Como jornalista, estou fazendo um trabalho free lancer dentro do qual há uma matéria sobre os 50 anos do Lago Igapó. Depois das entrevistas de praxe sobre a importância e as necessidades do lago, cujo centenário oficial será comemorado no dia do aniversário da cidade, em 10 de dezembro, me ocorreu de buscar imagens sobre os dois momentos culturais mais significativos da história daquela área, pelo menos para mim, eu que tenho 25 anos de Londrina: o show musical no palco flutuante, justamente em 1984, e a apresentação da peça "A Tempestade", com Paulo Autran, dez anos depois.
Por terem sido dois momentos tão legais, imaginei que encontraria fotos com relativa facilidade. Foi aí que deparei com um defeito pelo qual Londrina já era criticada quando aqui cheguei: a falta de memória, a falta de zelo com as coisas históricas. Por mais que um ou outro abnegado lute aqui e ali pela preservação da memória local, ainda temos muito a avançar nessa área. Quero deixar claro que não se trata de uma crítica direta às pessoas e instituições, apenas um relato sobre uma dificuldade que nunca imaginei que encontraria.
Comecei recorrendo a um amigo que trabalha há muitos anos na prefeitura - e lá, segundo ele, não há imagens do Show do Cinquentenário nem de "A Tempestade". O chegado me sugeriu procurar o Museu Histórico, cujo responsável me recomendou que procurasse o pessoal do Foto Clube. Coincidentemente, o presidente do clube, Mário Jorge Tavares, que ocupou a presidência da Sercomtel na interinidade de Padre Roque como prefeito, tinha sido por mim entrevistado para outro matéria. Apelei a ele, que deflagrou uma ampla, simpática e solícita rede de contatos - mas, até agora, não apareceu uma mísera fotografia, nem de um evento, nem de outro. Apenas sugestões de procurar fulano e sicrano.
Claro, sei que deve haver registros por aí, mas apenas essa dificuldade inicial já comprova suficientemente o quão desmemoriados nós somos. Afinal, estão em questão dois eventos de enorme grandeza, que consumiram da cidade porções significativas de recursos e atenção. O caso de "A Tempestade" me parece mais grave, posto que a peça foi encenada há somente 15 anos, com grande estardalhaço - Paulo Autran ficou meses na cidade, ensaiando a peça junto com, se não me engano, a Companhia Armazém de Teatro. Por uma imagem dela, recorri, via Orkut, a Adriano Garib, que atuou naquele drama de Shakespeare e que fora meu colega de Jornalismo na UEL. Ainda aguardo retorno dele. Dei uma "gulgada" e achei algumas referências, mas foto que é bom, necas.
Também recorri ao Google para encontrar algo sobre o show do cinquentenário de 1984, também em vão. Show, aliás, no plural, porque, além de apresentações de MPB no palco flutuante montado no Igapó (Arrigo, Herva Doce, Jorge Ben sem o Jor), houve um encontro histórico de sanfoneiros no Moringão - Sivuca, Dominguinhos e Osvaldinho fizeram tremer as arquibancadas do ginásio. No Estádio do Café, houve um quandrangular que reuniu o LEC, o Café (lembram-se dele?), o São Paulo e o Palmeiras. Na primeira rodada, o Tubarão enfiou um saco no Cafezinho, que, acho, disputava a Segundona estadual. E o Palmeiras derrubou o São Paulo com um gol olímpico de Jorginho em Valdir Peres. Foi minha vingança pessoal contra o goleiro que contribuiu e muito para a derrota do time de Telê na Copa de 82. Na decisão do quadrangular, deu Verdão, 1 a 0.
1984... Já tratei desse tema aqui, sob o título "O ano em que fizemos contato". Londrina ainda usava a velha rodoviária, pois a nova se resumia a alguns alicerces abandonados na primeira administração Belinati - Moreira, que o sucedeu, criou o Condomínio do Terminal Rodoviário para atrair cotistas e recursos para finalizar a obra. Os trilhos da linha férrea ainda dormiam no leito da futura Leste-Oeste - e eu morava ali pertinho, na Paraíba quase Mossoró, tão próximo das putas do Nanico quanto do ponto do ônibus que nos levava à UEL. Não havia o Shopping Catuaí, nem a avenida Madre Leônia - a Higienópolis com asfalto acabava logo depois do Iate, na altura do Parque Guanabara. A maravilhosa Gleba Palhano, que hoje reúne ricos empreendimentos imobiliários do Lago Igapó até a entrada do patrimônio Regina, era um amontoado de chácaras e lotes cheios de mato. Ao passar pela Faria Lima, rumo ao câmpus, não adiantava fechar as janelas do TCGL - o fedor e os pernilongos invadiam as narinas, até que o mesmo Moreira aterrou parte do Igapó 2 para pôr fim àquilo.
1984... Lembro do meu pai, após visitar a cidade do filho universitário, comentar com amigos, em Guará-SP, a maravilha de uma cidade de 400 e tantos mil habitantes com apenas 50 anos de vida. "Do tamanho de Ribeirão Preto", ele dizia, para espanto de quem ouvia. No Google, encontrei apenas a foto acima, de um desfile de escolas na JK.
Enfim, estendo a todos o pedido de favor que fiz aos já citados amigos: alguém aí tem fotos desses eventos que marcaram Londrina?
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Rogê Ferreira:
ResponderExcluirConverse com a Carla Nascimento, aqui no JL. De repente aparecem umas fotos (de 1994, porque em 1984 o JL não existia). O pessoal do Armazém, lá no Rio (21) 2205-3839 e 2527-0452, deve ter fotos de "A Tempestade" - e o contato do Garib, que trabalha ali na Baía da Guanabara.
Valeu, Briguet.
ResponderExcluirvaldir peres só cometeu uma falha em 82 contra a rússia e o brasil ganhou aquele jogo. saímos da copa, por causa do junior que dava condições pro paulo rossi fazer o terceiro da italia.
ResponderExcluirpronto falei
O gol de fora da área do Rossi foi um frangaço. Aquilo nunca que seria goleiro de seleção. E o contrasenso da bagaça é que foi justamente no São Paulo, onde Valdir Peres tinha jogado, que Telê foi conquistar títulos e enterrar a fama de pé-frio. Para isso, levou do Palmeiras o Zetti e o Valdir Joaquim de Moraes. Depois de ter sofrido com Valdir Peres, foi recorrer onde há goleiro bom.
ResponderExcluir1. O Valdir era um goleiro brilhante, mas muito irregular. Em 82, frangou com a Rússia, jogou muito bem contra a Argentina, mas teve uma atuação pífia contra a Itália. Júnior e Cerezo também erraram feio naquele dia fatídico, mas ninguém merece ser crucificado. O Brasil de 82 era um time genial. Não sei se levar o Leão seria o melhor, porque ele era - e é - muito mala e desagregador.
ResponderExcluir2. Rogê Ferreira, estou precisando falar com você. Não, o assunto não é a Copa de 82, infelizmente! Ligue-me aqui no JL (3377-3115).
Oi Rogério, tudo bem? acho que quem deve ter alguma imagem é o Milton Dória. beijos
ResponderExcluirObrigado, Karen.
ResponderExcluirProcure o Oswaldo Militão. A ideia do show dentro do lago foi dele.
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