domingo, 19 de setembro de 2010

Trio diabólico

Bracciola chegou ao Bar Celestial espumando.

– Li no JL um cara falando que o centenário do Curíntia começou agora, dia primeiro - ele disse meio que para ninguém, com o bar ainda vazio, enquanto Carlão, o garçom, arrumava as mesas de fora. “Vai ser cara-de-pau assim lá em Itaquera.”

O garçom escutou, mas fingiu que não. Sabia que quando aconteciam essas presepadas, tipo essa, do corintiano, de repente, se dar o direito de inventar um segundo ano para o mesmo centenário, o Bracciola espumava de raiva.

Carlão ficou na dele, espanando a poeira e armando cadeiras, cônscio de que dali a pouco chegariam Luís César e Moitinha, para, então, os endiabrados amigos protagonizarem aquilo a que se habituaram desde que passaram daquela pra melhor.

Sim, caro leitor, são três diabinhos – um são-paulino, um palmeirense, um corintiano. Ao baterem as botas, se encontraram lá em cima e, apesar das diferenças, não se desgrudam. De lá pra cá, se reúnem todo domingo ou segunda ou terça à noite para analisar a rodada do final de semana.

Pode ser o que for: handebol masculino, futsal feminino, basquete, natação no Country, tênis no Canadá, suíço no Iate, mas, evidentemente, curtem mais o tridêntico futebol.

São diabinhos porque não há como esconder os chifrinhos, ainda que incipientes, como um garrote desmamado. Mas eles estão lá, embaixo da boina ou do boné, como prova cabal de que seus donos estão ali, naquele purgatório, à espera do momento de passar pro andar de cima. E não há lugar melhor que o purgatório para se colocar os pingos nos is.

E, meu Deus do céu, como há coisas a serem discutidas. Brasileirão, Sul-Americana, Centenário, Ronaldo Gordo, São Contusão Marcos, Rogério Ceni, Morumbi out, Fielzão/Itaquera, Arena Palestra, Felipão, Renato Gaúcho, Manôôô...

Basquete, F-1 e todas as siglas com que o londrinense, em particular, se habituou desde sempre ou nos últimos anos: LEC, SM, PSTC, VGD, ADL e por aí afora.

Ignorando a sanha censurística juramentada de uns e outros por aí, os diabinhos vão discutir as coisas da cidade, do Brasil e do mundo, de boa. Pra começar, podiam falar de que morreram. Não antes do Moitinha explicar essa de que o centenário começa agora. Cê tá de brincadeira, hein, Moitinha...

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