sexta-feira, 23 de abril de 2010

De volta ao Barro Preto

Dar uma de turista na própria cidade tem essa vantagem: nesta sexta, não eram nem bem sete horas da manhã e já ganhei um convite para pescar e churrasquear na beira do rio. Levantei cedo pra buscar o leite no sítio com a Vera e a Ciló, já que, hoje, o João Luís dobra o trampo na usina. Então, antes das sete estava na padaria do Ismael, que puxou conversa e, ao final, disse que, se desse tudo certo, ligaria de tarde para nos convidar a conhecer o rancho que ganhou de herança e que ele ajeitou com uma bela varanda, uma piscininha de plástico e três represas das quais, entre um naco de carne e um copo de cerveja, tira umas tilápias. Café tomado, rumei pra casa dá vó. Ciló resolveu ficar, para cuidar das casas. Fomos eu, Vera e dona Zizinha pro Barro Preto. No caminho, a conversa de sempre: o medo dos cachorros que o falecido Tim colocou lá e até hoje amedronta os incautos. Revi o pomar de jabuticabas, o pé de amora que não existe mais, o antigo mangueiro. De repente, a surpresa: a matilha aumentou - uma cadela teve dez filhotes nesta madrugada. Vera jogou água e deu uma lavada básica na Capelinha, que, segundo a vó, Paulo Fischer ergueu em 1973. Há tanto ferro e alumínio jogado por toda parte que é capaz de, reciclado, dar pra comprar um carro. A velha paineira está florida, com seus trinta e tantos metros de altura. Chupei uma mixirica de um pé novo - azeda pra carai. O pé de tamarindo cresceu tanto que sombreou quase todos os pés de jabuticaba. Há três ficus em frente à varanda - dava para cortar dois, deixando só o do meio, porque plantaram muito pertinho um do outro, e ficus cresce barbaridade. O carreador de acesso ao sítio - são 3 km da sede até a casa da minha vó - está quase todo erodido. Coitada da dona Zizinha: a estrada ruim e o Fiat pior ainda fizeram-na chacoalhar várias vezes a velha carcaça, que completa 91 anos agora em agosto. Os pastos ao redor estão abandonados, embora cercados - o que dá um tom melancólico, porque antigamente não havia cerca, dava um ar de liberdade, e não sei por que cercar, se os outros sitiantes do pedaço não cuidam direito. Enfim, antes das nove já estávamos de volta, e ainda tinha o dia inteiro pela frente. E não fomos ao síto da Grota ainda, para eu saber exatamente o que vai abarrotar meu porta-malas na volta a Londrina, mas, pela estação, não deve fugir muito de poncãs, laranja, limão e os atemporais: mamão, banana, abacate. E, claro, as carnes, que são um capítulo à parte. Guará é uma delícia. Preciso comprar uma maquininha digital.

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