sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Reencontros

Depois que você passa dos quarenta, encontra velhos amigos só em velório. É ou não é? E sempre com aquela cara de bunda, por causa do falecido. Entonces, o bão mesmo é encontrar amigos vivos. Essa semana foi uma festa. Na quinta-feira, liguei pro Turco Aniz a fim de tomar um café no centro, onde iria engraxar os sapatos, sacar uma graninha e procurar, de novo, por aquele livro do Ruy Castro. Enquanto esperava-o em frente ao edifício da mãe dele, na calçada da João Cândido, quase vizinho com o Dá Licença, debaixo daquela chuvinha de molhar bobo, eis que alguém tasca: "Ei, Fischer". Me viro. "Aposto que não me conhece mais." Um pouco mais gordo, claro, mas conheci sim. "E aí, Soko?"

Era Marcelo Sokolowski, o estudante de Sociologia que encabeçou a chapa V.A.C.A. na eleição do DCE da UEL em 1986. Soko sucedeu Arnaldo Leonel, do Direito, de onde era também Marcos Góes, da Realidade, a quem vencemos. Alex Canziani, também do Direito, era um dos principais integrantes da Realidade. Ainda hoje, quando posso, dou uma alugada nele, que é deputado federal pelo PTB já há alguns mandatos. Foi uma grande vitória. No início da apuração, a Realidade abriu vantagem e a manteve até a última urna, do CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes), nosso reduto. Uma virada, naquela altura do campeonato, parecia impossível, pois não se sabia nem se o número de votos daquela urna seria suficiente para reverter o placar. E foi. O CECA votou em massa na V.A.C.A.

Filho talvez do maior advogado trabalhista patronal de Londrina, Soko conta que tem um filhinho de um ano com uma bióloga, Márcia eu acho. Trocamos telefone e ficamos de tomar umas e outras para colocar a conversa em dia. Depois da UEL, foi para São Paulo, estudou Gastronomia e é com isso que trabalha atualmente. Pelo que conheci dele nos tempos de faculdade, deve ser um grande chéf de cozinha.

Daí fomos eu e Turco Aniz tomar café na antiga padaria Olímpia - não sei como se chama agora - e trombamos com Tarzan, que trabalhou mais de 20 anos na área gráfica da Folha de Londrina. Esteve em Suzano recentemente diagramando e comercializando uma agenda para uma entidade religiosa e deve tirar por esses dias a tala que endireitou o dedão direito, quebrado numa pelada no Antares. Goleiro de razoáveis habilidades, Tarzan foi meu adversário em muitos campeonatos internos da Folha - ele, goleiro do Industrial, de Valdecir Milanez; eu, capitão do Calhau, o encardido time da Redação. Carimbei muito aquele papo! Grande Tarzan...

No dia anterior, de tardinha, caminhando no Zerão, topo com Jair, meu ex-vizinho de frente na rua Dona Carlota, onde eu tinha uma casinha até ir para Maringá, em 2004. Estava com a filha Carol e o neto Felipe. Disse que a sogra, dona Terezinha Vecchia, está firme e forte. Convidou para passar lá, para um café. Jair não é um vizinho qualquer. Além de adepto daquela teoria segundo a qual dois tomates por dia são a receita contra câncer de próstata, Jair integrou o time que conquistou o primeiro título paranaense do Londrina Esporte Clube, em 1962. Era um grande meia direita, me garante Apolo Theodoro, que entende do riscado.

Na mesma quarta-feira, enquanto esperava a fila na Unimed para liberar uma guia de consulta, encontro com o Jackson, antigo revisor da Folha e que hoje presta serviço para a Folha Norte, recentemente adquirida pelo Zé do Chapéu. Aproveito e pego com ele os contatos do irmão dele, Jonas Liasch Filho, a quem conheci na Unopar e que tem uma história de vida que, juro, ainda vou contar em alguma reportagem. O cara já escapou da morte umas trocentas vezes, em todo tipo de acidente: carro, moto, avião, elevador... Figuraça!

