Quando começaram as insurreições no mundo árabe, e elas chegaram à Líbia, o londrinense Ricardo Sahão, logo detectou ali a mão da “indústria do combustível”, de olho no petróleo de Muammar Kadhafi. E, como toda ativista social que se preze, deu seu recado: colocou uma faixa defronte a pista de caminhada do Lago Igapó 2.
“Que os ventos da liberdade soprem sobre o Ocidente e o Oriente. Nós temos a internet, o telefone celular e a Verdade. Poder para o povo”, diz a faixa, em inglês, para que a tecnologia espalhe a mensagem mundo afora. Assinado: Sociedade Civil Organizada. De Londrina, é claro.
A faixa fica ao lado de uma placa de alumínio cujo recado – em bom português – foi uma resposta ao presidente estadunidense George W. Bush, que, ao invadir o Iraque de Saddam Hussein, alegou estar fazendo isso em nome da liberdade e da guerra ao terror. “Não em meu nome”, rebate a placa de Ricardo Sahão, que não tem a menor dúvida: tratou-se, ali, de mais uma obra dos ianques para garantir petróleo barato.
Com seus óculos redondos ao estilo de Lampião, os cabelos longos e prateados e um humor contagiante é que o médico Ricardo Sahão vai desempenhando aos 54 anos de idade – “com corpinho de 53” – sua postura de vida a favor da liberdade e da solidariedade, certamente as virtudes que ele mais admira.
Clínico geral formado pela Universidade Estadual de Londrina, nas horas de folga Ricardo Sahão está invariavelmente acompanhado de seu Guild – uma marca clássica de violão utilizada por muitos de seus ídolos musicais das décadas de 60 e 70.
Foi assim, com seu Guild a tiracolo, “para criar um clima”, que Sahão mostrou à reportagem talvez sua maior obra de uma revolução pacífica, baseada não em armas, mas em atitudes: o Jardim Filosófico, que o ativista montou na área externa da clínica de assistência médica que ele e o irmão Eduardo comandam no final da avenida Maringá, à beira do Igapó.
Em vinte e poucos metros quadrados de um barranco sombreado por duas sibipirunas, praticamente uma continuação da calçada, Ricardo Sahão instalou diversas peças que exaltam a vida e a liberdade – a maioria em ferro e alumínio, uma garantia de vida longa.
Assim é que uma “árvore da vida” traz, em meio aos galhos, pequenas placas ressaltando princípios como Solidariedade, Sexualidade, Amor, Paz e o lema da Revolução Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Ao lado, outra plaquinha, anexa a uma caixa de correios americana, US Mail, sugere que sejam postadas ali “cartas de paz e amor”.
Uma lápide, datada de 18/02/1957 (aniversário de Ricardo), informa: “Aqui jaz o mau humor, vítima de uma crise aguda de riso”. Acima dela, o Sino da Alegria, para ser tocado pelas pessoas que estiverem felizes. “Se você não estiver, você ficará.”
Um poste de ferro fundido ao estilo francês sinaliza ali a Esquina da Vida, formada pela Rua da Paz com a Rua do Amor. Fica bem ao lado de uma touceira de cana caiana, que esconde uma placa com um texto que é uma ode à biomassa, a verdadeira Revolução Verde que pode salvar o planeta.
Cinco placas de alumínio, lado a lado, trazem a letra e autoria de cinco canções que, para Ricardo Sahão, trazem mensagens universais de beleza e resistência. A primeira reproduz “Plegaria a un labrador”, de Victor Jara, o professor, músico, ativista político e dramaturgo chileno que foi preso pelo golpe militar de Augusto Pinochet e torturado num estádio transformado em campo de concentração até ser fuzilado a tiros.
A segunda placa traz a letra de “We Shall Overcome”, com a qual Charles Tindley embalou a luta pelos direitos civis nos EUA. Ao lado, “Guantanamera”, poema de José Marti que, musicado por Josito Fernandez, tornou-se uma das mais célebres canções da música cubana.
Para finalizar, duas canções brasileiras: a impagável “Caminhando”, de Geraldo Vandré, entoada milhões de vezes durante o regime militar, e “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, uma homenagem à bravura e às agruras sofridas pelo sertanejo nordestino.
Na verdade, há uma sexta canção, que mereceu um minimemorial, com a letra original em inglês e a tradução em português: “Imagine”, de 1971, com a qual, acredita Ricardo Sahão, John Lennon deu “um recado extremamente revolucionário” complementado pelo Fórum Social Mundial, para quem “outro mundo é possível”.
