Em sete anos de mandato, Lula pintou e bordou. Para chegar lá, mandou dizer a quem manda no país que nada mudaria. Mas não precisava levar tão a sério. Condenou o Plano Real e, eleito, surfou nas águas plácidas da economia estabilizada. Crucificou FHC por viajar demais e, desde que assumiu, não fez outra coisa na vida. Xingou Sarney, Collor, Jáder, Quércia, Maluf, Delfim e, agora no poder, anda de braços dados com todos eles – em alguns, politicamente falando, até arrisca uns beijinhos. Abominava o coronelismo e, com a caneta na mão, instituiu um programa que lhe garante, por si só, 40 milhões de voto até o fim da vida.
Atacava a exploração política de conquistas esportivas e, hoje, abre as portas do Palácio até para vice-campeão de cuspe a distância. Disse certa vez que havia no Congresso pelo menos 300 picaretas e, para lidar com o Legislativo, criou (ou criaram para ele; o STF está investigando) um tal de mensalão. Enaltecia a história de vida e a probidade de seus correligionários que, de uns tempos para cá, gastam bem mais no advogado do que na mercearia. Criticava o culto à personalidade promovido por generais-presidentes e, às vésperas de um ano de eleições, chega às telas um filme sobre sua vida bancado por fornecedores do governo federal.
Isso não é um presidente – é uma metamorfose ambulante.
Em termos de defeitos e virtudes, Luís Inácio da Silva não é melhor nem pior que qualquer um de nós, que corremos atrás do prejuízo e dançamos conforme a música. Como diria Tião Carreiro, eu me viro do avesso e não sou pipoca. Lula: eis um legítimo filho do Brasil, no qual se encerram nossos sonhos, frustrações, conflitos, nossos paradoxos e nossas contradições. É ou não é o cara?
Para quem não gosta desse cidadão, para quem acha que ele já passou das medidas, para quem torce o nariz ao tomar conhecimento de cada pesquisa que o aponta com 80% de aprovação popular, vai aí uma má notícia – 2010 vai reunir dois eventos que darão vazão às atividades de que certamente Lula mais gosta: fazer política e falar de futebol.
Mais do que a preocupação com a camada de ozônio, do que a recuperação da economia mundial e a saúde do Roberto Carlos, o ano que começa será monopolizado pela Copa do Mundo e, depois, pela eleição presidencial. Na primeira, Lula entra como uma espécie de torcedor número 1. Não vai jogar, mas estará em campo. Duvido que não vá assistir à abertura e a duas ou três partidas do Brasil. E, é claro, vai colher os louros da glória se vier o hexa. Da segunda, embora fora da disputa, será o personagem central. Vestiu a 10 e está com a faca e o queijo na mão, disposto a eleger a gaúcha Dilma para cima do paulista Serra. O mesmo palmeirense que ele, Lula, corintiano, venceu em 2002, pode, agora, dar o troco. É revanche!
Ainda por cima, esses dois temas – política e futebol – terão eventos coadjuvantes. Antes da Copa, haverá a Taça Libertadores, obsessão corintiana, que vem com Ronaldo Gordo e um batalhão de veteranos dispostos a quebrar o tabu. E tem eleição para governador, deputado estadual, deputado federal e senador, que também vai chacoalhar o bambuzal. Lula já deixou claro que é bom de jogo – e os aliados botam fé nisso para ocupar mais e mais espaços. A esperança dos adversários é que, como torcedor, o presidente tem se revelado um tremendo pé-frio. 2010 vai ser divertido.
Atacava a exploração política de conquistas esportivas e, hoje, abre as portas do Palácio até para vice-campeão de cuspe a distância. Disse certa vez que havia no Congresso pelo menos 300 picaretas e, para lidar com o Legislativo, criou (ou criaram para ele; o STF está investigando) um tal de mensalão. Enaltecia a história de vida e a probidade de seus correligionários que, de uns tempos para cá, gastam bem mais no advogado do que na mercearia. Criticava o culto à personalidade promovido por generais-presidentes e, às vésperas de um ano de eleições, chega às telas um filme sobre sua vida bancado por fornecedores do governo federal.
Isso não é um presidente – é uma metamorfose ambulante.
Em termos de defeitos e virtudes, Luís Inácio da Silva não é melhor nem pior que qualquer um de nós, que corremos atrás do prejuízo e dançamos conforme a música. Como diria Tião Carreiro, eu me viro do avesso e não sou pipoca. Lula: eis um legítimo filho do Brasil, no qual se encerram nossos sonhos, frustrações, conflitos, nossos paradoxos e nossas contradições. É ou não é o cara?
Para quem não gosta desse cidadão, para quem acha que ele já passou das medidas, para quem torce o nariz ao tomar conhecimento de cada pesquisa que o aponta com 80% de aprovação popular, vai aí uma má notícia – 2010 vai reunir dois eventos que darão vazão às atividades de que certamente Lula mais gosta: fazer política e falar de futebol.
Mais do que a preocupação com a camada de ozônio, do que a recuperação da economia mundial e a saúde do Roberto Carlos, o ano que começa será monopolizado pela Copa do Mundo e, depois, pela eleição presidencial. Na primeira, Lula entra como uma espécie de torcedor número 1. Não vai jogar, mas estará em campo. Duvido que não vá assistir à abertura e a duas ou três partidas do Brasil. E, é claro, vai colher os louros da glória se vier o hexa. Da segunda, embora fora da disputa, será o personagem central. Vestiu a 10 e está com a faca e o queijo na mão, disposto a eleger a gaúcha Dilma para cima do paulista Serra. O mesmo palmeirense que ele, Lula, corintiano, venceu em 2002, pode, agora, dar o troco. É revanche!
Ainda por cima, esses dois temas – política e futebol – terão eventos coadjuvantes. Antes da Copa, haverá a Taça Libertadores, obsessão corintiana, que vem com Ronaldo Gordo e um batalhão de veteranos dispostos a quebrar o tabu. E tem eleição para governador, deputado estadual, deputado federal e senador, que também vai chacoalhar o bambuzal. Lula já deixou claro que é bom de jogo – e os aliados botam fé nisso para ocupar mais e mais espaços. A esperança dos adversários é que, como torcedor, o presidente tem se revelado um tremendo pé-frio. 2010 vai ser divertido.
(Texto publicado na edição de número 2 do "Em Dia", jornal editado por Bruka Lopes que circula em Echaporã, Oscar Bressane e Platina, e do qual sou articulista. Pela repercussão da coluna no número 1, que saiu em dezembro, estou pensando em me candidatar a vereador na terra de Zé Ganchão!)
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