sexta-feira, 24 de julho de 2009

Desta vez, vou ver pela TV





Corinthians x Palmeiras, em Presidente Prudente. Desta vez, vou ver pela TV. Aquela do início do ano, pelo Paulistão, quando o Gordo empatou o jogo e derrubou o alambrado, eu vi ao vivo. Fui de Maringá, onde morava. Amigos corintianos pipocaram e o único que encontrei para pegar carona e rachar despesas foi um estudante de Direito do Cesumar cuja família mudou-se de São Paulo para Maringá há alguns anos. O fato é que esse cara é da Mancha, da Mancha mesmo, de São Paulo. Aquele tipinho: um metro e setenta, setenta quilos, corpo definido, lutador de jiu-jitsu, camiseta cavada, cabelo raspado, ares de senhor de si. Fomos na Montana dele, que é a álcool e, por isso, ficava mais barato. O cara não bebe uma gota, não fuma um trago, é todo certinho, mas pisa fundo o moleque. Chegando lá, nos dividimos: ele foi procurar a turma dele - literalmente - que veio de Sampa e eu fiquei esperando a minha amiga de Prudente com os ingressos, num calor de rachar mamona. Nesse interim, fui entrevistado duas vezes: por um pessoal que eu julgava ser de alguma emissora local, mas que na verdade era do programa de Flávio Prado, e pela turma do CQC. Quando vi a turma descendo o barranco do Farahzão, foi aquele auê: as pessoas reconheciam o Andreoli e por onde ele andava era aquela zona. Quando se aproximaram, flagrei o produtor olhando pra mim. Eu estava com camiseta do Palmeiras, lençol do Palmeiras amarrado na cabeça, óculos escuros... Enfim, um príncipe do mau gosto. O cara deve ter gostado do vizú. O fato é que ele direcionou o Andreoli e o cinégra, pegou um corintiano pelo braço no caminho, arrastou-o perto de mim, pôs o repórter no meio e aí rolou uma entrevista daquelas que eles fazem, cheia de pegadinhas, mas que deve ter ficando muito sem graça, porque dançamos na edição. Mas um amigo do meu pai disse a ele na segunda de manhã que me viu na TV. Foi no programa do Flávio Prado, a tal outra entrevista. Fomos para o jogo. Fiquei em pé atrás da terceira fila dos que ficaram em pé. Lamentei até o fundo da alma ter pago o ingresso mais caro de arquibancada, porque todos ficaram na mesma merda: sentados tal qual sardinha no cimento abrasivo do estádio ou de pé esticando o pescoço para ver se via alguma coisa lá embaixo, no gramado. Fizemos 1 a 0 com o Keirrison dando uma puxeta numa bola perdida, o Diego Souza limpando a defesa dos caras e socando pra dentro. Mais da metade do estádio endoidou. Sim, nós, palmeirenses, éramos maioria. Dos que saíram de Maringá, digo com certeza, pelo que vi na estrada, éramos 90%. Enfim, depois desse gol perdemos pelo menos duas chances claras de matar a parada, já com o Gordo em campo, o tempo passando e eu lá em cima, pensando, carai, essa já papamos, quando pintou aquele escanteio fatídico. Pensava em voz alta: "Vai Bruno, vai que é sua, é só aliviar essa e correr pro abraço", e a bola veio, 47 do segundo, e o Bruno, reserva do Marcão goleiro, não foi, porque o Marcão zagueiro estava, supostamente, na jogada, estava bosta nenhuma, o Gordo subiu nas costas dele e cabeceou pra dentro. Caralho, nunca vi e acho que nunca vou ver uma torcida comemorando tanto um empate. Fica a certeza de que ele até poderia fazer sucesso, como está fazendo, mas sem aquele gol as coisas para o Gordo seriam muito mais complicadas. Agora estou em Londrina, assessorando a Copa Brasil de Futebol Sub-15, e não vai dar pra ir a Prudente, trabalharemos no domingo. Mas o corintiano Ricardinho, que, aliás, foi a Prudente também daquela vez, acaba de receber telefonema do corintianíssimo Poka aqui na Sala de Imprensa do Cedro Hotel com o convite para verem o jogo deste domingo pela TV, na casa do Poka, em meio ao churrasco de sempre. Ricardo disse que eu estava na área, Poka estendeu o convite na hora - claro que ele não perderia a chance. "Manda esse sparring ir também", disse ele ao Ricardo. Apenas lembrei ao amigo, quando Ricardo me passou a ligação, que a última vez que me trataram dessa forma a coisa não terminou bem para os lados do Parque São Jorge. Foi em 1999, quando o Corinthians, mordido pela perda da Libertadores, pegaria o Parmera pelo Brasileirão. O time, como sempre naquela época, diga-se de passagem, estava voando, com Marcelinho, Ricardinho, Vampa, Edilson, Luizão, e era a chance, a certeza, de socar o Porco até o fígado. O clássico caiu no domingo de aniversário da filha de outro gambá lendário da minha lista de amigos, o Marião Fragoso, que chamou um pessoal de São Jerônimo de La Sierra para preparar um carneiro recheado, um bando de corintianos para curtir o jogo e um palmeirense - eu - para sparring. E um sãopaulino, Bruka Lopes, para testemunha. Além dos já citados, estavam lá ApoloTheodoro, Marquinho Feio, o pessoal dos Vicentini, que mora ali no Santa Mônica. Para resumir a história, digo que com 20 minutos de jogo estava 3 a 0 para o Palmeiras, foi um balde d'água fria na qual nem eu acreditava, os caras ficaram que nem barata tonta, todo mundo sem graça, inclusive eu e o Bruka, que não podíamos gozar os anfitriões, que estavam todos com cara de tacho, mais que o Muricy exibindo a bandeira palmeirense na apresentação dele no Palestra, e eu sinceramente apostava que eles, corintianos, jamais repetiriam a dose comigo, o convite para eu ser sparring num clássico desses. Mas confiar no bom senso corintiano definitivamente não dá. Corintiano é um ser que nasceu com o sitocômetro avariado. Ou sem o dispositivo. Enfim, em nome do Palestra, vamos a mais esse sacrifício.

Um comentário:

  1. Me lembro como se fosse ontem. foram 3 gols seguidinhos e a cada um deles virávamos um para o outro e mandavámos: - CAIXA!! até que a Cris veio perguntar:

    - O que é caixa??
    e o senhor com toda sua sabedoria guaraniana:
    - caixa é caixa, ué?

    e a história se repete.
    hahahah

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