domingo, 30 de agosto de 2009

Os 90 anos da dona Zizinha


O domingo amanheceu bonito praca, perfeito para se comemorar o aniversário de 90 anos de alguém. Passara o sábado projetando a comilança com a qual eu sonhara a semana inteira. Imaginava todas aquelas travessas passando de mão em mão, aquela converseira cheia de risadas. Levantei às 7h30. O sol já estava ardido. Parecia alto verão. No corredor da sala, topei com dona Maura ainda de pijama. Minha mãe e eu havíamos saído da cama no mesmo minuto. Passamos pela sala, onde meu irmão dorme quando estou em casa – ele não suporta os roncos. “Você compra o pão?”, perguntou dona Maura, colocando água no fogo. “Não”, respondi. “Vai no Ismael, então.” Ela sabe que não vou ao supermercado do Emílio, com quem briguei aos 14, 15 anos de idade, e não nos falamos mais. Minha família faz compras naquele mercado há pelo menos 30 anos, desde que ainda era tocado pelo Webe, o pai do Emílio. Mais uma turma de libaneses que chamávamos de turcos. (Turco cebolento/bate a bunda no cimento/pra ganhar mil e quinhento). O mercado fica na esquina da rua. Então subi mais uma esquina, até a padaria do Ismael. No caminho, cumprimentei cabo Jorge e o próprio Webe, que conversavam. No Ismael, a Rita, mulher dele, batia papo com Renatinho Siqueira, o cara que, pelo que me contaram, botou ordem na Santa Casa. Agricultor, ele não sai do escritório onde meu pai vende adubo e sementes. Rita é irmã do Djalma, que foi meu treinador, no infantil da Guaraense. Anos depois deixei de lado o time do clube da cidade e passei a integrar o Vila Nova, time de vila que copiara o nome e o uniforme – nem imagino por que – do Vila Nova de Goiás, com aquela jaqueta cujo vermelho fica entre o vermelho vivo do América carioca e o bordô do Juventus. E foi no Vila Nova que passei quatro anos viajando de caminhão para jogar pela região. Só para Ituverava, que é pertinho, íamos de Kombi. Em Buritizal, entramos em campo com o alambrado apinhado de gente, mas não houve jogo porque o adversário não apareceu. Em Morro Agudo, fiz um golaço de falta, por cima da barreira, à la Zico, num estádio vazio. Na Usina Junqueira, que começou como usina e terminou virando cidade, na barranca do Rio Grande, divisa com Minas, fiz o jogo mais duro de que me lembro. Em Pioneiros, até hoje distrito de Guará, jogamos num campo de grama impecável tratado com bosta de vaca e que tinha uns duzentos cupinzeiros espalhados por todo lado. Mas naquela hora, na padaria do Ismael, eu só pensava no que teria pela frente naquele domingo ensolarado: o GP belga em Spa-Francorchamps, o aniversário da dona Zizinha e, depois, o pega do Parmera com o São Paulo no Panetone – aquele bolo cheio de frutinhas que eles chamam de Morumbi. A Fórmula 1 eu atribuo a um antigo hábito, mas o jogo da tarde tinha tudo a ver com a aniversariante, pois foi da vó Zizinha, Tizziotti da gema, que herdamos a preferência clubística, embora minha vó, assim como minha mãe, goste de dizer que o Parmera vai perder ou que o Curintia vai ganhar sempre que quer atazanar os homens da famiglia. Dona Zizinha completou 90 anos um mês e meio depois de Oberdan Cattani, o goleiro que segurava uma das pontas da bandeira nacional que o Verdão empunhou ao entrar no gramado do Pacaembu em 1942, no jogo decisivo contra o São Paulo. Os torcedores do São Paulo – que quis aproveitar o clima contra os adversários do Brasil na guerra para tomar para eles o Palestra Itália – vaiaram. O Palestra jogaria pela primeira vez com o nome de Palmeiras, ganhou o jogo e foi campeão – o rival abandonou o campo. Se os mais conservadores o perdoarem por ter enfrentado o Palmeiras duas vezes durante uma curta passagem pelo Juventus, Oberdan vai ganhar um busto no Parque Antártica, para ficar eternamente ao lado de Ademir da Guia, Junqueira e Waldemar Fiúme, o jogador que, garantem, passava meses sem errar um passe. Comi dois pães com manteiga e café, assisti a mais uma trapalhada do Rubinho e segui para a casa da vó, a cinquenta passos da nossa. A Ciló, que passara a semana nos preparativos, divertia-se como pinto no lixo tirando pratos da prateleira, ajeitando mesa, refogando arroz, checando as panelas no fogão de lenha. Ciló, que mora numa casa contígua à da vó, pipocara em relação ao plano inicial, que era de comprarmos do Diomedes – tio também, mas de parte da minha mãe – um tucura com séculos de linhagem caipira para devorarmos no dia do aniversário. Achou que era muita coisa e preferiu comprar uns pedaços de pernil em mercados mesmo, mas cumpriu a promessa de matar, limpar, temperar e cozinhar cinco frangos do terreiro do João Luís. Seis na verdade, mas um ela já tinha feito no sábado para o próprio João Luís. Enquanto eu e o primo Emerson ajeitávamos as cadeiras, meu pai ficava lamentando que não tivéssemos feito a festança no sítio dele, na Grota. Como aquela já eram favas contadas, combinamos que o aniversário de 100 anos da vó seria lá. Bebericamos umas cervejas antes da refestelança. Me diverti ouvindo o Vadim – o sobrinho mais velho da dona Zizinha, 73 anos – contando velhas histórias de Guará para a Evelyn. Gostei mais daquela segundo a qual o Rondon, colégio em que eu fiz o colegial, ia ser construído pelo Estado numa área próxima do cemitério, mas acabou do outro lado da cidade porque os vereadores da época, que teriam de aprovar a doação do terreno, alegaram oficialmente que perto do cemitério havia muitas mulas sem cabeça. À mesa, defini a seguinte estratégia: vou ficar só no frango e na polenta, e ignorar pernis – havíamos beliscado-os, durante a cervejada – e arroz branco e arroz carreteiro (exigência absurda do João Luís) e lasanha e feijão. A alegação era pragmática: arroz, feijão, lasanha e porco de granja a gente come a hora que quiser; frango caipira com polenta feitos em fogão de lenha, nem tanto. Comi tanto que, dizem as más línguas, daria para construir uns oito frangos com os ossos que eu empilhei. Depois do rango, o Luís Henrique, que concedeu ligeiro interregno à dieta, apareceu exibindo uma lata de sorvete com mais satisfação do que Carlos Alberto com a Jules Rimet no México – a comparação foi dele. Consumado o estrago, fomos para a mesa de dentro para colocar a fofoca em dia, enquanto a Juliana lavava umas travessas na pia e meu pai se ocupava dos pratos e talheres sujos no tanque. Em todos os almoços na vó, meu pai sempre lava os pratos e talhares, e copos também. Já estou ciente de que essa herança é minha. Empanzinado, joguei-me no sofá de casa para ver o Parmera empatar com os bâmbis. Xinguei o time durante os 90 minutos, tomei outro banho e voltamos para a casa da vó, para os 90 que realmente interessavam. A meta era matarmos o que sobrara do almoço. Não conseguimos, posto que era trabalho para um bando de capinadores, e me despedi da turma. Dona Zizinha me desejou boa viagem a Londrina e fui correndo para a casa para escrever sobre esse dia gostoso. E, catzo, só agora me lembrei de ver o resultado do Tubarão na Série D. Vou lá no Londrix conferir. Qualquer que tenha sido o resultado, tomara que no outro final de semana, em casa, a gente engula a Chapecoense. Estou com saudade do Estádio do Café. Combinado, Cláudio Osti?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Seção família


