segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Saca só essa curva da Bahia


Poderia ter sido melhor? Sim, poderia, mas a maneira sincera com que tratei meus colegas de profissão numa cidade que eu mal conhecia - embora a recíproca não tenha sido verdadeira - e, principalmente, as amizades reais que fiz por lá compensam qualquer sensação de tempo perdido. Em quase cinco anos de Maringá, amarrei alguns laços que vão durar para sempre. Quase todos no meu ambiente de trabalho e os mais-mais mesmo particularmente entre os fotógrafos do jornal onde trabalhei. Vamos combinar, hein: se jornal já é tradicionalmente um antro de figuras carimbadas, o departamento fotográfico então é um... Qual é o coletivo de antro de figuras carimbadas? Se na Folha, em Londrina, eu convivi com Milton Dória, J. Pedro, Dorico, Josoé, n'O Diário do Norte do Paraná cruzei com Ivan Amorin, Walter Fernandes e Henri Júnior. Trio parada dura, estilo Creone, Barrerito e Mangabinha. Outros passaram por lá, gente boa e talentosos também, em especial o Jaca, mas esse trio era de matar. O verbo no passado fica por conta do Júnior, que resolveu nos deixar cedo pra caralho. Hoje, todos estão fora do jornal. Eu fui saído de lá. Ivan e Wartão negociaram suas demissões, depois de um tempaço de dedicação à empresa. Ivan, uns oito, dez anos. Wartão, vinte e lá vai fumaça. Hoje vivem de frilas. E bicos também, porque o que andam fazendo, pelo menos fora de Maringá, não é nenhuma reportagem. Cruzam o Brasil atendendo clientes de uma empresa especializada em formaturas. Não saem da Bahia. As últimas fotos que o Ivan me mandou são todas de lá. A última chegou hoje, é essa aí de cima. Nela estão Wartão à esquerda, Ivan ao centro e um colega deles, estilo CQC, que não conheço. Cliquem na foto porque vale a pena ver a paisagem. "Saca essa curva da Bahia", alertou Ivan no e-mail. Pelas fotos, fico imaginando a farra que esses vagabundos não andam fazendo por aí. Numas, o Ivan até que é sossegado, mas esse Wartão não vale o salmo do batizado. Ivan é pau para toda obra. Fotografa e filma do jeito que vier. Walter é talentoso com a câmera, com o violão e com o copo. Nos nossos churrascos, era sempre ele quem puxava a branquinha. E a prosa, claro, logo melhorava de qualidade. Nossos churrascos eram sempre sábado à tarde e o Wartão tinha - acho que ainda tem - programa sertanejo na Rádio Cultura. Da programação ele mandava abraços para a turma, enquanto atendia nossos pedidos para mais um Tião Carreiro. Nos nossos churrascos não podiam faltar a muguegada e o pessoal da Fotografia. Era garantia de sucesso. E posso falar, porque os 50 ou 60 churrascos que a Redação do Diário fez de junho-2004 a abril-2008 foram todos na minha casa, uma casa de fundos na Cariovaldo Ferreira, continuação da Santos Dumont, no Aeroporto Velho. Muitas vezes o Ivan segurava as pontas porque sempre tinha um servicinho para fazer, e imagino o que não dava de risada vendo, são, aquele bando de bêbados. Wartão é do tipo que abre a roda quando chega. Presença agradabilíssima. Púnhamos a vitrola para tocar e churrasqueávamos a tarde toda. Em toda incursão à Bahia, Ivan me instiga, falando das morenices que vê pelas ruas. "Você ia morrer aqui, Bigatão". E o filho da mãe nunca atende minhas encomendas de enfiar umas duas ou três espécimes no balaio e trazer para mim. Grandes camaradas. Aquele abraço!

3 comentários:

  1. Fischer, excelente homenagem prestada ao trio parada dura... grandes colegas de jornada - e de churrascadas. Aproveitando: até quando saíram comigo de O Diário, em maio, o Walter continuava fazendo o programa dele na Cultura AM. Acredito que ainda continua, pois ele gosta demais dessa área.

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  2. Esse trio era parada dura mesmo...tive sorte de fazer parte desta fase do jornal, uma época que deixou saudades...abraçoss Fisher e amigos...

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  3. Que saudades desses salafras.
    beijo, bigato.

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