(Publicado neste domingo 25/9 no Jornal de Londrina)
Já que o clássico de quarta ficou mesmo no zero a zero e, portanto, ninguém teria motivo para tirar sarro no outro, o são-paulino Luís César resolveu convidar Moitinha, na sexta-feira, para dividir um comercial esperto no restaurante do Danilo, na Pernambuco, ali perto do Terminal. Já passava das duas da tarde, mas o Danilo – pensou – não iria fazer essa desfeita. De qualquer modo, se o almoço já tivesse ido pro beleléu, ofereceria ao colega corintiano a oportunidade de matar dois daqueles bolinhos de carne divinos preparados pela senhora mãe do Danilo.
Antes, passaria no Detran para mudar o endereço no cadastro. Subindo a Sergipe, notou uma das coisas que mais lhe deixa na bronca: agente da CMTU de óculos escuros olhando pro nada e mascando chiclete.
Deu de cara com o Detran fechado e o aviso: horário de atendimento até as 14h. “Fechar às duas da tarde é pra acabá”, pensou Luís César, que ao passar por um shopping ouviu, na TV, a notícia de que um satélite de cinco toneladas, do tamanho de um ônibus, desativado em 2005, iria cair naquele dia na Terra, sem que a Nasa tivesse noção do local da queda. “Ah, essa eu preciso contar pro Moitinha.”
Nisso, Moitinha descia a Minas Gerais, macambúzio e sorumbático por conta da primeira semana do Timão fora da liderança, ainda que o empate com o São Paulo tivesse, pelo menos, evitado a sensação de um desastre.
Mas, na quinta, o Botafogo ganhara do Grêmio, jogando o Timão para quarto lugar. Até o Parmera vencera – 1 a 0 no Ceará, gol contra de Tiago Mathias – após longo e tenebroso inverno, com direito à torcida no Canindé gritando Ão, ão, ão/ Luan é Seleção.
“Era só o que faltava”, pensou Moitinha, indignado, sem se dar conta da ironia dos palmeirenses. “E esse Tiago Mathias... Ajudou a afundar o Londrina em 2004 e agora me faz um gol contra e a favor do Porco”, lembrou. “E o Curingão nessa draga: me perde a liderança, o capitão do time afastado, a Fiel pedindo a cabeça do treinador. O que mais falta acontecer? Um objeto espacial cair em Itaquera?”, ele viajou.
Ao virar a Sergipe, rumo ao restaurante, o corintiano dá de cara com Luís César, que exclama:
– Moita, preciso te contar uma coisa, você não vai acreditar.
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