O mané aqui com a filha Natália, na varanda da casa em Guará-SP. Aos 13 anos, 1m70 cravado, neta única dos meus pais, bisneta única da minha vó, Natália é o orgulho dos Fischer, dos Tizziotti e dos Cherutti. Na cinta, uma antiga Pierre Cardin que horas depois abriria o bico. Atrás, a furreca que leva o povo pro sítio a cada dois ou três dias, para tratar das galinhas e regar o almeirão. Na placa, um bom palpite pro jogo do bicho. E eu que não ganho essa bendita mega-sena...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Você está preocupado se a Lina se reuniu com a Dilma?

Meu Deus, que imbroglio é esse Lina x Dilma? Até quando a oposição vai insistir nesse estéril e desafortunado tema? O que interessa se a ex-secretária da Receita teve ou não um encontro com a candidata do Lula? Até quando a imprensa vai reverberar essa idiotice? Até quando os petistas vão ficar pagando mico se defendendo em jornais, tribunas, blogs? O Zé Janene ameaça se candidatar a deputado e nós vamos ficar preocupados se a Lina se reuniu com a Dilma? O Senado passa pela pior crise da história dele e nós vamos ficar preocupados se a Lina se reuniu com a Dilma? O Peter Silva ainda preside o Londrina e nós vamos ficar preocupados se a Lina se reuniu com a Dilma? O Parmera não ganha mais de ninguém e vocês acham que eu vou ficar preocupado se a Lina se reuniu com a Dilma? O que interessa se a Dilma pediu celeridade na investigação sobre a tributária família Sarney? A quem interessa manter essa idiotice em pauta? Vamos discutir o retorno do Felipe Massa, a bunda da Priscila na Playboy, o pega do dia 5 com a Argentina, a candidatura - esta, sim - da Marina, o preço da cerveja, o valor dos aluguéis, essa chuva chata que não pára, o mocotó do Gerson, as conversões à esquerda, o semáforo ciclovisual, o paradeiro do Lúcio Flávio, a construção do teatro, as lâmpadas do Igapó, nossos projetos profissionais, o reserva do Luís Fabiano, aquela gata da Souza Naves, a contratação do Vagner Love - caraca, vamos falar sobre o que interessa. Você, em sã consciência, acha que alguém na reunião do Rotary, na piscina do Iate, no bar da Keiko, no ponto de ônibus, no balcão do Seleto, na cadeira de engraxate, no sorvete do Calçadão vai se mostrar preocupado se a Lina se reuniu com a Dilma?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Me amarrei em biografias


