quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

São Jorge

(Publicado nesta quarta, 09/02, no Jornal de Londrina)

Aonde vamos ver o pega com a França, perguntou Luís César logo que os três amigos chegaram ao Bar do Jaime, no Centro Comercial, ontem de tarde, na horinha em que o português fritava as primeiras das famosas e cobiçadas costeletas de porco, que, dizem, atraem gente até do exterior.

Afinal, justificou o são-paulino, não é possível que vamos levar outra surra dos caras. Luís César se disse engasgado com os franceses desde 1986, quando despacharam a seleção de Telê. Além da final de 1998 e das quartas de 2006, quando caímos sob a batuta de Zidane.

– E agora tem um motivo a mais: torcer para o Jadson pelo menos entrar no segundo tempo, ele que é cria nosso aqui, do Ticão e do PSTC.

Foi como falar para as paredes. Para Moitinha e Bracciola, o convite e as explicações entraram por um ouvido e saíram pelo outro. O corintiano estava doido para falar sobre o Paulistão – assunto do qual o palmeirense queria fugir como o diabo foge da cruz. Moitinha abriu guerra declarada.

– E daí, porcão, não vai falá nada?

– Daquele joguinho que ocêis quase levaram uma sacola?

– Quem não faz toma, mané.

– O golerim docêis tava com o corpo fechado. Aquela bola na trave aos 47... Pelo amor de Deus! Tava parecendo catiça.

– Catiça não, rapá. São Jorge!

– Ué, São Jorge não vê jogo na Colômbia? Tava descansando contra o Tolima?

– Meu santo guerreiro nunca falha, ô, comedô de macarrão. É que, depois daquela tragédia em Tolima, fiz uma promessa aí...

– E deve ter sido das boas mesmo, porque vou te falá hein...

Silêncio por alguns segundos. Bracciola lembrou-se dos pênaltis contra o Deportivo Cali, na decisão de 1999. Em meio à algazarra no Bar do Souza, ele, pra lá de Marrakesh, fechara os olhos e pedira aos céus com o fervor máximo a que um torcedor pode chegar. E, naquele momento, ao “pedir” a Libertadores, “rifou” o Mundial em Tóquio. E deu no que deu: Verdão campeão da América; Manchester, do mundo.

– O que ocê combinô com o “Homi”?

– Não te interessa. Não pode falá.

– Cê tá com cara de quem prometeu demais...

– Deixa que com Ele eu me entendo.

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