(Publicado neste domingo 11/9 no Jornal de Londrina)
Pra
começar, um time que adora jogar pontos preciosos na lata de lixo – como se viu
contra Cruzeiro e Atlético-PR. Ainda por cima, o cara ainda é obrigado a ver o
maior bambi da história completar mil jogos no Morumbi lotado, numa festança invejável.
E, pra completar a desgraça, o Curíntia vira o jogo pra cima do Flamengo e
sacramenta a liderança.
“Nossa
Senhora do Chuveiro Elétrico”, pensou Bracciola após a rodada de meio de semana,
“dai-me resistência para agüentar uma situação dessas”. Foi daí que, talvez
evocando os anarquistas italianos do século passado, nosso amigo palmeirense decretou
greve – dele para com o futebol.
Na falta de
um Tubarão no Estádio do Café, programou o final de semana apenas com cinema.
Veria “O Homem do Futuro” no Catuaí e “A Árvore da Vida” no Com-Tour. Nem daria
bola para o jogo com o Inter. Não queria ver o Parmera descartando coringa mais
uma vez.
Tragédia
por tragédia, veio à mente o 11 de setembro, que completa 10 anos hoje. Lembrou
de tudo que fizera naquele dia. Era uma segunda-feira. Às oito e pouco da manhã,
foi ao Centro Comercial tomar café. Viu ao vivo, pela tevê, o segundo avião de
Bin Laden adentrar a torre sul do WTC e, a partir de então, o mundo inteiro teve
a certeza de que o primeiro choque, na torre norte, minutos antes, não havia
sido um mero acidente aéreo, e sim o maior ataque terrorista da história.
O final
daquela noite e a madrugada do dia seguinte Bracciola passou no 14º andar de um
edifício defronte o cemitério São Pedro. Estava ali numa missão kamikase: cair
matando em cima da moradora, uma morena clara de vinte e poucos anos que,
naquela época, mesmo com roupa e tudo, representava um atentado público ao
pudor – especialmente para quem freqüentava o Bar Brasil ou o antigo Valentino.
Tanto fez o
nosso amigo que lá pelas tantas a garota cedeu e então, ali, sob o chuveiro, já
nas primeiras carícias, se fosse possível que algo desviasse sua atenção, não
seria, por mais trágico que tenha sido, o ataque às torres gêmeas.
Embora
improvável, seria mais fácil a Bracciola lembrar do desfecho da velha piada do
palmeirense que, indignado com a esposa reclamona, seguiu a recomendação de um
amigo e, na hora de ir pro estádio, para não ouvir o chororô de sempre, pegou a
patroa, colocou-a de bruços no colo e, quando preparou a palmada, olhou aquilo tudo
e vaticinou:
– Que futebol
que nada...
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