quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Expressões nossas de cada dia

Ficar alguns dias em Guará é enriquecer o vocabulário na certa. Em duas rodas de conversa, entre o Natal e o Ano Novo, anotei três expressões das quais nunca tinha ouvido falar. Gulguei as três e consegui parcas referências sobre cada uma delas. Da primeira, nenhuma; a segunda vi num velho blogueiro de Divinópolis-MG; e a terceira, para minha surpresa, encontrei num texto do deputado Luis Eduardo Cheida (PMDB). Vamos a elas.

Deu o tomé
Meu irmão contava uma história qualquer quando soltou essa. Pelo contexto, captei de primeira. Ele se referia a um calote. “Deu o tomé” é dar o calote em alguém. Não sei se por ser nome próprio o tomé vai ou não em caixa alta. Mas, com certeza, esse Tomé original devia ser um grande dum caloteiro.

A casca é que engrossa o pau
Quem tascou essa foi meu tio Jair, agora o mais velho dos oito irmão vivos dos Cherutti, dos quais minha mãe faz parte. Eram originalmente onze. No feriado do dia 1º, Jair contava a história de um Fusca incrementado que ele tinha quando jovem. O carro atraiu a cobiça de um sujeito, que perguntou ao Jair se ele vendia. “Uai”, respondeu meu tio, “a casca é que engrossa o pau”. Daí o sujeito fez uma oferta irrecusável e levou o carango.

Empinar a carroça
Acho que também foi meu irmão que lançou essa, durante um conversê no Natal. Se referindo a uma situação em que um cara tinha ficado tiririca da silva, Luís Henrique falou que o dito cujo empinou a carroça para cima de outro sujeito. “Empinar a carroça”, portanto, é ficar nervoso. Eis o trecho em que Cheida usou a expressão: "Quero que os meus (e os seus) filhos empinem suas pipas. Caso contrário, vou é empinar a carroça com quem mexe tanto com a Terra que chega a atrapalhar a vida de quem tem que brincar".

Às vezes, a gente não se dá conta de expressões que rondam nosso cotidiano. Teve uma vez que eu passei vergonha numa reunião de editores n’O Diário, de Maringá. Em determinado momento, Décio Trujillo, o editor-chefe, vaticinou: “Vamos voltar à vaca fria”. Cochichei com Valter Tele, o pauteiro: “O que é isso?”. Pelo jeito, só eu na roda não sabia que voltar à vaca fria é retomar um assunto que havia sido interrompido. De fato, era capaz de jurar que nunca ouvira essa expressão. Na pesquisa no Google, as referências a ela ganharam de goleada das outras três.

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