quinta-feira, 29 de abril de 2010

De Montezuma Cruz



Josué, 4 anos, abre um sorriso de caboclo, na janela de sua casa de madeira, próxima ao encontro das águas dos rios Moa e Juruá, no município de Cruzeiro do Sul (AC). É um dos cinco netos do farinheiro Luiz Augusto da Silva, 51 anos.

Num dos tranqüilos quintais do antigo Seringal Harmonia, o menino parece não se importar nem um pouco com as altas e baixas das ações da Bolsa de Valores em São Paulo, ou com os jogos de futebol no Estádio Arena da Floresta, na capital acreana. Distante do mundo urbano, tampouco lhe interessa ainda, se em Rio Branco, a capital, todas as crianças têm escola ou freqüentam algum shopping center.

Josué está amarrado às suas raízes. Aprende ali mesmo, com a boa vontade dos avôs, dos pais e dos vizinhos, que também oferecem ao Acre uma esplêndida lição de vida: usam a farinha que produzem artesanalmente para promover a prática secular do escambo de mercadorias.
O dinheiro está à parte naquela curva de rios. Adultos e crianças sentem satisfação ao trocar bolos, pães ou simples tapiocas. No fundo, no fundo, esse menino é mais feliz que tantos outros moradores nas cidades do Acre e das Amazônias.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

De volta ao Barro Preto

Dar uma de turista na própria cidade tem essa vantagem: nesta sexta, não eram nem bem sete horas da manhã e já ganhei um convite para pescar e churrasquear na beira do rio. Levantei cedo pra buscar o leite no sítio com a Vera e a Ciló, já que, hoje, o João Luís dobra o trampo na usina. Então, antes das sete estava na padaria do Ismael, que puxou conversa e, ao final, disse que, se desse tudo certo, ligaria de tarde para nos convidar a conhecer o rancho que ganhou de herança e que ele ajeitou com uma bela varanda, uma piscininha de plástico e três represas das quais, entre um naco de carne e um copo de cerveja, tira umas tilápias. Café tomado, rumei pra casa dá vó. Ciló resolveu ficar, para cuidar das casas. Fomos eu, Vera e dona Zizinha pro Barro Preto. No caminho, a conversa de sempre: o medo dos cachorros que o falecido Tim colocou lá e até hoje amedronta os incautos. Revi o pomar de jabuticabas, o pé de amora que não existe mais, o antigo mangueiro. De repente, a surpresa: a matilha aumentou - uma cadela teve dez filhotes nesta madrugada. Vera jogou água e deu uma lavada básica na Capelinha, que, segundo a vó, Paulo Fischer ergueu em 1973. Há tanto ferro e alumínio jogado por toda parte que é capaz de, reciclado, dar pra comprar um carro. A velha paineira está florida, com seus trinta e tantos metros de altura. Chupei uma mixirica de um pé novo - azeda pra carai. O pé de tamarindo cresceu tanto que sombreou quase todos os pés de jabuticaba. Há três ficus em frente à varanda - dava para cortar dois, deixando só o do meio, porque plantaram muito pertinho um do outro, e ficus cresce barbaridade. O carreador de acesso ao sítio - são 3 km da sede até a casa da minha vó - está quase todo erodido. Coitada da dona Zizinha: a estrada ruim e o Fiat pior ainda fizeram-na chacoalhar várias vezes a velha carcaça, que completa 91 anos agora em agosto. Os pastos ao redor estão abandonados, embora cercados - o que dá um tom melancólico, porque antigamente não havia cerca, dava um ar de liberdade, e não sei por que cercar, se os outros sitiantes do pedaço não cuidam direito. Enfim, antes das nove já estávamos de volta, e ainda tinha o dia inteiro pela frente. E não fomos ao síto da Grota ainda, para eu saber exatamente o que vai abarrotar meu porta-malas na volta a Londrina, mas, pela estação, não deve fugir muito de poncãs, laranja, limão e os atemporais: mamão, banana, abacate. E, claro, as carnes, que são um capítulo à parte. Guará é uma delícia. Preciso comprar uma maquininha digital.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Limão cravo ladeira acima

