terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Tragédia anunciada
Guará acordou absurdada, por causa da morte de um casal. Zé Antônio matou a mulher, que o chifrava. Duas pessoas tidas como do bem. A mulher - não sei o nome - tinha 15 ou 17 irmãos, conforme as duas versões que ouvi. Zé Antônio, três. Um deles, o Salvador, não sai do Bar do Zeca, onde, ontem, tomei várias com o Ronaldi Cueio. Nunca comprou uma bala lá no bar, nunca ninguém ouviu um pio dele, mas é tido como uma das pessoas mais bem informadas da cidade. Bem, o irmão do Salvador já havia ameaçado a esposa de morte. Por conta disso, ela já fizera dois boletins de ocorrência na polícia. Homem simples, da roça, de poucas palavras, Zé Antônio matou a esposa com três tiros logo de manhã. Em seguida, foi ao pátio da antiga Mogiana, onde guardava o caminhão com que transportava caçambas. E se matou. Saiu na TV, o escambau a quatro. A cidade ficou estupefata. Minha mãe pediu - e, claro, foi atendida - para que abortássemos a roda de viola prevista para amanhã, no sítio. Não é difícil imaginar o que se passava na cabeça de um matuto como Zé Antônio. Com o assassinato, quis lavar a honra. Com o suicídio, livrar-se da vergonha.
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