Rubinho não pode reclamar da vida. É mesmo um sujeito afortunado. É praxe dizer que todos têm uma grande oportunidade na vida e, se o tal cavalo passar encilhado, não se pode desperdiçar a chance de montá-lo. No final da carreira, agora que estabeleceu recorde absoluto de participações na Fórmula 1, o que pouco ou nada importa para o torcedor brasileiro, o piloto ganha a terceira chance de conquistar um título mundial. A terceira grande chance! Não saberia citar outro piloto que tivesse experimentado tal situação. A primeira grande chance aconteceu em 2000, quando foi contratado pela Ferrari. Ganhou apenas dois inexpressivos vice-campeonatos, mas daí dava para dar um desconto colossal. Teve como companheiro de equipe um dos mais talentosos - o mais trapaceiro, com certeza - pilotos da história. Tudo bem, superar Schumacher não era lá das tarefas mais fáceis, mas quando tudo sinalizava para um final de carreira pacífico e sereno, após pilotar para a apenas promissora BAR, eis que lhe cai nas mãos, quando já se discutia a sua aposentadoria, uma vaga na Brawn GP, escuderia fundada pelo seu ex-chefe na equipe italiana, Ross Brawn. Ao contrário do que todos pensavam, a caçula começou o campeonato com tudo, demonstrando ter o melhor carro, anos-luz à frente de Ferrari, McLaren, Williams, graças a umas inovações que só ela tinha. Sim, Barrichello brigaria pelo título, na melhor equipe do campeonato, tendo como companaheiro um inglês que não conquistara nada de importante, numa temporada em que os grandes pilotos (Hamilton, Alonso, Massa) estavam em equipes tradicionais porém inferiores à surpreendente Brawn. Seria, apenas, o caso de vencer o duelo particular com Jenson Button e levar o caneco para casa. Eis que o brasileiro leva uma sova monumental na primeira fase do Mundial. Button vence seis provas, cinco consecutivas, e o brasileiro vai alternando somente resultados intermediários. Disparado na frente, sem adversários à altura, Button conquista o status de primeiro piloto e deflagra a contagem regressiva para um título antecipado. Quando o mundo parecia de saco cheio das trapalhadas e das desculpas esfarrapadas de Rubinho, eis que o dito cujo ganha a terceira grande chance. Em má fase, Button passa a sofrer resultados ruins e abre espaço para o brasileiro obter bons resultados, que vão se sucedendo até que Rubinho vence o GP da Itália, neste domingo, em Monza, e diminui para 16 pontos a vantagem de Button, que chegou em segundo. São 16 pontos para serem descontados em quatro provas - a penúltima, no Brasil, onde, ano passado, Massa perdeu o título para Hamilton na última curva, na chegada mais emocionante da história da categoria. Enfim, Rubinho renasceu das cinzas e, a dois meses do final do campeonato, tem a grande oportunidade de sua vida. Com um detalhe: no decorrer da reação, seu carro soltou uma mola que por muito pouco não matou Felipe Massa durante um treino classificatório. Massa agora se recupera do traumatismo craniano e torce pelo sucesso do compatriota. Uma eventual conquista de Barrica neste ano não apagará toda uma trajetória de trapalhadas e chororôs, mas encerraria com chave de ouro a história mais longeva de um piloto na F-1. Resta saber se as próximas quatro etapas serão de comemorações efusivas ou de lamentos repetitivos.
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