Depois de bater, mais uma vez, o telefone na cara de um zero-oitocentos, lá no escritório do meu pai, cheguei na casa da dona Zizinha, onde Ciló e Vera depenavam o quarto frango caipira da tarde. Cheguei de bicicleta, ao contrário do que sempre faço – a casa da minha vó fica a uma quadra de distância de casa, mas decidi não entrar na da minha mãe porque a Elisângela estava terminando de lavar a varanda e não queria marcar toda a lajota com pneus de bike. Ato contínuo, segui pra vó e, além dos frangos depenados, encontrei tio João pronto para apanhar limão cravo na chácara do Renê Telles. “Vamu?”, convidou. “Vamu, uai.” A chácara do Renê – pai da Zezé, minha colega de escola dos seis aos 17 anos – fica ao lado do Rondon, até hoje o único colégio em Guará que oferece segundo grau. Pulamos a cerca, parmeando as bicicletas, e fomos ladeira acima, enfrentando as touceiras de braquiária até o pé de limão, a uns 150 metros da rua. O pé de limão cravo fica ao lado das ruínas do que foi a primeira caixa d’água da cidade, construída, segundo tio João, pelo prefeito Urbano Junqueira quando eu era moleque. Lembrei que, naquele tempo, tinha uma mangueira enorme ali, onde fica o ponto mais alto da cidade – na verdade, do município, porque ali onde estávamos fazia 150 metros que a área urbana tinha acabado. A água, então, abastecia todas as casas somente pela gravidade. Dali se vê Guará toda e se ouve o barulho dos carros e caminhões na Rodovia Anhanguera. Apanhamos limão suficiente para lotar um saquinho de supermercado. Ainda não tinha afofado o chinelo numa bosta de vaca quando recebi mensagem da Turca, anunciando, de Londrina, que estava chegando ao fim a busca por um novo apê. Vazamos dali sob o temor de que alguém da chácara nos tivesse visto e viesse nos dar bronca. Só faltava essa, pensei: eu, aos 44, com meu tio, passando dos 60, levando bronca de chacareiro por pular a cerca e roubar limão cravo. Seria o fim da picada. Na volta, após lavar os braços e descobrir que, de fato, é impossível apanhar limão cravo sem levar ao menos um arranhão, a Ciló preparou uma limonada e nos ofereceu biscoitos de nata enquanto papeávamos, pra variar, sobre coisas antigas, relembrando passagens. Lembrei que, apesar de ter estudado com a Zezé um par de tempo, nunca entrei na casa do Renê, embora fique a caminho do clube, de onde não saíamos enquanto os cabelos não esverdeavam. Fomos lembrando dos moradores de cada quarteirão, até chegar na casa do Ronaldo, filho do Toniquinho Ribeiro. Daí contei que, aos 15 anos, o Ronaldo pegou a Marajó zerada do pai e fomos pro sítio do meu vô, no Barro Preto. Na volta, atolamos no barreiro da porteira e já estávamos desistindo – apesar da ameaça de que fôssemos tosquiados pelo Toniquinho – quando meu tio João Luís, voltando do sítio de bicicleta, parmeou a traseira do carro e conseguimos sair do atoleiro. Daí o Turquinho Aniz me liga, certamente para derrubarmos algumas brahmas no Nicolas e, quando informo que estou a 560 km de distância, manda abraços pra família. Bem, é final de tarde e acho que vou tomar uma ducha para derrubar uma meia grade lá no Bar do Moitinha. Adoro azucrinar corintianos, especialmente depois de uma “vitória” como a de ontem sobre o Atlético Paranaense. Que coisa, hein, Zé Ganchão? Quando teremos de novo um time minimamente confiável? Argh!

domingo, 18 de abril de 2010

My friends

(Artigo para o Em Dia, de Echaporã-SP, do bro Bruka Lopes)

