domingo, 9 de outubro de 2011

Niki Lauda


(Publicado neste domingo 9/10 no Jornal de Londrina)

Com a idade avançando, manda o bom senso que se anote assuntos que não se pode esquecer – ainda mais se o assunto em questão forem gozações entre torcedores de futebol. Bracciola fazia suas anotações ontem de manhã, antes de seguir para a Toca do Cateto, no Heimtal, onde saborearia a feijoada do Plantão Sorriso e, depois de uma dúzia de caipirinhas tamanho maracanã, certamente se engalfinharia com Moitinha e Luís César num canto a fim de exercitarem a sagrada arte da zoação.

No topo da lista, sem dúvida, ficou a revelação da nova tática dos bambis para jogos no Panetone: quando Rogério Ceni vai ao ataque cobrar faltas, os gandulas escondem as bolas de reposição para – em caso de algo dar errado – evitar que a defesa são-paulina seja pega com as calças na mão.

Bracciola pensava no segundo item da lista quando um mosquito atravessou a varanda a toda velocidade. Ele nunca tinha visto aquilo: a drosófila (Wikipédia serve para isso, rapá!) passou raspando o nariz, no sentido pia-churrasqueira. Voltou com tudo, fazendo curvas imaginárias, como se estivesse na Saint Devote ou na Tamburelo, a mais de 300 km/h.

– Ô Niki Lauda! Cuidado aí, meu...

Nem Senna, nem Schummy, nem o maluco do Hamilton: Niki Lauda foi o primeiro nome que lhe veio à cabeça para batizar aquele mosquito que misturava a velocidade do beija-flor com o barulhinho irritante do pernilongo. Ia e voltava, em hipérboles, parábolas e outros traçados nada cartesianos.

E o danado parecia a fim de tirar uma, porque passava sempre pertinho do rosto, às vezes pela nuca, como que desafiando Bracciola a acompanhar com os olhos aquela velocidade vertiginosa.

Quando o intruso parecia ter dado um tempo, Bracciola dedicou-se a anotar, finalmente, o segundo item da lista: o mais recente ranking da IFFHS, o esquisito instituto alemão de estatísticas de futebol, que trouxe o Curíntia na colocação de número... 171.

Foi então que Niki Lauda veio zunindo, como se estivesse em Interlagos, saindo do S do Senna e entrando com tudo no Mergulho, rumo à bandeirada final. A intervenção desconcentrou Bracciola, que demorou um tempão para lembrar o terceiro item da lista.

– Ah, é. A chuteira verde do Adriano...

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