quinta-feira, 21 de julho de 2011

Falar o quê?

(Publicado nesta quinta-feira 21/07 no Jornal de Londrina)

Era a terceira vez que ele tentava pular da cama. Não estava fácil. Pegara pesado na noite anterior. Começou com uma inocente sessão de cinema no Com-Tour. Em cartaz, “O Poder e a Lei”, com Mattew McConaughey, o hollywoodiano que, bobo nem nada, casou com uma brasileira de tirar o chapéu.

Um minuto antes do filme, o chefe do cinema pediu a palavra e informou que um gato entrara no recinto ainda na semana anterior, durante “Meia-noite em Paris”, de Woddy Allen, e que podia acontecer do bicho começar a miar. Se alguém se incomodasse, poderia requerer o dinheiro de volta.

Depois da telona, Bracciola curtiu uma jam session esperta na Casa das Máquinas e, à procura de algo mais hard, caiu no Cemitério de Automóveis, onde deparou-se com uma roda de samba de responsa, com dona Vilma e Joaquim Braga.

Voltou pra casa às quatro e tralalá, depois de ingerir um mix de substâncias sólidas, líquidas e gasosas – não exatamente nessa ordem. Portanto, era de se esperar tamanha resistência em abandonar o edredon. Ao abrir os olhos, percebeu o sol forte, levantou-se e, ato contínuo, sintonizou a Paiquerê, bem na hora do Hino Nacional.

Vintão ele se recusa a pagar para ir ao Estádio do Café, sem ao menos poder tomar uma cervejinha. Então, estava decidido que de manhã acompanharia Londrina x Cascavel pelo rádio, enquanto prepararia a brasa para a carne que estava na geladeira e, também, a que viria com Faísca Acesa, Blau-Blau e Nilton Peteleco. Véio do Rio apareceu, já almoçado.

O 2 a 2 que tirou do Londrina a liderança da Segundona não foi a única tragédia do domingo. Com a turma, Bracciola acompanhou a eliminação do Brasil na Copa América. Antes, tinha lido no jornal sobre o bebê encontrado num bueiro da Vila Hípica – como que para fechar uma semana em que, surpreendentemente, não ocorrera nenhum novo grande escândalo na prefeitura.

Na hora dos pênaltis contra o Paraguai, era tangível o clima de pessimismo na sala, plenamente justificado com aquelas cobranças estapafúrdias rumo ao espaço sideral. Findo o vexame, Bracciola rumou para a churrasqueira e lá, por uns 10 minutos, ficou tal qual o gatinho do Com-Tour: sem dar um pio. Juntando LEC e Seleção, torceu em seis cobranças de pênaltis... Só um entrou. Falar o quê?

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