Tenho um amigo chamado Jaime. Um grandissíssimo boa praça. Trabalhamos juntos na Unopar. Eu, na assessoria de imprensa; ele, até hoje, no setor de informática. Encontrei-o ontem – escrevo neste domingo, 18 de abril – no show do Arnaldo Antunes e do Scandurra, em Londrina. Legal encontrar amigos assim, que ficam verdadeiramente felizes em te ver. Deve ter mais de 1,90 metro, o Jaimão. Batemos um papão. Ele estava com a esposa e um casal de amigos. Eu, de boa, solteiro. Nos despedimos logo depois dos artistas entrarem no bar. Sim, era um bar, com um palco e um mezanino. Legal show assim, em que os artistas entram como se fossem clientes, as pessoas vêem e os saúdam. Retribuíram, depois, com um showzaço. Parece que o negócio do Jaime é trampar em universidades. Antes da Unopar, trabalhou na Unipar, de Umuarama, lado a lado com a Graça Milanez que, não sei por que, não foi à festa “Eu sei o que você fez em 1984”, porque avisada foi – pelo Jaime, que viu no meu blog uma foto dela em grupo no antigo Buraquinho, de tantas histórias, da UEL. Arnaldo Antunes (cabeça-dinossauro do Titãs) e Edgard Scandurra (guitarrista do Ira!) tocaram no Vitrola Bar no dia em que Roberto Carlos homenageou a mãe num show em Nova Iorque sem saber que Lady Laura havia morrido poucas horas antes, no Rio de Janeiro.

Tenho um amigo chamado Briguet. O filho dele nasceu anteontem – escrevo neste domingo, 18 de abril – às 11h55 no Hospital Evangélico. Fui visitá-los no dia seguinte. Era para ser parto normal, tudo encaminhava para isso, mas Pedro Henrique completou 40 semanas na barriga da Rosângela e teimava em não sair. Rô, então, foi pra cesária, e PH nasceu bem, três quilos e tanto, beleza pura. Rosângela e Briguet sonecavam quando cheguei. Briguet foi meu repórter – engraçado isso, “meu” repórter – quando eu editava o Local da Folha, há uns 15 anos. É palmeirense como eu, meio cabeça dura politicamente como eu, é muito melhor jornalista que eu. É cronista. É escritor. Além de um docinho delicioso, ganhei também, na visita, um pequeno livro, de 63 páginas, que Paulo Antônio Briguet Lourenço escreveu, em segredo, e mandou imprimir, em segredo, com poemas para saudar o nascimento do filho. “Cantigas de nascer” foi feito para presentear quem fosse visitá-los no dia do nascimento. Na contracapa, uma trovinha que dá a medida do recheio: Falem baixo, por favor/que o Pedro está dormindo/Falem baixo, ele chegou/Chegou e já é bem-vindo. Se PH incorporar a beleza da mãe e a galhardia do pai, já terá valido a pena. Na saída, disse baixinho, ao pé da orelha, que o homenagearia com dois gols – um com cada perna – na pelada na casa do Cacá. Pedrão, sábado que vem eu cumpro a promessa. Orson, pra variar, errou 99% das assistências. O Orson ainda me mata de raiva.

Tenho um amigo chamado Cabeça. Claro que o nome dele não é esse. Ele se chama Henri Júnior, nome que veio do pai, o Francês velho de guerra. Henri vai ser homenageado amanhã – escrevo neste domingo, 18 de abril – em Maringá. Dará nome à Sala de Imprensa da Sociedade Rural. Ivan Amorin pediu que eu escrevesse algo para ser lido por um mestre de cerimônias no ato da inauguração. Vai te lascar, zé. É responsa demais. Vou marcar presença e ficar em resignado silêncio. Cabeçudo mora no céu. Nos deixou antes dos 30, depois de uma luta heróica contra um câncer no cocuruto. Ele brincava com aquele buraco no alto da cabeça. Pedia pra gente passar a mão. Cabia uma bola de sinuca naquele buraco. Se fosse escrever algo, elogiaria a iniciativa da Sociedade Rural e recomendaria aos vereadores de Maringá que dessem o nome dele a alguma avenida, de preferência bem grande e importante, onde, com certeza, se dependesse do Cabeça, só circulariam lealdade, carisma e camaradagem, no último grau.

sábado, 17 de abril de 2010

Na falta do que fazer...


Contribuição absolutamente espontânea e desinteressada que recebi de um brother são-paulino e que aqui publico como homenagem a essa data tão especial dos co-irmãos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Flagrantes - Parte I



Yuri Sampaio presta atenção em alguma baboseira de Rogério Fischer.



