerim docêis tava com o corpo fechado. Aquela bola na trave aos 47... Pelo amor de Deus! Tava parecendo catiça.

– Catiça não, rapá. São Jorge!

– Ué, São Jorge não vê jogo na Colômbia? Tava descansando contra o Tolima?

– Meu santo guerreiro nunca falha, ô, comedô de macarrão. É que, depois daquela tragédia em Tolima, fiz uma promessa aí...

– E deve ter sido das boas mesmo, porque vou te falá hein...

Silêncio por alguns segundos. Bracciola lembrou-se dos pênaltis contra o Deportivo Cali, na decisão de 1999. Em meio à algazarra no Bar do Souza, ele, pra lá de Marrakesh, fechara os olhos e pedira aos céus com o fervor máximo a que um torcedor pode chegar. E, naquele momento, ao “pedir” a Libertadores, “rifou” o Mundial em Tóquio. E deu no que deu: Verdão campeão da América; Manchester, do mundo.

– O que ocê combinô com o “Homi”?

– Não te interessa. Não pode falá.

– Cê tá com cara de quem prometeu demais...

– Deixa que com Ele eu me entendo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tolima

(Publicado no Jornal de Londrina dia 02/02/2011)

Moitinha nunca havia se sentido daquele jeito. Não que a expectativa de um jogo decisivo do Coringão fosse novidade na vida dele. Já sofrera muito, muitas vezes, à espera de confrontos nos quais o Curíntia se dera bem ou se dera mal, que isso é coisa do futebol. Era capaz de citar um monte de uma tacada só.

1977 e o Dia da Libertação. Os pegas da Democracia Corintiana com o São Paulo. Todas as surras para o Santos de Pelé. A guerra de mosqueteiros contra o Grêmio pela Copa do Brasil. As vésperas dos clássicos com – toc, toc – o Palmeiras pela Libertadores...

Mas nesses últimos dias a sensação era diferente...

No domingo, nem procurou canal para ver o jogo contra o São Bernardo, no lendário estádio de Vila Euclides, mesmo sabendo que o companheiro Lula estaria lá. Foi ao Moringão ver o vôlei, e nem com raiva ficou da derrota fragorosa para o Montes Claros. Nos programas esportivos de fim de noite, não dera bola para a estreia surpreendente do peruano Cachito Ramirez, que infernizou a defesa do Bernô e fez um golaço no fim, a ponto de arrancar um improvável elogio do Bracciola.

– Bão esse neguinho, hein...

Na segunda, a esquisitice parece ter aumentado. Quanto mais se aproximava o jogo com o Tolima, mais esquisito Moitinha ia ficando. Praticamente deu de ombros quando soube que a diretoria recontratara o lépido atacante Liedson e deixara quase tudo acertado para a volta do volante Cristian, que tanta falta fizera no Brasileirão do ano passado.

Ontem, depois de passar o dia todo igualmente sorumbático, meio taciturno, um tanto quanto macambúzio, encontrou-se, à noite, com Bracciola e Luís César, para o sagrado bate-papo etílico de toda semana. Os amigos perceberam o jeitão esquisito do colega, que lá pelas tantas, com os miolos encharcados, conseguiu desabafar.

– Esse jogo tá me deixando zoado, mermão. Tô morrendo de medo de perder para esse Tolima. Já pensou, rapá, cair fora da Libertadores antes do campeonato começar, por causa do... Tolima? Não, não, não e não!

E Moitinha, enfim, foi dormir um pouco mais leve, sabendo que esta quarta-feira vai ser de arrepiar. E domingo é dia de Derby no Paulistão.

– Me ajuda, São Jorge!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Maldade pura


Um amigo envia essa foto das manifestações no Egito sugerindo que Apolo Theodoro - boleiro, ator, jornalista e escritor, por ordem cronológica - aparece nela, de branco, agarrado ao braço esquerdo do personagem central. Maldade pura. Só se for o Apolinho depois da gripe, embora o cidadão da foto tenha a barba bem menos branca que nosso querido papa-goiaba. Ademais, se estivesse no Cairo, Apolo não estaria entre os feridos. Aliauses, nem teria havido confrontos. Muito provavelmente Apolo teria convencido Mubarak a renunciar de boa ou, então, convencido o Exército de que o inimigo a ser enfrentado estava nos palácios governamentais e não nas ruas da capital. Posso falar de cátedra porque já fui testemunha de façanha similar protagonizada pelo filho do saudoso Tio Mário. Em 1995, durante o jogo do Londrina contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, ele foi levado por um grupo de PMs para dar, digamos, alguns esclarecimentos. E qual não foi a nossa surpresa - minha e de um monte de amigos que estavam lá - quando, minutos depois, os vimos retornando, e o semblante dos policiais, agora, era completamente outro. Dava até pra imaginar o sargento se desculpando. Como eu, Apolo é adepto fervoroso da tese de que, em Londrina, é possível, sim, vender cerveja nos estádios, e até nos ginásios, sem grandes riscos de confusão. Só não pode exagerar como fizemos daquela vez, né, Apolinho?

ATUALIZADO - Revendo a foto, me ocorreu que o tal personagem central é a cara do Jayme Aires, um chegado com quem trampei na Unopar em 2003/2004 e que adora rock. A última vez que o vi, por sinal, foi na apresentação da dupla Arnaldo Antunes & Scandurra, no Vitrola. Grande Jaimão!