quinta-feira, 9 de julho de 2009

Deveríamos poder comer pão com manteiga à vontade

Adoradores de pão com manteiga, uni-vos! Precisamos fazer alguma coisa que nos permita ingerir essa maravilhosa combinação sem que nossos pneuzinhos e exames laboratoriais nos causem um monstruoso arrependimento. Vamos combinar: querem coisa mais gostosa que pão com manteiga no café da manhã, pão com manteiga no café da tarde, pão com manteiga antes de dormir, pão com manteiga em qualquer hora e lugar, pombas! Pão com manteiga não respeita geografia, fuso horário, tendência ideológica, opção sexual, nada! Pão com manteiga é uma das coisas mais importantes do mundo, depois do oxigênio e do futebol.

E por que, my god, essa dádiva divina tem de vir acompanhada de um caminhão de carboidratos, uma jamanta de triglicerídeos e uma tonelada de paranóias para quem quer ou precisa manter a silhueta em dia? Eu, particularmente, tenho o colesterol controlado por remédio e, se ganhar peso, meu bico de papagaio sai bicando tudo o que encontra pela frente. Sem falar que, mais pesado, meus joelhos baleados reclamariam praca.

Como a reivindicação é universal, proponho que utilizemos a internet – oh, santa ferramenta! – para colhermos assinaturas suficientes a fim de que todos os governos nos ouçam. Que todas as constituições, do hemisfério sul ao hemisfério norte, do G-8 aos Brics, Cuba, Irã, todas enfim liberem o pão com manteiga à vontade. Vamos a Haia, se preciso.

Não, não, esqueça. Os homens não podem modificar a atuação daquelas substâncias em nossos organismos. Pesando bem, não conseguiremos resolver isso no plano terreno. Infelizmente, o metabolismo não está condicionado às leis. Nem mesmo às cláusulas pétreas.

Nossa única saída, então, é apelar a Deus. Sim, é isso: estou absolutamente convicto de que Ele deveria usar uma pontinha de Sua autoridade para permitir que todos os homens, católicos, evangélicos, muçulmanos, hare krishna, qualquer um pudesse comer pão com manteiga à vontade. A uma simples ordem Dele, nosso organismo ficaria imune aos efeitos colaterais da refestelança.

Além do que trata-se de produtos relativamente baratos, poxa. O dilema, para nós, classe média, a quem um saco de pão e um pote de manteiga não causariam maiores estragos orçamentários, é que o maldito – ops, bendito – pãozinho tem um número estratosférico de calorias. Rápida pesquisa no Google revela: uma unidade de 50g tem 135 calorias. Adicionada a manteiga, então, a coisa deve ficar bem pior.

Aí reside o problema de apelarmos à intercessão divina. Como convencê-Lo da reivindicação se estaríamos, com isso, traindo justamente uma de Suas leis maiores? Claro, a gula é um dos sete pecados capitais. E convenhamos: esse papo de comer um pãozinho por dia, como recomendam nutricionistas e cardiologistas, não está com nada.

Antes de parlamentar com Ele, precisamos de um bom argumento. Talvez Deus seja condescendente se propusermos, por exemplo, algum sacrifício. Algum, não; um bom sacrifício. Vamos propor a Ele que, em troca dos efeitos colaterais de cinco pães com manteiga por dia, executemos um determinado número de boas ações e também eliminemos ações pouco dignificantes, dessas que cometemos rotineira e deliberadamente – e, na boa, quem não as tem?

Eu trocaria minha imunidade metabólica por um trabalho voluntário semanal, algo que fosse benéfico a toda a comunidade. E, em relação à segunda parte do trato, assumo o compromisso de convencer o meu pessoal a não pintar de cor-de-rosa o muro da entrada da torcida são-paulina em tardes de clássico no Palestra. Se essa for fraquinha, tem outras manchas piores no meu comportamento; deixa que eu me entendo com Ele.

Para demonstrarmos boa vontade, já abriríamos mão da manteiga animal. Nos contentaríamos com a vegetal. O tipo de pão ficaria em aberto, mas, se Ele solicitar uma padronização, fechamos no francês. E se for necessário ainda um ritual de consumo, proponho o meu: corta-se o pão francês em três partes, comendo-se primeiro os dois bicos e deixando a parte do meio, que via lambuzada de manteiga dos dois lados, por último.

Ademais, por ser barato, o consumo de pães ajudaria substancialmente o combate à fome e à miséria. Pô, essa é uma missão divina, é ou não é? Quantos pães e gramas de manteiga não daria para comprar com o Bolsa-Família? Melhor: por que o Lula, aproveitando os estertores do seu governo, não cria dois subitens desse benefício social, o Bolsa-Pão e o Bolsa-Manteiga? A aprovação ao metalúrgico barbudo ia passar dos 100%.

Sem falar no incremento das atividades esportivas. Vejam o caso de São Paulo. Uma eventual explosão de venda de pães criaria inúmeros empregos e deixaria os donos de padaria com grana suficiente até para transformar a Portuguesa em time grande. Isso, sim, hein, seria um milagre.

3 comentários:

  1. prefiro o meu jeito. corto o pão de fora a fora em duas metades e lambuzo as duas de mantega. óbvio. depois como as metades separadas mas dobradas ao meio. EXPERIMENTA! EXPERIMENTA!

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  2. OLHA EU TAMBEM AMOOOOO PÃO COM MANTEIGA É MUITO BOM D++++++ AMOOOO

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  3. quen não gosta de pão com mantega é doido!!!

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