Passava das onze, a atração principal já se preparava para subir ao palco do Cemitério (o de Automóveis, não o São Pedro) e os três amigos – inúmeras cervejas à mesa – ainda se atracavam em discussões daquelas típicas de bebuns, que vão e vêm, intermináveis.
Começaram com um tema bem leve, o envolvimento do ministro Orlando em denúncias de corrupção, para depois partirem para os mais heavy: as chuteiras verdes de Adriano e Fabuloso em treinos do Curíntia e do São Paulo, a cueca palmeirense de Hugo Hoyama no Pan e, para completar a lista barra pesada, a calcinha supostamente alvinegra de Juju Salimeni – inimiga mortal da nossa Nicole Bahls – no ensaio da Mancha.
Nesse caldeirão de assuntos que, se dependesse deles, ocupariam a pauta do Congresso Nacional e dos programas sérios de TV, os três amigos passaram a se divertir – agora em unanimidade – quando Luís César lembrou a declaração de Romário em Guadalajara, colocando os pingos nos is: “Messi primeiro tem que ser um Maradona antes de chegar a um Romário. E só depois cogitar ser um Pelé”.
Foi quando um sujeito trajando a camisa 10 dos tempos de Aílton Lira aproximou-se da mesa e interrompeu as gargalhadas.
– Olá. Tô ligado que vocês curtem futebol. Posso entrar na roda?
Os amigos foram pegos de surpresa. Ninguém nunca tivera a ousadia de interrompê-los daquele jeito. Entreolharam-se, sem saber o que responder. Moitinha interpelou:
– Quem é você?
– Léri-bí.
– Lélio o quê?
– Não é Lélio. É Léri. Léri-bí.
– Aquela música dos Beatles?
– Isso mesmo.
A mesa abriu nova sessão de gargalhadas. Jamais tinham ouvido apelido mais inusitado. Risos encerrados, Léri permanecia educadamente de pé, à espera de autorização. Bracciola tomou a iniciativa.
– Senta aí, meu. E conta a história desse apelido.
– Não é apelido. É meu nome mesmo.
Os três ficaram com cara de tacho. O papo prometia.
– Marião, duas brejas e um copo, please.
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