Tinha aula programada para este sábado na pós-graduação e a perspectiva, portanto, era de mais um feriado prolongado e modorrento em Londrina. Mas na sexta-feira, assim que chegou o e-mail da faculdade anunciando o cancelamento da aula, não tive dúvidas: deixei bem encaminhado o frila que estou fazendo e, no sábado cedinho, puxei o carro para Guará – de onde raramente volto de mãos vazias. Portanto, além do reconforto familiar, a expectativa era entupir o porta-malas com o que houvesse no sítio (na verdade, uma chácara) da Grotinha. Infelizmente, não vai ser bem assim.
Bem, na saída de Londrina, em função do calorão que se prenunciava, decidi viajar de bermuda. No final do dia, todos puderam ver o resultado da imprudência: parece que colei quatro fatias de presunto na minha coxa esquerda. Normal... Mané é mané.
Cheguei no sábado à tarde, visitei a vó, à noite fomos comer pizza no Robertinho e neste domingo resolvemos dar um pulo na chácara, almoçar por lá e voltar antes do jogo em Prudente. É que lá na chácara a TV é uma velha digital que pula sozinha de canal – o que pode vir a ser desastroso num ambiente zen como costuma ser um Palmeiras x Corinthians. Quem assistiu a algum jogo do Parmera comigo, nem que tenha sido um amistoso de pré-temporada com o Taquaritinga, sabe disso.
Enfim, chegamos na chácara e fui logo vasculhando o pomar. E foi uma ducha d’água fria atrás da outra. Tamarindo, só os últimos, já apodrecidos, nas pontas dos galhos. Jabuticaba, idem: aquelas últimas, sequinhas, cheias de vento. Os cítricos – laranja, limão, poncã – estão tudo pequenininho ainda. Manga, mesma coisa. Cajamanga, já élvis. Caju, aqueles três pés nunca produziram nada mesmo. Perscrutei o terreno vizinho, em vão: no sítio do Francisquinho, a seriguela também está tudo pequenininha. E o pior: milho verde, nessa época, não passa de um sonho de verão. Tropecei em duas cidras, que levei para a Ciló fazer doce.
Tem pitanga e carambola, mas nessas aí eu passo batido. Sobraram, então, aquelas frutas que independem de estação. Forrei a cesta de mamão e já me conformava com a colheita exígua, quando minha mãe lembrou que no sítio do Diomedes, irmão dela, ali pertinho, seria capaz de acharmos mangas. Das comuns, que são as primeiras a madurar. Por aqui a gente chama aquela qualidade de manga comum. Deve haver outros nomes por aí. Acho que é comum porque não é das mais gostosas, tipo borboun, sabina, coquinho. Aliás, piorzinho que ela, só a tal manga manteiga. Cheirosa, até, mas de um gosto bem duvidoso. Os pés de manga comum no Diomedes são centenários. Três, cada um dos 40, 50 metros de altura. Varamos a cerca do mangueiro, onde Obina e Ortigoza – se algum tivesse trancinha, seria o Vagner Love – chafurdavam, desafiando os fios que dão choque. Apanhamos duas dúzias de manga comum, meu pai e eu, usando aquele bambu comprido com uma cesta na ponta, e já nos preparávamos para voltar para cidade, pensando no jogo, quando a Rita, namorada recente do meu tio, nos ofereceu picolé.
Na verdade, quem faz picolé lá é o Diô – herança da falecida tia Maria, que gostava de fazer e fazia muito bem sorvete e picolé. Era a alegria da garotada; filhos, sobrinhos, netos, quem aparecesse, se refestelava com a produção caseira da Tia Maria, que usava o leite tirado lá mesmo. Daí a Rita, numas de gentileza, nos ofereceu o picolé. Recusei, alegando que tínhamos almoçado havia pouco tempo – e era verdade: matamos um frango caipira com polenta divino. Meu pai, que estava sentado comigo na muretinha (aquela ali, da foto acima) da jabuticabeira, acabou aceitando, o que fez a Rita insistir pro meu lado.
- Chupa também, Rogério; o picolé do Diô é gostoso.