Gosto de ler, sempre li muito. No começo eram gibis, leio gibi até hoje, mas na infância devorava tudo o que caía em mãos, de Walt Disney a Maurício de Souza, e lia sempre muito rápido, devorava gibis em minutos, teria gastado uma puta grana se não tivesse passado a comprar gibis em sebos, ainda mais quando, adolescente, passei a ler Conan, O Bárbaro, e depois, já adulto, colei em Tex Willer. Pô, cada Tex pequeno custa R$ 1,50; aqueles grandes, com história completa, não se acha por menos de dez paus. Nesse meio tempo, li tudo que achei de Lucky Luke e Asterix, duas publicações admiravelmente engraçadas.

Mas o que eu queria dizer é que de uns anos para cá, além dos gibis em geral e alguns Milo Manara, não consigo – falando de leitura mais convencional – ler nada além de biografias. Não sei explicar, talvez seja a dificuldade que sempre tive de viajar na maionese da poesia e da ficção, em especial dos autores internacionais. Quando deparo com muitos nomes e termos estrangeiros, cujo significado e pronúncia invariavelmente me fogem, a tendência, com raras exceções, é eu me irritar; daí surge o desinteresse, pulo pra frente, adio aquela leitura que nunca vai rolar. A não ser que seja biografia. Ou fatos históricos. Adorei o 1808, do Laurentino, livrou que tapou 99% das minhas deficiências naquele momento particular da História do Brasil.

Então, o que me tem interessado, ultimamente, são histórias de vida e/ou períodos históricos. Dos últimos dez ou quinze livros que li, pelo que me lembre agora, todos fazem parte dessas categorias. Li muito Ruy Castro. Depois de Estrela Solitária, que apareceu na roda de adoradores de futebol no antigo bar da Casa do Jornalista, li a história da bossa nova, li Saudades do Século XX, li O Anjo Pornográfico. De amigos, li a biografia não autorizada do Roberto Carlos, com a qual Regina Daefiol presenteara o marido Dirceu Herrero pouco antes da Justiça capturar o restante da tiragem. Li Vale Tudo, do Nelson Mota, sobre o impagável Tim Maia.

Com essa trilogia (Chega de Saudades, Roberto Carlos Em Detalhes e Vale Tudo), passei a conhecer mais do velho Rio de Janeiro que muitos cariocas. Na época do Pan, passei uma semana lá, e todo dia eu saía do Largo do Machado e ia pra Copacabana bater perna e passar a limpo por todos aqueles endereços malucos da boemia carioca. Não fosse a chuva fina que caiu sobre o Rio aquela semana toda, teria sido bem melhor. Mas vi muitos locais onde músicos da mais alta estirpe fizeram história.

O fato é que me amarro em histórias verídicas, e a última que li foi Corações Sujos, do Fernando Morais. Trata-se da saga da Shindo Renmei, ou Liga do Caminho dos Súditos, organização secreta que renegava a derrota japonesa na Segunda Guerra e cujos membros, recrutados entre a própria colônia no Brasil, tratavam de calar para sempre a boca dos que ousavam admitir a derrota. Entre janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, batalhões de tokkotai, os matadores da Shindo, aterrorizaram a colônia. Eliminaram 23 e feriram 150 “corações sujos”, os traidores do imperador, em várias cidades paulistas e no Norte do Paraná.

Surrupiei o livro do jornalista César Lopes, então editor do site da EleEla. Fiquei na casa dele, em São Paulo, meses atrás, numas de aliviar a cachola. Vi dois jogos do Palmeiras e tomei dois porres homéricos, um no Bar Alemão, perto do Palestra Itália, outro na Mercearia, reduto de bons cafajestes na Vila Madalena. Bruka, como ele é mais conhecido entre jornalistas e roqueiros do eixo Londrina-Sampa, foi pra Echaporã-SP visitar o filho recém-nascido e fiquei sozinho em casa alheia - e aproveitei para dar uma geral na estante do cara. Avisei por e-mail que havia embarcado 100 Crônicas, de Mario Prata, e Corações Sujos na mala. “O do Prata tudo bem, mas esse do Morais tem dedicatória, hein?!?”, ele protestou, em vão. “Vê se devolve!”

