Desde que o santista Léri-bí apareceu e, mancomunado com o bambi Luís César, fez troça dos “mundiais” do Curíntia e do Parmera, os rivais, caindo feito patinhos, se sentiram desafiados a “provar” que são tão campeões quanto eles. A bola, agora, estava com Bracciola que, a exemplo de Moitinha, tomou um gole generoso de Presidente a fim de aprumar as ideias.
A preocupação de Bracciola era encarar o “inimigo” Luís César. Era conhecido de todos o entrevero deles sobre a importância da Taça Rio, o torneio que a prefeitura carioca promoveu em 1951 para movimentar o gigante Maracanã, às moscas desde a tragédia da Copa de 50. Bracciola se apegava à qualidade do torneio, enquanto Luís César batia na tecla de que se não era da Fifa, então não valia nada.
O palmeirense matutava. Por onde começar? Pelo aspecto técnico da competição, que reuniu oito campeões europeus e sul-americanos? Pela importância histórica da conquista, com a qual o Brasil teria começado a deixar de ser um país de vira-latas, como apregoava Nelson Rodrigues? Pelo formato do torneio, repetido pela Fifa no Mundial de 2000, vencido pelo Corinthians? Pela decisão, em dois jogos, contra a Juventus, da Itália, com o Maraca lotado? Pela festança sem precedentes na volta dos campeões a São Paulo?
Mal Bracciola abriu a boca, Luís César lançou mão, de bate-pronto, do mesmo argumento com o qual rechaçava, sempre, o discurso do palestrino.
– Lá vem ele com essa fita de Taça Rio de novo. Acorda, porcão. Eu me envergonharia dessa sua tentativa de transformar esse torneio amistoso em um mundial de verdade – tascou o são-paulino. Espumando de raiva pela repetitiva tese e pela intempestiva interrupção, Bracciola deixou a Taça Rio de lado para lavar de vez a roupa suja, evocando acontecimentos que iam da Segunda Guerra até Rogério Ceni, passando pela Taça das Bolinhas.
– Eu me sentiria envergonhado se meu time tivesse tentado tomar o estádio de outro na mão grande, se tivesse fugido de campo numa decisão de campeonato, se tivesse levado para casa um troféu que pertence a outro, se treinasse gandulas para impedir contra-ataque dos adversários. Mas, enfim, cada um se orgulha e se envergonha daquilo que pode.
De repente, todos concordaram que estava na hora de chamar o garçom e acertar a conta.
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