quarta-feira, 16 de junho de 2010

Torresmo, cerveja e futebol


Se eu tiver um piripaco nas próximas semanas, que minha família sinta-se à vontade para processar Poka Marques, que fritou quatro quilos – eu disse quatro quilos! – de torresmo para recepcionar o bando que foi à casa dele ontem ver a estréia do Brasil na Copa. Eu não conseguia parar de comer aquela delícia. Quando achei que já tinha passado do limite, peguei um pão e fiz um sanduíche de torresmo que acho que foi uma das coisas mais saborosas que já comi na vida. Comi tanto torresmo que nem experimentei o caldinho de feijão que todos elogiavam. Além dos pais (Rosa e Juca), da filha (Lia), da esposa (Silvia) e de uma amiga (Cláudia) do Poka, o anfitrião reuniu uma turma pequena porém significativa em termos de capacidade etílica e outras sem-vergonhices: Apolo Thedoro, Negão, Mario Fragoso, Pio. Também foram a esposa (Tati), a enteada (Clarinha) e o filho (Giovanni) do Marião. E, depois do jogo, apareceu o Marquinho, d’Os Beto. Derrubamos uma quantidade industrial de cerveja e assistimos à nervosa estréia brasileira. Logo após os hinos nacionais, disse à turma que gostaria que o Brasil vencesse por dois a um, de virada – com aquele coreano chorão abrindo o placar. Era para homenagear o coreano. Curto esses momentos francos de emoção. O cara realmente estava se sentindo nas nuvens lá na África, perfilado aos seus companheiros de time, sob o hino de seu país, a minutos de jogar uma Copa do Mundo, e contra a melhor seleção da história. Legal isso. Bem, o placar eu acertei. Mas, ao invés de abrir o marcador, a Coréia fez o gol de honra já no final, e não foi com o chorão. Saímos todos da casa do Poka de cara cheia e preocupados com a equipe de Dunga. Kaká não pode continuar. Está fora de forma, a anos-luz do grupo. E a questão nem me parece apenas ter paciência para ele adquirir ritmo durante a competição. O que, acho eu, ninguém ainda falou com clareza para os brasileiros é que Kaká, ao contrair a tal pubalgia, deixou de ser aquele cara. O atleta que tem esse troço simplesmente não é mais o mesmo. Os movimentos, a arrancada, a potência muscular e do chute, a flexibilidade – nada mais é o mesmo. Não podemos ficar esperando um jogador que não existe mais. Kaká é craque de bola, ainda é relativamente jovem, pode fazer coisas boas na seleção, mas a realidade é que ele não é mais o mesmo. Produzir aquelas arrancadas, imprimir aquelas assistências, acertar aqueles chutes de longe com os quais estávamos acostumados não vamos ver mais – pelo menos na quantidade e precisão de antes. Sugeriria ao Dunga que invertesse a situação: ao invés de substituí-lo sempre no segundo tempo, visto que ele próprio já disse que não suporta 90 minutos de jogo, que o deixe no banco, para então reforçar a equipe na segunda etapa. Com isso, a seleção ganharia um reforço de peso na parte decisiva das partidas e daria chance de outro jogador – Júlio Baptista é o reserva imediato – se entrosar com a equipe, quem sabe, assim, construindo uma formação mais coesa e, portanto, mais confiável, virtude essencial em um torneio tiro curto. Bestas de nós se acharmos que a coisa é fácil assim. Não se saca um jogador com tamanha carga de patrocínios do time assim não. A real é essa. O jogo de ontem deixou bem claro, também, quem é, de fato, “o cara” do Brasil nesse Mundial. Robinho. O cara chamou a responsa, recuou para a armação – função que é de Kaká – e resolveu para nós. Está aí uma alternativa a Kaká: recuar Robinho para o meio e escalar Nilmar ao lado de Luís Fabiano. Bastaria segurar Elano um pouco mais e, com isso, apoiado pela vigilância dos dois volantes, permitir o avanço dos laterais. Com os laterais apoiando e Robinho executando a função do segundo passe, é difícil alguém peitar o Brasil. Aliás, o passe dele para o segundo gol, de Elano, me lembrou aquele do Zico para o Júnior contra a Argentina, em 1982. Fenomenal! Vamos ver contra a Costa do Marfim.

3 comentários:

  1. já dizia meu sogro:
    - pão com torresmo é muuuuuuuito superior ao pão de torresmo.
    grande abraço

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  2. Ai, Rogério, a parte do torresmo eu entendi bem, mas quando vc começa a falar de recuar e reforçar... Tem um jogador brasileiro, acho que é o Luiz Fabiano, que fazia a maior cara de choro. Se eu fosse o Dunga eu avisava: se fizer cara de chorão tá fora!

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  3. Estão te tratando bem aí no hospital, Rogério? Ou é vagabundagem? Entro aqui no dia 24, o Brasil ganhou da Costa do Marfim e já está classificado e tenho que ler apenas sobre suas dúvidas sobre o primeiro jogo da seleção do Dunga, que posa de Mestre, mas na verdade é o Zangado.

    Sou obrigado a fazer igual a um cara que um dia entrou no sempre atrasado blog da Carina Pacola e lascou nos comentários: Renova esta joça!

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