Na última das 327 páginas, li que a história da Shindo acabara numa última e desastrada tentativa de assassinato. Eiiti Sakane, que se tornara uma espécie de samurai sem patrão, um tokkotai errante, reservara para si a missão de matar Paulo Morita, que, por ter colaborado com a polícia na identificação dos fanáticos, entrara na primeira lista dos condenados pela seita. E até então estava impune. Numa abafada segunda-feira de verão, segundo o relato do autor, na entrada do Parque da Aclimação, na capital paulista, Sakane matou o cunhado de Morita achando que era Morita o cara que tinha seguido desde a rua Castro Alves e que segurava uma criança no colo. Nada de anormal, não ficasse esse endereço a poucos metros da casa do Bruka, de onde, dias antes, eu surrupiara o livro – autografado – de Fernando Morais.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Apelidos


– E aí, Bielinha?

Olhei para trás com aquele misto de constrangimento e satisfação. O grito viera da esquina pela qual eu e mais quatro ou cinco pessoas tínhamos acabado de passar. O ruim é que mais meia dúzia de pessoas neste mundo havia acabado de descobrir o apelido de que menos gostei na vida. O bom é que partira de alguém muito chegado. Somente alguém da turma, mas da turma mesmo, aquela das farras da adolescência, poderia perpetrá-lo assim, do nada, à uma da tarde, numa esquina perto da praça matriz, quase em frente à farmácia do Zé Carlos, onde eu tinha ido comprar o Estadão – sim, em Guará, a gente compra jornal na farmácia.

Virei e logo vi o Chiquinho já estacionando a bicicleta, sorriso disfarçado, preparado para o cumprimento efusivo, ele que sabe que, embora não goste muito, nunca reagi mal ao apelido.

– E o Paraná? Tá lá ainda?

Fazia uns quinze anos que eu não via o Chico, cujo sobrenome, confesso, consternado, que até hoje não sei. Para nós, sempre foi o Chiquinho do Cartório, que nascera e vivera a vida inteira em frente ao Kaikan. A galera se separou em 1984. Cada um foi para um lado. Eu passei em Jornalismo em Londrina. O Carlinhos, em Engenharia de Alimentos na Unicamp. O Hélio Carlos, em Odonto, na USP de Ribeirão. O Jean, em Fisioterapia, em Uberlândia. E o Chiquinho, a vida inteira envolvido com cartório, passou em Direito, particular, em Franca. Éramos a Turma do Trapaleão, um desenho que passava na TV. O Hélio Carlos era o Trapaleão, por causa do cabelo armado e da polaquice. Os outros, não lembro. Mas só o meu apelido pegou: eu era o Biela, o Jacaré, aquele que tem um balde na cabeça.

Caramba, o Chiquinho era muito mais Biela que eu, mas o apelido pegou em mim. E todo mundo – menos o Carlinhos, meu primo em segundo grau – me chamava carinhosamente de Bielinha. Fazer o quê? O que mais dói não é o apelido em si, mas o fato de vir de um desenho animado do qual ninguém se lembra. Questionei várias pessoas nos últimos 25 anos e ninguém se recorda da tal Turma do Trapaleão.

Sair de Guará, na “Califórnia Brasileira”, para Londrina foi ótimo, num primeiro momento, para me livrar do apelido. Havia a quase certeza de que circularia impune. O quase fica por conta de um pequeno temor, que me acompanhou nos primeiros meses, de que alguém apareceria na república da Paraíba 322 ou no campus da UEL ou no Clube da Esquina ou no ponto de ônibus da Quintino e dispararia um “E aí, Bielinha?” assim, do nada. A lenda diz que já houve guaraense cruzando com guaraense em Nova Iorque, mas achava isso muito mais factível do que levar um “E aí, Bielinha” na fuça a 560 km de Guará.

O fato que é, como qualquer um, fui colecionando apelidos pelo caminho. Nos corredores do CECA, logo no início da faculdade, entre a mulherada descolada e os bichos grilos de Jornalismo, História e Sociologia, vieram os básicos: Rô e Roger, que nem apelidos devem ser considerados, posto que são variações do mesmo tema. Entre os colegas de república, logo pintou o Magrão, perfeito para um calouro careca de 1,86m e 55 kg. Uns três anos depois, quando já estava na Folha, veio o Rogê. Tudo culpa do Alberto Macedo, que, não sei por que, num de nossos porres diários, naquela etapa em que o disco enrosca na vitrola e o cara fica repetindo a mesma coisa, entrou numas de me chamar de Rogê Martiní – assim, com a sílaba tônica no final –, acho que por causa de uns martinis que eu tinha emborcado, e a coisa caiu na boca do núcleo duro do poder.

Primeiro, desconfio, pelo Zé Ganchão; depois, pelo restante dos que não prestavam: Bernardo, Jerê, Capucho, João... Até os sóbrios Jota Oliveira, Stélio Feldman e Isnard Cordeiro aderiram. Luiz Taques, que viera da sucursal de Campo Grande, inovou e passou a me chamar de Rogê Milá, por causa do atacante camaronês que aproveitou aquela bobeada do Higuita e eliminou a Colômbia da Copa da Itália. Eh, coitado do Escobar, isso sim.