Luizinho conversa com Ariel Palacios e a esposa dele cumprimenta Vânia, enquanto o mané aqui se distrai com alguma coisa do balcão para dentro.


Ariel "Bendito ao Fruto" Palácios com Cláudia Romariz, Carina Paccola, Priscila, Vânia Novelli, Edra e Denise Gentil.


Observado por Yuri, explico a Ariel a influência do sexo e da religião no alinhamento dos planetas depois da vitória do Corinthians pelo Mundial de Clubes Pernas-de-Pau. Ou não.


Flagrantes - Parte II


Luizinho muito bem acompanhado: Pri, Denise, Edra e Carina Paccola.


Loyollinha crava os dentes no cangote do pai, enquanto a mãe e o restante da caravana de Guaíra posam para a foto.



Tadeu Far Wau no atabaque, Marcelo no não-sei-o-que, Luizinho no vocal, Ruizinho na flauta e Marco no violão: Clube da Esquina Revival.



Ariel Palacios finge ignorar algo de que Luizinho, Vânia e eu rimos.




Alexandre Horner, Denise Gentil, Ariel, Helion (marido da Cláudia) e a própria; ao fundo, à esquerda, Marcos Losnak.

Flagrantes - parte III


Aurélio Albano e Marco Beato observam colóquio flácido para acalentar bovinos de Carlos Loyolla pra cima de Ariel Palacios.


Vânia Novelli reencontra Silvia Helena Duarte Lopes; no fundo, Apolo Theodoro racha o bicho, vai lá saber de quê.

Priscila pele de bebê, Silvana Leão (que aniversariou na festa), Denise Gentil e Edra Moraes: versão século 21 de As Frenéticas.


Ruizinho e Aurélio, ao centro, com as flautas, comandam o Clube da Esquina Revival.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A discotecagem que não rolou

Levei uma dúzia de vinis, com os quais eu discotecaria uma hora e meia, como havia sido combinado, só que a organização da festa, avisada com um século e meio de antecedência, se esqueceu de preparar pelo menos uma picape. Mas como tem gente curiosa sobre o que eu iria tocar, vai aqui um setlist preparado, mas não executado. Típico "a volta dos que não foram". Pela ordem:

1. IGREJA, Titãs (só pra sentir a pegada).
2. PRO DIA NASCER FELIZ, Barão (pra embalar).
3. SOU BOY, Magazine (zoação total; se estamos falando de vinil, uma homenagem ao Kid).
4. EU QUERIA TER UMA BOMBA, Barão (passa aí um flit paralisante qualquer).
5. PORTUGAL DE NAVIO, Mutantes (essa e mais duas de "Algo mais", melhor disco da música brasileira).
6. POSSO PERDER MINHA MULHER, MINHA MÃE, DESDE QUE EU TENHA ROCK AND ROLL, Mutantes.
7. PANIS ET CIRCENSES, Mutantes.
8. VALE TUDO, Tim Maia (festa sem Tim Paia não é festa, é formatura de catecismo).
9. SOSSEGO, Tim Maia (ao vivo, como a primeira).
10. LOVE HURTS, Nazareth (só pra quebrar o embalo)
11. STILL LOVING YOU, Scorpions (se rolasse clima; vai que...).
12. DEUSDETI, Língua de Trapo (pelo menos uma, né?).
13. LÍNGUA, Caetano (com Elza Soares)
14. VACA PROFANA, Gal (só pra lembrar a campanha pelo DCE-86).
15. MIM QUER TOCAR, Ultraje (pra reembalar a moçada).
16. ZORAIDE, Ultraje (quem lembra dessa? quem?).
17. BLACK DOG, Led Zeppelin (daqui pra frente, é pra quebrar tudo).
18. HIGHWAY STAR, Deep Purple (Made in Japan, ao vivo, com grande possibilidade de emendar CHILD IN TIME).

Se iriam gostar, bem; se não, amém. Pensei em meter um Tião Carreiro no meio, mas não achei armadura pra comprar no Viscardi.