Eis o mundo de Ricardo Sahão.
“Que os ventos da liberdade soprem sobre o Ocidente e o Oriente. Nós temos a internet, o telefone celular e a Verdade. Poder para o povo”, diz a faixa, em inglês, para que a tecnologia espalhe a mensagem mundo afora. Assinado: Sociedade Civil Organizada. De Londrina, é claro.
A faixa fica ao lado de uma placa de alumínio cujo recado – em bom português – foi uma resposta ao presidente estadunidense George W. Bush, que, ao invadir o Iraque de Saddam Hussein, alegou estar fazendo isso em nome da liberdade e da guerra ao terror. “Não em meu nome”, rebate a placa de Ricardo Sahão, que não tem a menor dúvida: tratou-se, ali, de mais uma obra dos ianques para garantir petróleo barato.
Com seus óculos redondos ao estilo de Lampião, os cabelos longos e prateados e um humor contagiante é que o médico Ricardo Sahão vai desempenhando aos 54 anos de idade – “com corpinho de 53” – sua postura de vida a favor da liberdade e da solidariedade, certamente as virtudes que ele mais admira.
Clínico geral formado pela Universidade Estadual de Londrina, nas horas de folga Ricardo Sahão está invariavelmente acompanhado de seu Guild – uma marca clássica de violão utilizada por muitos de seus ídolos musicais das décadas de 60 e 70.
Foi assim, com seu Guild a tiracolo, “para criar um clima”, que Sahão mostrou à reportagem talvez sua maior obra de uma revolução pacífica, baseada não em armas, mas em atitudes: o Jardim Filosófico, que o ativista montou na área externa da clínica de assistência médica que ele e o irmão Eduardo comandam no final da avenida Maringá, à beira do Igapó.
Em vinte e poucos metros quadrados de um barranco sombreado por duas sibipirunas, praticamente uma continuação da calçada, Ricardo Sahão instalou diversas peças que exaltam a vida e a liberdade – a maioria em ferro e alumínio, uma garantia de vida longa.
Assim é que uma “árvore da vida” traz, em meio aos galhos, pequenas placas ressaltando princípios como Solidariedade, Sexualidade, Amor, Paz e o lema da Revolução Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Ao lado, outra plaquinha, anexa a uma caixa de correios americana, US Mail, sugere que sejam postadas ali “cartas de paz e amor”.
Uma lápide, datada de 18/02/1957 (aniversário de Ricardo), informa: “Aqui jaz o mau humor, vítima de uma crise aguda de riso”. Acima dela, o Sino da Alegria, para ser tocado pelas pessoas que estiverem felizes. “Se você não estiver, você ficará.”
Um poste de ferro fundido ao estilo francês sinaliza ali a Esquina da Vida, formada pela Rua da Paz com a Rua do Amor. Fica bem ao lado de uma touceira de cana caiana, que esconde uma placa com um texto que é uma ode à biomassa, a verdadeira Revolução Verde que pode salvar o planeta.
Cinco placas de alumínio, lado a lado, trazem a letra e autoria de cinco canções que, para Ricardo Sahão, trazem mensagens universais de beleza e resistência. A primeira reproduz “Plegaria a un labrador”, de Victor Jara, o professor, músico, ativista político e dramaturgo chileno que foi preso pelo golpe militar de Augusto Pinochet e torturado num estádio transformado em campo de concentração até ser fuzilado a tiros.
A segunda placa traz a letra de “We Shall Overcome”, com a qual Charles Tindley embalou a luta pelos direitos civis nos EUA. Ao lado, “Guantanamera”, poema de José Marti que, musicado por Josito Fernandez, tornou-se uma das mais célebres canções da música cubana.
Para finalizar, duas canções brasileiras: a impagável “Caminhando”, de Geraldo Vandré, entoada milhões de vezes durante o regime militar, e “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, uma homenagem à bravura e às agruras sofridas pelo sertanejo nordestino.
Na verdade, há uma sexta canção, que mereceu um minimemorial, com a letra original em inglês e a tradução em português: “Imagine”, de 1971, com a qual, acredita Ricardo Sahão, John Lennon deu “um recado extremamente revolucionário” complementado pelo Fórum Social Mundial, para quem “outro mundo é possível”.
Eis o mundo de Ricardo Sahão.
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