Ao Gancho, devo outro apelido, mas que, felizmente, é utilizado apenas nas nossas relações bilaterais. Estávamos no Bar do Cebolinha, na Vila Ipiranga. Ele, Jerê e mais uma tropa dividíamos balcão com Dom Pablo, o homem que declamava Fagundes Varela a cada lavrado, quando vem subindo a João Cândido um bando de beldades da turma de Jornalismo, capitaneadas por Cris Agostinho e Cláudia Romariz, moradoras de uma república na Antônio Amado Noivo, perto do Evangélico. Ao passar pela esquina da Jorge Velho e ver aquele bando de jornalistas – eu ainda era estudante – e os bêbados de sempre, Cris vaticinou:

– Olha quem está ali, Cláudia, o Rogério Baixaria.

Pronto. Phodeu. Depois de uma semana de alugação, todos voltaram ao Roger, Rogê – menos o Gancho, que até hoje faz questão do Baixaria. Detalhes: Cris viria ser minha esposa, mãe da Natália. Dom Pablo, com mil raposas incendiárias, morreu de cirrose e hoje dá nome ao Gelobel do Parque Guanabara.

Bem, o tempo passa e a gente vai ganhando experiência e algum respeito. Os mais novos passaram a me chamar de Fischer, o que é ótimo para a auto-estima. Foi em Maringá, onde fiquei os últimos cinco anos, que ganhei o último – tomara que seja mesmo o último – apelido, dado pelo fotógrafo Henri Júnior, que passou a me tratar por um termo oriundo de uma história ocorrida também na Folha, vários anos antes, e que contara a ele num de nossos muitos churrascos.

Certo dia, final de década de 80, descia a escada da Redação com Jerê e mais alguns amigos, provavelmente para mais algumas cervejas no Bar do Lema, durante o expediente, quando falávamos sobre brancura no verão (acho que tínhamos visto umas fotos de umas gatas bronzeadas). Quando começamos a descer a escada, levantei a camiseta para mostrar a pança e mostrar que, de tão branco, estava parecendo um bigato. No que uma tiazinha da limpeza, que a tudo ouvira, ao melhor estilo Antonio Belinati, tascou um beliscão no meu pneu e exclamou:

– Bigatão!

Sem comentários. Mas, pela força do beliscão, ainda prefiro o grito do Chiquinho numa esquina movimentada de Guará. Dói menos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Saca só essa curva da Bahia


Poderia ter sido melhor? Sim, poderia, mas a maneira sincera com que tratei meus colegas de profissão numa cidade que eu mal conhecia - embora a recíproca não tenha sido verdadeira - e, principalmente, as amizades reais que fiz por lá compensam qualquer sensação de tempo perdido. Em quase cinco anos de Maringá, amarrei alguns laços que vão durar para sempre. Quase todos no meu ambiente de trabalho e os mais-mais mesmo particularmente entre os fotógrafos do jornal onde trabalhei. Vamos combinar, hein: se jornal já é tradicionalmente um antro de figuras carimbadas, o departamento fotográfico então é um... Qual é o coletivo de antro de figuras carimbadas? Se na Folha, em Londrina, eu convivi com Milton Dória, J. Pedro, Dorico, Josoé, n'O Diário do Norte do Paraná cruzei com Ivan Amorin, Walter Fernandes e Henri Júnior. Trio parada dura, estilo Creone, Barrerito e Mangabinha. Outros passaram por lá, gente boa e talentosos também, em especial o Jaca, mas esse trio era de matar. O verbo no passado fica por conta do Júnior, que resolveu nos deixar cedo pra caralho. Hoje, todos estão fora do jornal. Eu fui saído de lá. Ivan e Wartão negociaram suas demissões, depois de um tempaço de dedicação à empresa. Ivan, uns oito, dez anos. Wartão, vinte e lá vai fumaça. Hoje vivem de frilas. E bicos também, porque o que andam fazendo, pelo menos fora de Maringá, não é nenhuma reportagem. Cruzam o Brasil atendendo clientes de uma empresa especializada em formaturas. Não saem da Bahia. As últimas fotos que o Ivan me mandou são todas de lá. A última chegou hoje, é essa aí de cima. Nela estão Wartão à esquerda, Ivan ao centro e um colega deles, estilo CQC, que não conheço. Cliquem na foto porque vale a pena ver a paisagem. "Saca essa curva da Bahia", alertou Ivan no e-mail. Pelas fotos, fico imaginando a farra que esses vagabundos não andam fazendo por aí. Numas, o Ivan até que é sossegado, mas esse Wartão não vale o salmo do batizado. Ivan é pau para toda obra. Fotografa e filma do jeito que vier. Walter é talentoso com a câmera, com o violão e com o copo. Nos nossos churrascos, era sempre ele quem puxava a branquinha. E a prosa, claro, logo melhorava de qualidade. Nossos churrascos eram sempre sábado à tarde e o Wartão tinha - acho que ainda tem - programa sertanejo na Rádio Cultura. Da programação ele mandava abraços para a turma, enquanto atendia nossos pedidos para mais um Tião Carreiro. Nos nossos churrascos não podiam faltar a muguegada e o pessoal da Fotografia. Era garantia de sucesso. E posso falar, porque os 50 ou 60 churrascos que a Redação do Diário fez de junho-2004 a abril-2008 foram todos na minha casa, uma casa de fundos na Cariovaldo Ferreira, continuação da Santos Dumont, no Aeroporto Velho. Muitas vezes o Ivan segurava as pontas porque sempre tinha um servicinho para fazer, e imagino o que não dava de risada vendo, são, aquele bando de bêbados. Wartão é do tipo que abre a roda quando chega. Presença agradabilíssima. Púnhamos a vitrola para tocar e churrasqueávamos a tarde toda. Em toda incursão à Bahia, Ivan me instiga, falando das morenices que vê pelas ruas. "Você ia morrer aqui, Bigatão". E o filho da mãe nunca atende minhas encomendas de enfiar umas duas ou três espécimes no balaio e trazer para mim. Grandes camaradas. Aquele abraço!