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Esse negócio de listar pessoas é uma bosta, a gente sempre esquece de alguém. Complementando o post anterior, registro as presenças luxuosas de Vera Barão, Nelson Satossauro, Sônia Weil, Yuri Duende e Pedrinho Livorati. Se compareceram na sexta ou no sábado, não faço a menor ideia. Mas que foram, foram. Viu, Brukão pipoqueiro?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Eu sei o que você fez em 1984 - a festa

Bem, vamos à festa propriamente dita. Ou o que dá para lembrar da "Eu sei o que você fez em 1984" três dias depois. Comecemos pela sexta-feira, dia em que bati em retirada depois da uma da manhã. Apolo Theodoro disse que foi só eu botar o pé pra fora que o Loyolla chegou com o Aurélio. Isso dirime aquela dúvida do post "Perdemos o Loyolla". No sábado, que era para ser o grande dia, quase tudo deu certo. E foi um grande dia. A organização deixou a desejar. Me pediram uma participação. Ofereci uma discotecagem de vinil. Propagandearam-na a rodo. Teve gente que foi por causa dela. E tenho agora que ouvir queixas dos colegas, porque a discotecagem não rolou. Lógico! Passava da meia-noite quando alguém me perguntou: "Você trouxe a picape?"
O certo era mandar o cara - a quem havia sido encomendadas duas picapes com dois meses de antecedência - à merda, mas, enfim, a noite era de festa, não de ressentimentos, então desencanei e curti a parada, até porque logo depois o palco foi invadido por Luisinho, Marco Beato, Aurelinho, Pedro Livorati, Tadeu Far Way e sua Angela. Clube da Esquina revival. A tchurma delirou. Curtimos de montão. Meu plano inicial era emendar a balada com o GP da Malásia, que começou às 5h. Cheguei em casa por volta das 4h, deixei a TV ligada na Globo, baixinho para não atrapalhar o vizinho, na vã esperança de despertar e ver a largada. Puá... Fui saber que o Massa havia tomado a liderança do campeonato depois do meio-dia.

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Registrando presenças. Bem, éramos 40, na turma inicial. Podemos considerar aí uns 35, porque teve nego que desistiu de prima. Reinaldi, Carlos Massa, Mori... O Pek, que frequenta aquele pedaço ali da Mato Grosso, Kiberama, Vegetariano e adjacências, ninguém viu para dar um toque. Tem gente morando no exterior. Quem poderia ter vindo mesmo e não veio foram Rose Castro, que está em São Paulo; Dirceu Herrero, de Maringá, que não tinha se tocado de que era Semana Santa e tinha se comprometido com a família em Andradina; Denise Sacco, de Jaboticabal, que ignorou recados. Enfim... Deram as caras o Ariel Palacios, que veio de Buenos Aires; Loyolla, ressuscitado em Guaíra; Priscila e Vânia, de Palmital e Ibitinga, mas atualmente em São Paulo. Lusinho e Marco, também na Paulicéia. Silvia Helena Duarte Lopes, lá do ABC. Os "londrinenses" Aurélio, Carla, Cláudia, Rogério, Carina Paccola, Silvana Leão. Faltou a Graça Milanez, que está em Umuarama. Denise Gentil e Edra, claro, estavam. Caramba, estou com medo de ter esquecido alguém. Mas acho que não.

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Vânia Novelli está igualzinha, igualzinha. Com o mesmo jeito, as mesmas idéias, o mesmo corpo. Priscila está acima do peso, mas com a pele de um bebê - impressionante! Ariel também pouco mudou. Estava de férias. Tinha acabado de chegar da China, onde foi com a mulher. Silvia apareceu com o filhão, Emanoel - é o Serginho Patão, irmão dela, escrito. Loyolla está coma barriga imensa. O filho dele com a loura Ana é um moleque hiperativo. O moleque é o cão. Não para um segundo. Bem, fiquemos nos "estrangeiros".

