Certamente fomos ao Bar do Carlão logo depois da aula. Sim, por que, ao contrário, como nos encontraríamos de dia? À tarde era o único período em que nos desgrudávamos. De manhã, aula – para quem conseguisse ir. De tarde, bode. De noite, fim de bode. De madrugada, fervo. Todos os dias. O Carlão era o bar que mais vendia cerveja na cidade. Quarenta grades, em média. Eram ele, o Souza, o Baiano, os caras que movimentavam, fizesse chuva ou sol, o bebum em Londrina. Estamos na parte secundária do L da varanda. Era a parte que dava, meio que de esgueio, ao caixa, ao qual tínhamos acesso pela janela que mal aparece na foto. Ali o gerente do Carlão, que, acho, era o irmão dele, assim como o Eduardo tocou o Bar do Jaiminho a vida toda, fica recebendo contas e comandando a tropa. Eu tava de camiseta, a única calça não-jeans que tive e havaianas – estávamos na aula, claro. Fiquei meio de frente para o fotógrafo, cujo nome ignoro, enquanto a Cláudia Romariz torcia o pescoço para mostrar o sorriso e o Negão Herrero tentava disfarçar a vontade de ficar olhando para aquela que é uma das mulheres mais bonitas que já vi. Dirceu e Cláudia são de Andradina, vieram para o mesmo vestibular e entraram para a mesma turma. Ela, uma das mais novinhas da turma – talvez perca apenas pra Carla Sehn. Ele, uns dois anos a mais, filho de seu Dorival, família convencionalmente diferente, a que tive o prazer de conhecer. O isqueiro branco era meu – só eu fumava ali. Os copos estão cheios – boa hora de tirar fotografia. Cheios de Antártica, presumo. A cidade privilegiava a Skol, que era fabricada na Cervejaria, perto do IBC, ao final da Avenida do Café. Olha a parede. A mesa, novinha. Mas nóis, do interior de São Paulo, sempre preferimos a Antártica. Isso, hoje, soa esquisito, porque a Antártica ficou pra trás, mesmo. A Brahma era a cerveja mais amarga. Antártica, a mais forte. Skol: boa, macia. Tinha muitas porções, no Carlão. Ele ganhava grana na escala da cerveja e nas porções. Se não me engano, Helvil morava ali pertinho, na Pernambuco. Pode até ser no imóvel que viria a ser o Araucana. No mínimo, muito perto dali. Atrás desse muro da Skol ficava o Açougue do Carlão. Ali Helvil, Loyolla e eu comprávamos lingüiça, mandávamos picar, comíamos com limão e tomávamos cerveja e pinga até miar. Daí eu voltava pra casa, na Paraíba 322. Eu e Dirceu moramos lá desde o primeiro dia em Londrina. Mal deixei a mala em casa, chegando de Guará, fui pro Calçadão e, sem querer total, conheci o Dirceu, que procurava um lugar pra ficar e eu disse que lá em casa acho que tinha uma vaga. Ele foi comigo e ficamos cinco anos lá, dividindo república com gente de Odonto, Engenharia, Fisio, Vetê, gente de SP, PR e SC. A república das festas... Ah! Mas isso é tema para as próximas fotos que disponibilizarei aqui durante essa semana de reencontros.
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