(Publicado no Jornal de Londrina dia 02/02/2011)
Moitinha nunca havia se sentido daquele jeito. Não que a expectativa de um jogo decisivo do Coringão fosse novidade na vida dele. Já sofrera muito, muitas vezes, à espera de confrontos nos quais o Curíntia se dera bem ou se dera mal, que isso é coisa do futebol. Era capaz de citar um monte de uma tacada só.
1977 e o Dia da Libertação. Os pegas da Democracia Corintiana com o São Paulo. Todas as surras para o Santos de Pelé. A guerra de mosqueteiros contra o Grêmio pela Copa do Brasil. As vésperas dos clássicos com – toc, toc – o Palmeiras pela Libertadores...
Mas nesses últimos dias a sensação era diferente...
No domingo, nem procurou canal para ver o jogo contra o São Bernardo, no lendário estádio de Vila Euclides, mesmo sabendo que o companheiro Lula estaria lá. Foi ao Moringão ver o vôlei, e nem com raiva ficou da derrota fragorosa para o Montes Claros. Nos programas esportivos de fim de noite, não dera bola para a estreia surpreendente do peruano Cachito Ramirez, que infernizou a defesa do Bernô e fez um golaço no fim, a ponto de arrancar um improvável elogio do Bracciola.
– Bão esse neguinho, hein...
Na segunda, a esquisitice parece ter aumentado. Quanto mais se aproximava o jogo com o Tolima, mais esquisito Moitinha ia ficando. Praticamente deu de ombros quando soube que a diretoria recontratara o lépido atacante Liedson e deixara quase tudo acertado para a volta do volante Cristian, que tanta falta fizera no Brasileirão do ano passado.
Ontem, depois de passar o dia todo igualmente sorumbático, meio taciturno, um tanto quanto macambúzio, encontrou-se, à noite, com Bracciola e Luís César, para o sagrado bate-papo etílico de toda semana. Os amigos perceberam o jeitão esquisito do colega, que lá pelas tantas, com os miolos encharcados, conseguiu desabafar.
– Esse jogo tá me deixando zoado, mermão. Tô morrendo de medo de perder para esse Tolima. Já pensou, rapá, cair fora da Libertadores antes do campeonato começar, por causa do... Tolima? Não, não, não e não!
E Moitinha, enfim, foi dormir um pouco mais leve, sabendo que esta quarta-feira vai ser de arrepiar. E domingo é dia de Derby no Paulistão.
– Me ajuda, São Jorge!
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