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Também apareceram - afinal, a festa era também dos agregados e simpatizantes - Alexandre Horner, Marcos Losnak, Apolo Theodoro, Du Quatá. Pô, Marião Marins, quase ia esquecendo. Marião Banespa, como o chamávamos, veio de Prudente. É chefe de Redação da TV Fronteira. Tomou todas e mais algumas. Ficou na casa dum chegado, o Max, músicos dos bons. Também apareceram a Drai, o Ruizinho flautista, hoje um oftalmo de respeito. Bem, quando saí, trançando as pernas, ainda havia muita gente lá. Não pude ir ao Dá Licença rural, no almoço de domingo, para saber como a coisa terminou. Mas notícia ruim corre rápido e, como não fiquei sabendo de nenhuma, acho que salvaram-se todos. Foi du caralho. Experimentamos, aquela dúzia e meia, uma irmandade que não sabia que tínhamos. Isso é coisa pra vida toda. Brothers, no melhor sentido. Nenhuma rusga, nada. Só abraços, beijos, risadas, confraternização. Como diria aquele locutor carioca das escolas de samba, déish, nota déish.

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Cadê as fotos, Carina de Deus?

Velharias

Bem, vamos falar da festa, então. Antes de mais nada, posto aqui, de uma vez só, o restante das fotos que eu pretendia postar em pílulas durante a semana, mas a correria de trabalho não deixou. Entonces, publico as fotos velhas à espera das novas, que a Carina clicou e está baixando a resolução para não pesar demais.


Nessa aí de cima estamos eu e Cris Agostinho no corredor do CECA, provavelmente perto do cafezinho do tio. Na parede, cartaz do "Abram os livros que o professor sumiu", acho que uma chapa que disputou o CA. O DCE acho que não era. Para o DCE nós articularmos a VACA (Vamos Conquistar Autonomia), que bateu a chapa da direita do CESA e venceu a eleição na última urna. Na época dessa foto aí eu nem imaginava em namorar, muito menos em casar, muito menos ainda em ter uma filha com a Cris. Resumindo: a Natália faz 14 anos agora em maio. A Cris era duma turma um ano, um ano e meio à frente da nossa. Andava com a turma odara: Texugo, Jogó, Jersey, Fredão, Riba, Sandrão et caterva. Não saía do Clube da Esquina. Começamos a namorar após uma luta do Tyson, que assistimos no Bar do Jota. Ficamos nove anos juntos. Quando saímos da república da Paraíba 322 para uma casa privativa, fomos morar na Rua Taubaté, no Jardim Vera Liz, a poucos metros da antiga Belon, na outra ponta da mesma rua onde nascia o Jornal de Londrina. 1989.


Isso aí é 1984, 1985. Estamos na parte térrea da república da Paraíba 322. Esse fiót caixara-de-fórfi era do Adilson, amigo de Guará, que fazia Odonto. Embaixo, a madeireira Paroschi. Morávamos no sobrado que estava imediatamente à nossa esquerda. Quatro quartos, um banheiro, uma sala e uma cozinha ignorante de grande. Estou aí com a camiseta do Macrô, nosso bloco carnavalesco em Guará, em homenagem à dieta que fez o Carlinhos, meu primo, perder umas cinco arrobas. Estou ladeado pelo Loyolla, de Guaíra, e por Helder Vilela, o Helvil, de Tamarana. Sim, Loyolla apareceu na festa. Helder viu os posts abaixo, se emocionou, mas não pode sair de Goioerê. Na foto, batida não sei por quem, Loyolla faz gracinhas, bem ao seu estilo; Helvil, idem. Isso aí é Paraíba quase Mossoró. Descendo a Mossoró 50 metros, ficava a linha férrea desativada, hoje Leste-Oeste. Seguindo a Paraíba 50 metros adiante, o Hotel Paraíba, o pulgueiro a que me referi no post sobre o níver do Osmaníaco. Na frente da república, a pensão da dona Ana, onde ganhei 30 quilos em um semestre e meio. À esquerda, o SESC da Fernando de Noronha e, um pouco mais à frente, na esquina com a Benjamin, a antiga HM, que ainda funcionava - hoje é um templo do Edir Macedo.