domingo, 9 de agosto de 2009

O gigantesco babaçu guaraense


Como prometido, esta aí uma foto em que eu e a Natália estamos no pé de um pé de babaçu, no sítio do Zé Ficher, na Grota, em Guará-SP. Notem o tamanho ignorante da árvore. Fica na entrada da sede do sítio, no limiar do carreador que leva para propriedades vizinhas e para o pé da serra de onde as várias propriedades podem ser avistadas. Ninguém por ali - somos os vizinhos mais recentes - sabe dizer a idade do bruto, mas numa gulgada achei um texto que o define como "palmeira elegante que pode atingir até 20 m de altura". Acho que essa aí já passou do limite. São dois caules que cresceram juntos. Das primeiras cascas até lá no alto, acumula-se uma infinidade de outros vegetais que foram brotando nas suas saliências, certamente sementes levadas pelo vento ou regurgitadas por algum pássaro. Imagino que os tucanos que sempre passam por aquela região deem uma paradinha por ali, porque, pelo jeito, só aquele bico é capaz de quebrar o coco que envolve a castanha oleaginosa. Caem quando estão maduros, secos. De curiosidade, eu e meu irmão Luís Henrique serramos um coco, alguns anos atrás. Meu camarada, o troço é duro praca. Levamos bem uns 40 minutos, em rodízio, serrando o coquinho - bem pesadinho, por sinal; deve ter aí uns 200, 300 gramas, com o tamanho de um ovo de chocolate pequeno. Se cai lá de cima na cabeça de um gaiato, babau- o estrago vai ser grande. Diz o mesmo texto capturado no Google: "O babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras brasileiras. Sobre este gênero de plantas, afirmou Alpheu Diniz Gonsalves, em 1955, que é difícil opinar em que consiste a sua maior exuberância ia: se na beleza dos seus portes altivos ou se nas suas infinitas utilidades na vida da humanidade. E esta é a mais pura verdade!"

