Vá lá saber como nascem os bons botequins, desses que formam uma clientela fiel que os mantém abertos por décadas. Seja qual for o segredo, o caso do Bar do Adriano, na rua Maranhão, centro de Londrina, certamente escapou de qualquer receita convencional.
Afinal, quase tudo ali – incluindo a decoração – é obra dos próprios fregueses, gente que perambulou uma vida toda à procura de um espaço em que pudesse realmente se sentir à vontade. E, finalmente, achou.
Trata-se de um local reservado, que muitas vezes passa despercebido. Fica na lateral da saída de um estacionamento. Não há placa – o que faz com que ninguém, com exceção do dono, saiba o nome oficial do estabelecimento: “Garagem”. É o Bar do Adriano, e ponto.
E a coisa tinha tudo para dar errado. Inaugurado no final de fevereiro de 2010, o negócio capengou logo no início, com a saída – não muito honrosa – do sócio de Adriano, que resolveu dar um pulo em Lins (Lugar Incerto e Não Sabido) e até hoje não voltou. Foi um tombo federal.
Habituado à dura lida do sítio onde nasceu e viveu até os vinte e poucos anos, em São José do Povo, a 80 km de Rondonópolis, no sudeste matogrossense, Adriano encaixou o golpe e foi à luta, contando com a contribuição dos próprios clientes.
Presentes
O bar exibe peças de todos os tamanhos doadas pelos fregueses, que foram levando para lá coisas que achavam “a cara” do local – copos com distintivos de clubes de futebol, pequenas peças artesanais, samambaias.
“Nem acreditei quando vi um cara magrinho carregando nas costas uma roda de carroça”, conta Adriano, se referindo a Pinduca, o frequentador que, além da roda, pôs estofo em mesas, cadeiras e banquetas por um preço camarada.
Com o bar sob sua direção, Adriano passou a oferecer música ao vivo, uma vez por semana. Passaram por lá músicos de tradição da noite londrinense, como Joel, Timóteo, Pinheiro, que atraíram, segundo o proprietário, “uma galera mais antiga”, que conheceu e se misturou aos mais jovens, dando ao bar a característica atual: um clima de camaradagem e descontração.
Pela TV
A descontração transformou-se em euforia quando Adriano decidiu homenagear a clientela: o pessoal que vai às quartas-feiras, dia de costela e som ao vivo, é fotografado e, na semana seguinte, enquanto a música rola, se vê em slides projetados na TV de 32 polegadas.
“O pessoal sente-se em casa”, afirma Adriano, que recebe os fregueses sempre com a mesma brincadeira. “Você tem dente cariado?” ou então “Pode ser assim?” – ele pergunta, antes de abrir uma cerva estupidamente gelada.
O bar na rua Maranhão é o primeiro negócio próprio de Adriano Pereira Neto, 28 anos, terceiro de cinco irmãos. Depois que deixou o sítio da família, trabalhou como operador de máquinas, motorista e mecânico de uma empresa agrícola e, da amizade com um piloto que fazia pulverizações, nasceu a paixão pela aviação.
Assuntando daqui e dali, Adriano descobriu o curso de Ciências Aeronáuticas da Unopar. Desembarcou em Londrina no dia 7 de novembro de 2007. Cursou os dois primeiros anos de Ciências Aeronáuticas em 2008 e 2009. Em 2010, trancou a matrícula para se dedicar ao bar.
Carreira
No segundo semestre daquele ano, fez o curso teórico para piloto privado, cuja banca está marcada para fevereiro. Uma vez aprovado, estará apto a realizar aulas práticas de voo. Daí, pretende retomar o curso na Unopar, até alcançar a meta de atuar na aviação comercial – de preferência, numa empresa de táxi aéreo.
“Quero seguir carreira”, ele avisa. E o bar, como fica? “Arrumo um sócio ou um funcionário que saiba administrar direitinho.”
Pô, Fischer, quero tomar umas nesse tal Bar do Adriano, rs.
ResponderExcluirAbraço!
Maranhão quase Duque, à esquerda de quem desce. Ideal para uma mesa de quatro, cinco amigos. Às quartas tem a indefectível costela assada. Se chegar cedo, vai ouvir o Pek elocubrando suas teorias sobre o Palmeiras. Se chegar tarde, vai pegar o Bado cantando suas paródias maravilhosas do Roberto Carlos. Grande abraço.
ResponderExcluirAh, Carina Paccola também manifestou vontade de tomar uma lá. Bela companhia. Ela é da turma 84/1 de Jornalismo.
ResponderExcluirClaro, será um prazer. Acho que lembro dela da festa no Cemitério de Automóveis.
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