Nessa aí estou fazendo pose para uma foto de Josias Barrozo, a pedido da Carla Sehn, que já trabalhava no extinto Paraná Norte. Era a Redação do PN. Não sei se havia ido visitá-la ou tinha ido conversar com o Jogó que tinha me oferecido emprego. Carla era uma das mais jovens da turma de 1984/1. Entrou na faculdade aos 17 anos. Filha mais velha de Enio Sehn, naquele tempo dono de apenas um Dá Licença - o do Calçadão, aquele pequenininho, porém o mais tradicional. O segundo, o da João Cândido, ele abriria - ou reativaria - logo depois. Lembro que chamava a atenção um baita caldeirão de ferro pendurado na entrada. Hoje a Carla, o Wider (marido dela) e o Eninho cuidam de uma rede de restaurantes, incluindo um rural, onde a turma descansou, no domingo, da festança de sexta e sábado. Eu, trampando na assessoria da Expo, fiquei de fora.

Essa aí deveria ser proibida para menores de 40 anos. O jeitão de todos - em especial o meu, encostado na parede, o do Dirceu, olhando o infinito, e o do Loyolla, em posição suspeitíssima à mesa - fala mais do que mil palavras. Berenice lê jornal alheia às presepadas reinantes. Jacaroa, namorado do Loyolla Jacaré, está sentada na janela, quatro metros acima do calçada da Paraíba. Esse quarto era o meu. Ou estávamos numa festa ou, mais provável, numa tarde de sábado. Enfim, era tudo a mesma coisa.


Essa aí foi tirada em Ponta Grossa, onde participamos de um Congresso Estadual de Jornalismo em 1986, talvez 87. Foi na UEPG, de onde veio Preto, o Ranulfo, hoje editor de Cultura do JL. Estão na foto Cláudia Romariz, Vânia Novelli (que esteve na festa com o marido italiano Alfredo e a filha Janaína) e a Denise Sacco, que não veio nem respondeu aos inúmeros e-mails disparados pela turma toda. Denise era política pra caralho. No primeiro ano de faculdade, me carregou para Assis, onde haveria um Congresso de Sociologia com Florestan Fernandes e FHC (então com aquelas olheiras horríveis). Se a laje da faculdade e as salas de aula da Unesp falassem... Logo depois Denise me arrastou para São Paulo, onde o irmão mais velho dela detinha um cargo de relevância no PT paulista. Saímos os três uma noite, duros. Fomos comer uma pizza. Era uma pizzaria da moda. Talvez lembre o nome antes de terminar o texto. Era parecido com Boreluccio, mas essa é de Londrina. Como tínhamos dinheiro apenas para uma pizza, pedimos uma com borda recheada - uma novidade para nós, do sertão. Vocês precisavam ver a cara do garçom quando pedimos catchup e maionese. Todos nos olhavam. Aquilo era um acinte. Mas trouxeram. E nos refestelamos. Fomos a um encontro do PT. Todas aquelas figuras carimbadas do primeiro time estavam lá. O PT discutia, na época, se seguia pela via eleitoral ou descambava para a luta armada. Sério. Era uma época em que sonhávamos construir algo diferente no que se refere ao jeito convencional de fazer política. Desculpem, mas não deu. E eu não lembro o nome da pizzaria.

sábado, 3 de abril de 2010

Perdemos o Loyolla!