sábado, 8 de agosto de 2009

Jornalista de mentira, patrão de verdade


Não há um paralelepípedo em Londrina que não saiba quem é João Milanez. É uma figura ímpar, conhecida por empresários e balconistas, executivos e engraxates, garçonetes e catadores de lixo, reitores e taxistas. Raramente odiado, quase sempre admirado. Ao citar o nome dele, em qualquer lugar, dia ou noite, em qualquer roda, alguém vai ressaltar que o conhece, que conhece um sobrinho dele, que trabalhou na casa do cunhado de outro sobrinho, que namorou a filha da empregada do vizinho dele, que ficou sabendo que a moça bonita da vila tinha recebido uma cantada dele – tudo, mas tudo mesmo, motiva lembranças de João Milanez. Sei que no início, quando veio de Meleiro-SC, após uma breve estada em São Paulo, ao fundar a Folha de Londrina andou tirando fotos e redigindo notas. Sei também que fazia questão de ser citado, nas muitas cerimônias das quais participava, como “jornalista João Milanez”. Era um adendo fantasioso ao nome, se considerarmos literalmente sua produção jornalística, mas absolutamente plausível para alguém que, se não emplacou grandes reportagens como um Schwartz, um João Arruda, um Capucho, nem se destacou como um célebre editor, como um Jerê, um Bernardo, um Jota, teve o grande mérito de criar e fazer crescer um veículo que é – ainda – referência nacional em Jornalismo. E, mais do que isso, soube reconhecer os bons jornalistas. Sabia, como disse várias vezes, perante ministros e deputados, dentro da Redação da Folha, na sua lógica particular, que jornalista bom é comunista e maconheiro. São lendárias as histórias e as estórias de como tratava os funcionários, particularmente de como os pagava. Em meados da década de 90, quando já havia passado a maioria das cotas da empresa para José Eduardo de Andrade Vieira, perambulava pela Redação, ali mesmo, na rua Piauí, à cata de um ou outro editor que se dispusesse a conceder uma nota de pé de página para que revelasse ao leitor, no dia seguinte, que naquele dia havia recebido uma visita importante. E todos os editores, invariavelmente, lhe negavam espaço – não por maldade, mas por saber que nas concorridas páginas do jornal já não cabiam coisas assim, naquele tempo em que a Folha amadurecia profissionalmente e se afundava administrativamente. Era de uma humildade tão grande, a ponto de ouvir placidamente a sugestão de um editor pentelho e pretensamente bem intencionado para que criasse uma coluna com seu nome e contratasse um jornalista para redigir as notas que ele suplicava a todo canto – e eu juro a vocês que não fui xingado por isso. Porque, se não foi um jornalista na acepção da palavra, foi um patrão de primeira linha. Não sejamos hipócritas agora que ele morreu: Milanez era um grosseirão, cometia impertinências a cada deglutição, estivesse onde fosse. Presenciei várias. Frequentemente constrangia os próprios repórteres que cobriam alguma solenidade na qual discursava, e ele discursava em todas, mas também cansei de vê-lo salvando cerimônias vazias, fracas, protocolares – quebrar protocolo era com ele mesmo. Mas também era de uma natureza absolutamente aberta, democrática, franca. A Redação da Folha, em todo o período em que trabalhei lá (1987-2000), mas em especial nos primeiros anos, respirava liberdade. Sim, era uma Redação cheia de intrigas, como, de resto, toda grande repartição, pública ou privada, mas falava-se abertamente sobre tudo, sobre o dono, os diretores; usava-se o mural com ampla liberdade de expressão, ao contrário de uns jornalecos aqui do Paraná que não permitem sequer um comunicado sindical. Enfim, há muito o que dizer sobre esse homem, e me parece que Jota Oliveira está escrevendo, ou já finalizou, um livro sobre a vida dele. Saí de Londrina neste sábado com destino à minha Guará-SP uma hora antes dele morrer, e sinto não ter estado no velório e no enterro para dar um abraço fraterno nos parentes e, na mesma medida, em todos os que, tenho certeza, o conheceram e, o conhecendo, o consideram tão próximo quanto um tio, um pai ou um avô. É como se todos nós estivéssemos um pouco órfãos neste sábado, 8 de agosto de 2009.

Em Guará, de olho naquele porquinho do Diô

Ufa, de volta a Guará-SP. Passei em Ibitinga, peguei a Natália e chegamos hoje para uma semana de férias, antes de voltar a Londrina para concluir a última pauta da SUB15, revista que será lançada mês que vem na esteira da Copa Brasil, para a qual Ricardinho da Guia, Samuka, Andrea Monclar e eu prestamos assessoria durante quase um mês. Será uma revista focada nesta categoria de base. A ideia é, entre outros objetivos, bombar a Copa Brasil - que o PSTC idealizou, há oito anos - de tal forma a transformá-la no Campeonato Brasileiro Infantil de verdade. Status, ela já tem. Obtendo a chancela da CBF, é caixa!




Bem, chegamos, Natália e eu, no meio da tarde, almoçamos e já embarcamos para o sítio, com meu pai e minha mãe. Aos 13 anos, minha filha só anda para lá e para cá com a máquina digital. Registra tudo. Já é tipo ferinha em computador, autodidata. Talvez o caminho dela seja por aí. As fotos desse post são da dita cuja. Antes de chegar ao sítio, paramos no sítio vizinho, do tio Diô, onde ela flagrou o início de um passeio da turma que churrasqueava lá, por conta dos 6.3 do Diomedes. Era tanta criança empaçocada que achei que a pampinha ia arriar.




Antes de abandonar o recinto, demos um pulo na baia da porcada, onde o Diô cria suculentos tucuras, na Grotinha. Minha mãe já havia me adiantado que a Ciló, diretora-executiva do Comitê Organizador dos Festejos dos Noventa Anos da Dona Zizinha, abandonara a encomenda que havíamos feito ao Diomedes, que estava - ainda está - guardando um enxutinho para nós abatermos nas vésperas da festa, dia 30 agora. E eu que já estava lambendo os beiços, visualizando pernis, paletas e costelinhas do mais puro porco caipira sobre a mesa, com aquele bando de Tizziotti se revezando entre o copo e garfadas extemporâneas, daquelas de arrancar nacos, para desespero da muguegada. Olhei para o malhado hoje com ares de melancolia. Como presidente do Comitê, ainda não convoquei Ciló para depor no Conselho de Ética, mas suspeito que o recuo seja por questões financeiras. A despesa seria rachada em três, os três filhos da dona Zizinha - Zé Ficha, Ciló e João Luís. Sozinho, é difícil suportar a encomenda. Daqui a duas semanas, o tucura deve estar perto de seis arrobas. Noventa quilos. A seis pilas o quilo, em pé, a conta vai bater nos quinhentão. Talvez o Diô, na camaradagem, deixe por uns R$ 350, R$ 400. Morto e limpo. Ei, alguém aí se habilita a rachar essa conta comigo? Neste caso, a guloseima estaria aí em Londrina na primeira semana de setembro. Marquinho Feio? Poka Marques? Apolo Mário? Batata? Ricardinho? Estou imaginando aquelas partes todas no forno a lenha da Casa de Peroba Rosa... Meu, a linhagem do Diô vem de décadas. Caipira puríssimo. Diô chegou a cruzar a porcada dele com javali. Uma vez, em Maringá, eu e Walter Tele comemos uma costelinha na brasa, na Zona Cinco. Perguntem a ele o resultado.