E hoje, sexta-feira, descendo de carro a Borba Gato rumo de casa, topo com o japonês que é uma lenda do futsal amador londrinense - e de quem não lembro o nome. Ali na frente da Pandor dei com a mão para ele, que retribuiu com aquele sorriso característico, mas, diabos, não lembro o nome do cara. Nem para o Ivo Akio, a quem telefonei pedindo ajuda, me socorrer... O cara trabalhava na pré-impressão da Folha e, de tão bom, raramente disputava nosso campeonato de suíço. No futsal, de fato, pelo pouco que vi, era mesmo uma fera. Talvez o Capucho, com sua memória de elefante, possa me ajudar.

Juro por Deus que, nos meus 44 verões, nunca havia visto um janeiro tão chuvoso. Aqui em Londrina chove todo dia. Todo dia! E fique bem entendido que não estou reclamando. Está gostoso assim. Não faz temperaturas desérticas e dá pra dormir melhor. Não sei se para o esquema global o fenômeno é bom ou ruim, mas o tal El Niño está uma delícia. Lógico que há transtornos. Ir comprar pão é um suplício. Quem tem casa sem varanda, como eu, também não deve se sentir confortável. Para as donas de casa, secar roupa não deve estar sendo fácil. Mas deitar com a noitinha fresquinha é outra coisa.

Lembro que quando cheguei por aqui, em 1984, para cursar Jornalismo na UEL, o pessoal ainda estava meio traumatizado pela enchentes do ano anterior. Parece que em 1983 foi o bicho. Paraná e Santa Catarina ficaram debaixo d'água. José Richa estava iniciando seu mandato como governador. Na bagagem rumo ao Paraná, minha mãe enfiou uma manta de algodão que ela e meu pai haviam ganhado de presente de um produtor de algodão de Guará, Benjamin Curi.

Como lá na minha terra aquilo era absolutamente inútil, e a fama do Paraná era a de um lugar frio, em trouxe a tal manta. O inverno de 1984 foi uma teta - se houve frio, ninguém ficou sabendo. Liguei para casa: "Mãe, aqui é que nem aí; só faz calor". Tá bão... No ano seguinte, 1985, o bicho pegou geral. Na república, cortávamos a resistência do chuveiro até o talo e fechávamos a torneira no mínimo possível para que a água pudesse descer com alguma caloria. Mas como vivíamos mais de cachaça e x-tudo do que com arroz e feijão, então tudo bem...











Fui ontem ao Catuaí ver o tal Avatar. Como entendo tanto de cinema quanto de física quântica, gostei do filme. Como diversão -e é assim que me dirijo ao cinema - cumpriu a tarefa, mesmo a 18 mangos o ingresso. Foi a primeira vez que botei os tais óculos 3D. O bagulho é realmente doido.

6 comentários:

  1. a Copa de 1994 ganhei com o sokolovisk. conheci o figura (e ele não deve se lembrar)no Araucana, num meio de semana, às quase 4 da matina falando pra ele -e logo pra quem - que movimento estudantil era uma grande punheta. depois ficamos amigos e ganhamos o titulo de 1994 na chacará do Quatá. q depois e tornaria um dos bares mais legais q essa cidade já teve: O Vila Pirata.

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  2. O Soko é inteligente o suficiente para ignorar um arroubo brukaniano dessa envergadura. E olhe que eu poderia muito bem ter incluído o Quatá Duzera na parada, porque foi um dos que eu vi essa semana, com a diferença de que não o cumprimentei - estava de carro com o Cavazotti, vidro fechado, ar ligado, e ele numa esquina, apoiado numa bike, papeando com algum chegado.

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  3. explico: na época, como agora, eu já achava que o discurso do movimento estudantil estava pra lá de ultrapassado. aquela história esquerdista-cheguevariana-marxista-68 não colava fazia tempo. a ditadura tinha acabado, ainda que recentemente, mas eram novos tempos e eu via aquela moçada perdendo tempo com discursos que já não faziam sentido há tempos. na sequncia daquela noite, depois da cara de espanto que o Soko me olhou depois de meu comentário, expliquei meu ponto de vista. ele não só entendeu como concordou em muitos aspectos.
    tomô?

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  4. Não encontrei este artigo no balaio eletrônico, o que é uma pena, porque queria imprimi-lo.
    Beijinho, beijinho.

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  5. Que menino mais bonito! Brigadão bonitão.

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