O que seria a grande atração da primeira noite - e da festança em geral - simplesmente não apareceu. Pelo menos até as duas da manhã, quando dei aquela famosa escapada à francesa e vazei do Cemitério, numa estratégia para conseguir trabalhar hoje e reservar alguma força para o fervo deste sábado na "Eu sei o que você fez em 1984". Já estávamos todos pra lá de Teerã e nada do Loyolla. A comitiva que ele trouxe de Guaíra - um bando de rapazes de 20 e poucos anos - foi, mas ele mesmo, necas. A turma da comitiva contou que estavam todos indo para a festa quando o Loyolla foi sequestrado pelo Pedrinho Livorati, que, pela longa amizade, ofereceu a ele e a alguns poucos privilegiados - incluindo Aurélio Albano e Tadeu Far Way - um jantar em casa. O resultado era previsível: encheram o caco por lá mesmo e nos deixaram a ver navios. Eu ainda acho que eles acabaram aparecendo por lá na alta madrugada, mas estou sem coragem de checar a informação com alguém nessa manhã chuvosa de sábado, quando qualquer vivente sem maiores responsas deve estar roncando debaixo de um edredon. Quando saí do Cemitério, Marcos Beato e Luisinho davam o show de sempre, com as meninas - Carina, Denise, Vânia, Priscila - babando no gargarejo, como em 1984. Marião Marins não demonstrava qualquer sinal de ausência de lucidez depois de horas entornando o que visse pela frente. Duzera apareceu com uma mina. Apolo Theodoro deu as caras, já no meio da madrugada. Marcos Losnak e Alexandre Horner marcaram presença. Chris Viana declamou poesias, seguida de Edra Moraes. Edu Batistella arregaçou numa performance com o violão, seguido por Max e Renato Alves. Foi só uma canja desse pessoal, que volta ao palco hoje pra valer. Vou levar os vinis, para uma discotecagem básica. Hoje o bicho pega. Meu plano inicial é mixar a balada com o GP da Malásia. Quero ver como estarei às 8h30, no trampo. Mas não vamos antecipar sofrimentos. Deixemos para o momento certo. Sofrimento deve ter passado o pessoal de Guaíra, que ficou grudado no celular monitorando a vida do Loyolla. "Ele tá vindo, tá vindo!" E nada do cara aparecer. Eu ficava, a cada cinco minutos, gritando para o pessoal, que caía na gargalhada: "Cadê o Loyolla?" Jacaré, se você não apareceu, deve ter sido bastante xingado. Não mais que o Pedrinho, que, ao oferecer o tal jantar, criou um evento paralelo e esvaziou o principal. Véio, tua oreia deve esta quente até agora. Nada que a distribuição homogênea de, digamos, 15 ou 20 fichas de cervejas não arrefeça a ira do pessoal. Combinado?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Osmaníaco, 50



A preparação para a festa "Eu sei o que você fez em 1984", que começa nesta sexta e vai até domingo no Cemitério de Automóveis, em Londrina, teve um aquecimento-monstro na quarta. Osmani Costa, ilustre cidadão de Campos Novos Paulista, aluno e agora professor da UEL, fez cinquentinha e convidou 50 amigos - lista que tive o mó orgulho de integrar. É um privilégio fazer parte dessa lista, assim como é um privilégio tirar uma foto ao lado de dois Osmanis - o original, à esquerda, fazendo positivo, e o cover, ao centro, com um copo de cerveja. Assim como é um privilégio dividir o espaço, sempre, com Zé Ganchão e Vivian, o primeiro casal da foto de cima, onde está também o casal Janice-Osmani. De todos, Janice é a única não-jornalista. Gancho, com quem trabalhei poucas semanas no extinto Paraná Norte, em 1987, e Osmani, a quem tive a honra de resgatar para a Folha de Londrina, como editor de Local, na década de 90, são mais que dois amigos. São, para mim, referência de profissionalismo e seriedade e, pra não usar o desgastado termo ética, de vergonha na cara. A festa do Osmaníaco foi no Estação, lugar chique que empreendedores montaram num antigo barracão de café na Rua Paraíba, onde morei nos meus primeiros seis anos de Londrina. A Paraíba, em 1984, terminava, na prática, na Mossoró. Da Mossoró até a desativada linha do trem, hoje Leste-Oeste, restavam uns poucos quarteirões tomados pelos barracões que então recebiam mais algodão do que café. Lá ficava o lendário Hotel Paraíba, onde pulularam, durante décadas, pulgas, baratas, putas e bêbados de todos os calibres. Nem nós, estudantes duros e destemidos, tínhamos coragem de frequentá-lo. Para lá ia boa parte dos sem-noção que pouco antes haviam passado pelo Nanico ou pelo Sereno, ou simplesmente tinham abraçado a primeira princesa das muitas que faziam ponto ao longo da Quintino e que cobravam deilão por 40 minutos de puro amor. De lá para cá, a Paraíba ganhou um edifício - onde morou Aurelinho Albano - e empreendimentos comerciais de primeira linha como o Estação e o Empório Guimarães, que deram outro aspecto àquele pedaço que era uma verdadeira boca-de-porco.