quinta-feira, 7 de julho de 2011

Estabanado

(Publicado no Jornal de Londrina nesta quinta 07/07)


Derrubar copo em mesa de bar, esbarrar em batente de porta ou chutar o pé da mesa com os dedos de fora é apenas uma das características de Bracciola, um homem de 1,86m que, ainda jovem, descobriu ter perdido quatro centímetros por conta de má postura no trabalho e, a partir dali, passou a se policiar para não chegar à velhice abaixo do metro e meia de altura.

Outra característica peculiar é a arte de se enroscar. Enrosca-se com uma facilidade tremenda. Dias atrás, naquela semana em que o clima nos lembrou de que, infelizmente, Londrina fica no mesmo Estado de Curitiba, tamanho o frio, o dito cujo conseguiu enroscar a manga no botão da própria blusa de couro.

É um monumento, o sujeito, cujo lado B tem outro ponto de destaque: é péssimo para contar piada. De pouco adiantaram as aulas de Miguel Arturo, Eduardo Judas Barros e Donato Parizoto na UEL, nas quais a turma ria sem parar, seja com o sotaque dos dois primeiros ou com os chistes hilários do último.

O fato é que Bracciola é ruim de piada. Fizera sucesso uma única vez, num retiro espiritual, quando contou a estória dos dois mineiros que, sentados lado a lado num final de tarde, viram elefantes voando, vários, um seguido do outro. E não abriam o bico, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, até que um deles, lá pelo 30º elefante, comentou:

– Acho que o ninho deles é pra lá...

Por isso, a cara de pouco entusiasmo, ontem, no bar do Wilson, ali na rua Pará, esquina com a João Cândido, quando Moitinha o instigou a contar piadas, uma vez que ele e Luís César haviam travado ferrenha disputa nas duas últimas reuniões, um azucrinando o outro. Bracciola se negava peremptoriamente. Mas os dois amigos tanto insistiram que chegou uma hora que o palmeirense achou que ele já estava virando piada. Mirou o são-paulino e mandou:

– Tão falando que o Rogério Ceni é igual Leite Moça: bateu, tomou!

Moitinha rachou o bico. Ria a não poder mais, riu até chorar. Quando parecia que ia parar de rir, Bracciola tascou:

– Tem um amigo meu, palmeirense lá da Vila Yara, que a mulher tá grávida. Vai ganhar uma menina e já decidiu que o nome dela vai ser Libertadores.

– Putz, que nome, hein... - disse Moitinha, inocentemente, abrindo a guarda.

– É pra corintiano nenhum relar a mão nela.

Pra acabar a amizade, faltou pouco. Muito pouco.

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