Ô loco. Sartei de banda.
Ensacamos as mangas e vazamos, com a cabeça no Palmeiras x Corinthians.
Bem, na saída de Londrina, em função do calorão que se prenunciava, decidi viajar de bermuda. No final do dia, todos puderam ver o resultado da imprudência: parece que colei quatro fatias de presunto na minha coxa esquerda. Normal... Mané é mané.
Cheguei no sábado à tarde, visitei a vó, à noite fomos comer pizza no Robertinho e neste domingo resolvemos dar um pulo na chácara, almoçar por lá e voltar antes do jogo em Prudente. É que lá na chácara a TV é uma velha digital que pula sozinha de canal – o que pode vir a ser desastroso num ambiente zen como costuma ser um Palmeiras x Corinthians. Quem assistiu a algum jogo do Parmera comigo, nem que tenha sido um amistoso de pré-temporada com o Taquaritinga, sabe disso.
Enfim, chegamos na chácara e fui logo vasculhando o pomar. E foi uma ducha d’água fria atrás da outra. Tamarindo, só os últimos, já apodrecidos, nas pontas dos galhos. Jabuticaba, idem: aquelas últimas, sequinhas, cheias de vento. Os cítricos – laranja, limão, poncã – estão tudo pequenininho ainda. Manga, mesma coisa. Cajamanga, já élvis. Caju, aqueles três pés nunca produziram nada mesmo. Perscrutei o terreno vizinho, em vão: no sítio do Francisquinho, a seriguela também está tudo pequenininha. E o pior: milho verde, nessa época, não passa de um sonho de verão. Tropecei em duas cidras, que levei para a Ciló fazer doce.
Tem pitanga e carambola, mas nessas aí eu passo batido. Sobraram, então, aquelas frutas que independem de estação. Forrei a cesta de mamão e já me conformava com a colheita exígua, quando minha mãe lembrou que no sítio do Diomedes, irmão dela, ali pertinho, seria capaz de acharmos mangas. Das comuns, que são as primeiras a madurar. Por aqui a gente chama aquela qualidade de manga comum. Deve haver outros nomes por aí. Acho que é comum porque não é das mais gostosas, tipo borboun, sabina, coquinho. Aliás, piorzinho que ela, só a tal manga manteiga. Cheirosa, até, mas de um gosto bem duvidoso. Os pés de manga comum no Diomedes são centenários. Três, cada um dos 40, 50 metros de altura. Varamos a cerca do mangueiro, onde Obina e Ortigoza – se algum tivesse trancinha, seria o Vagner Love – chafurdavam, desafiando os fios que dão choque. Apanhamos duas dúzias de manga comum, meu pai e eu, usando aquele bambu comprido com uma cesta na ponta, e já nos preparávamos para voltar para cidade, pensando no jogo, quando a Rita, namorada recente do meu tio, nos ofereceu picolé.
Na verdade, quem faz picolé lá é o Diô – herança da falecida tia Maria, que gostava de fazer e fazia muito bem sorvete e picolé. Era a alegria da garotada; filhos, sobrinhos, netos, quem aparecesse, se refestelava com a produção caseira da Tia Maria, que usava o leite tirado lá mesmo. Daí a Rita, numas de gentileza, nos ofereceu o picolé. Recusei, alegando que tínhamos almoçado havia pouco tempo – e era verdade: matamos um frango caipira com polenta divino. Meu pai, que estava sentado comigo na muretinha (aquela ali, da foto acima) da jabuticabeira, acabou aceitando, o que fez a Rita insistir pro meu lado.
- Chupa também, Rogério; o picolé do Diô é gostoso.
Ô loco. Sartei de banda.
Ensacamos as mangas e vazamos, com a cabeça no Palmeiras x Corinthians.
Que futebol que nada...Que Juliana Alves que nada...
ResponderExcluirO bom mesmo é ler suas experiências na chácara. Que enchem nossos olhos.
Gostei muito do seu relato...somos muito parecidos. Fiquei com saudade do Guará!
ResponderExcluirVc escreve bem garoto!