Uma vez no sítio, a Natália pôs-se a fotografar tudo e todos. Fui flagrado no alto de um pé de poncã, disputando as últimas, lá da ponta, com os sanhaços. Em vão: os galhos finos não permitem aproximação. Os passarinhos devem dar risada quando nos veem nessas situações de absoluta impotência. Lembro de uma crônica do Armando Nogueira, que, entre outras estrupilias, é adepto da asa delta, descrevendo o sentimento de alguém lá em cima, naquele troço, tentando dar uma de pássaro, "sob o olhar desdenhoso dos urubus". Caraca, "sob o olhar desdenhoso dos urubus". É isso!
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Flagramos também miquinhos zanzando entre o pé de tamarindo (carregado) e o de cajamanga (desfolhado). Tentem encontrá-lo aí em cima. Depois faço um post para uma foto em que eu e a Natália estamos ao lado de um pé de babaçu. Gigantesco. Animal.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pisei na bola: Barbosa é de 85/2


Foi em meio a uma pedra e outra cantada pela dona do boteco, num dos bingos mais disciplinados que já vi, ao lado do Bar do Gerson, na Rio Grande do Sul quase esquina com Rio Grande do Norte, onde, dizem, a dobradinha e o mocotó são de primeiríssima qualidade, a ponto de atrair exigentes como o jornalista Widson Schwartz, que o Armandinho, também jornalista, companheiro de duas décadas e meia, corrigiu uma informação que publiquei mais de uma vez por aqui. Sempre pensara que o prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto, tinha sido meu calouro - e disse isso inúmeras vezes por aí. Mas estava enganado. Barbosa, que é da mesma turma do Armando, o que transforma a informação em pedra 90, não entrou na UEL em 84/2, mas um ano depois, em 85/2.

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Embora todos que estavam na mesa - Samuka Lopes e, depois, também Nilson Herrero - falassem maravilhas das comidas do Gérson, acho que virarei mais freguês do boteco ao lado, o do bingo, cujo dono (ai, memória) faz um torresminho de parar o trânsito. Uma porção com cinco pedaços pequenos, aí de uns 10 centímetros quadrados, sai por doizão. Comi as duas sozinho, porque o Armando é muito devagar. Com comida à frente, eu não titubeio. Ademais, etiqueta nunca foi meu forte e não vai ser agora, depois dos 40, em boteco de vila, que vou me policiar. E, quando for me meter no binguinho novamente, vou procurar uma cartela sem o 49. Eta pedrinha lazarenta!

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O Samuka jurou de pé junto que lá no Bar do Gérson cruzou, há coisa de duas semanas, com Schwartz, Chico Amaro e Délio César. Na mesma noite. Puta que pariu. Só um encontro desse tipo já vale o ingresso. Schwartz, o Alemão, eu conhecia antes de entrar na faculdade e vir morar em Londrina, pelos créditos no Estadão - ele trabalhou para os Mesquita uma cara. Em Guará, na adolescência, já lia matérias dele. Meu pai assinou o Estadão por muitos anos. Chico e Délio são do primeiro time do JL, desse post aí embaixo. Chico foi o primeiro editor de Cidade e Délio nada menos que o mentor editorial e, por que não, empresarial do "Azulzinho". Papos agradabilíssimos. Espero ter mais sorte na próxima incursão ao Bar do Gérson.

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Voltar para Londrina está tendo aquele sabor especial de revisitar lugares - e, dentre eles, os bares, lógico, são ponto pacífico. O Jota, na João Cândido, continua o mesmo, tocado da mesma maneira, com o mesmo público - no que isso tem de bom e nem tanto. O Alcides, na praça do Aleijadinho, idem. Ótima opção para o happy hour, apesar dos vários pôsteres do Corinthians na parede esquerda. Mas poderia ser pior. Preciso rever o Vilão. O Valentino, não faço muita questão. O novo formato do bar, com fila para pegar cartão e entrar, não me atrai. Enfim, o fígado terá de me ajudar nessa questão. São muitos bares a serem revisitados nessa cidade cheia de bares. Aqui, a Duque de Caxias não é chamada de Duque de Cachaça à toa, mermão.