sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Muito cedo para sair de campo, rapá!


Que merda essa história de perder amigos muito cedo. Ney de Souza tinha 45 anos, foi atropelado em Cascavel no dia 31 e morreu dia 8. Era fotógrafo em Foz, no mês e meio que eu e o Briguet ficamos lá cobrindo a Copa América de 99. Aliás, um timaço: Albari Rosa e Ney de Souza nas fotos, Valmir Denardim e Lobão nas reportagens, Briguet na reportagem e na crônica. Ney nos levou a cada quebrada de assustar naquela Foz do Iguaçu sem fronteiras para o abuso. Destemido, o baixinho. Tinha medo de nada não. Nem de morrer, pelo jeito gauche que levou a vida. Tranqueira total, no que isso tem de bom e de ruim. Engraçado, contava piadas como ninguém. Fiquei sabendo pelo sempre alerta Montezuma Cruz, que trabalhou com ele vários anos na sucursal da Folha. Pelas redações que passei, em todas me dei muito bem com o pessoal da foto. É difícil achar gente mala nesse departamento. Na Folha, J. Pedro, Milton Dória, Dorico, Josoé, além de Albari na sucursal de Curitiba e Ney na de Foz. Quer dizer, muito mala. No Diário, em Maringá, Walter Fernandes, Ivan "Curotinho" Amorin e Henri "Cabeça" Júnior. Quando queríamos alugar o Ney, o chamávamos de Neide Souza. Poxa, Ney, aos 45? Do primeiro tempo?

4 comentários:

  1. (De Zé Ganchão, por e-mail)

    PÔ Baixxaria.
    Abri hoje seu blog e levei um tapa na cara. O Ney? O Ney tranquera?
    Como pode o Ney, malandro velho, conhecedor dos cacarecos e atalhos da vida, morrer atropelado?
    Sinuqueiro. Não é lenda a história do chapéu que ele deu no Rui Chapéu, um bambambam da sinuca nacional. Lembra do Rui Chapéu dando aulas de sinuca na Band? Pois o Ney matou a pau, deu um cacete homérico no homem.
    Ney foi parceiro em reportagens no Paraguai. Falava guarani com os shirus (no sentido de amigo, não o termo pejorativo de alguns brazucas racistas) com quem dividíamos o tereré no calorzão de mais de 40 graus celsius de Ciudad del Este, de Santa Rita e Caacupé.
    Na época da histrionismo provocado pela queda das torres gêmeas nos EUA, vasculhávamos galerias em Ciudad del Este, a conversar com árabes e palestinos. Quando pintou um bomba na galeria Pagé (lá é com g mesmo), estávamos eu e o Ney a ouvir os xiitas (a maioria) que labutavam na galeria. Fiz até uma manchete sobre o caso para a Gazetinha de Foz sobre o assunto. É que precisava mandar o material sobre a bomba para Sampa e acabei, levado pelo Ney, para despachar o texto lá do jornal.Como estavam no fechamento, usaram uma foto do Ney e um texto curto meu (cedido ao editor chefe) sobre o caso. Na manhã seguinte, ainda sonolento, foi o Ney que me avisou. ´´Ô tranqueira, a manchete da Gazetinha é tua``.
    Ney sinuqueiro e Nei cacheteiro. Não era tão bom na cacheta como na sinuca, mas, arrojado, perdia muito nas quebradas de Foz.
    Ney, vivesse umas décadas antes e serria amigo de João Antônio, quem sabe até um personagem seu.
    Ney de muitas mulheres, grandes confusões e excelentes fotos.
    Foi-se.
    Um tapa na cara da vida, isso sim

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  2. A perda causa mesmo um vazio, mas as palavras do Ganchão e do Fischer retratam com perfeição aquele Ney alegre, atrevido e solidário, que vivia a notícia na sua essência. Foi bom ter conhecido esse personagem da história da imprensa fronteiriça. Trabalhar com ele foi uma honra. Marcou minha caminhada naquela região.

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  3. Caraca, mais um bom camarada que se vai, o ano já começa ruim. Ney vai lá pra cima, fotografar os anjos e olhar por nós fotojornalistas deste Paranã.

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  4. Rogê Ferreira:
    Vim ao seu blog, como sempre venho, esperando ler bons textos e dar boas risadas - e dei de cara com essa notícia mais do que triste.
    Ney era uma grande figura, um personagem de crônica. (Lembra a fotos dele na carteirinha da Fenaj? Lembra o garçom paraguaio: "Que tal um patesssssinho"?).
    Muito triste. Que o Ney fique com Deus.

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