domingo, 27 de dezembro de 2009

De carona na fama alheia


Há anos ensaiava escrever sobre essa foto aí, assim como outras de antigamente, que o Ivan Amorin, de Maringá, gentilmente escaneou e gravou em CD, faz tempo. E por que estou escrevendo agora? Uai, pra pegar carona na fama do cidadão ali, que foi homenageado neste domingo, no Domingão do Faustão, com o troféu Mário Lago – como se ele precisasse disso para ficar famoso...

Num daqueles tradicionais programas para fazer o homenageado chorar, a Globo gravou inúmeros depoimentos de gente graúda do teatro, do cinema e da TV sobre a carreira do carioca Antônio da Silva Fagundes Filho. A ficha do cara é realmente extensa. Na época da foto aí de cima, pelo que se comentava, ele protagonizava “O Machão”, novela da extinta TV Tupi de São Paulo.

Em sendo verdade, o ano era 1974 e, portanto, ele tinha 25 anos, eu tinha oito e meu pai, 33. Muitos, no programa do Faustão, o chamaram de Fafá, que parece ser o apelido dele entre os atores e afins. Marília Gabriela o chamou de Fafolino. São designações que não casam muito com um machão, mas quem há de duvidar da virilidade do Fagundão?

Ele veio a Guará-SP abrilhantar um baile de debutantes e ficou hospedado na casa do Teruo Nakano, na época um dos homens mais endinheirados da cidade. Era uma das poucas casas – senão a única – com piscina. Naquela época eu não saía da piscina do clube. Voltava para casa sempre com o cabelo esverdeado de cloro. Mas piscina particular... Ah, isso era para ricos, e o Teruo era. A Flávia, filha mais velha dele, era minha colega de colégio. Estudamos juntos os nove primeiros anos de escola – do pré-primário à oitava série, sempre no Nehif Antônio, perto de casa.

A quadra do colégio fica em frente à casa da minha avó, onde havia um pé de laranja baiana. Quando tinha laranja, eu subia no telhado com uma faca de cozinha e um potinho de sal e fica chupando laranja com sal e olhando as meninas na educação física. Três dias atrás liguei para a Secretaria de Saúde porque o escoadouro da quadra estava entupido e, com as chuvas, havia uma lâmina d’água de um palmo de altura e vinte metros de comprimento – água limpa, parada, em condições propícias para a dengue. Limparam no mesmo dia.

Enfim, naquele 1974 meu pai me levou para a casa do Teruo, onde houvera uma espécie de recepção para o galã da tevê. E tiramos essa foto aí. Segundo meu pai, Paulo Figueiredo e Fábio Júnior foram outros galãs que abrilhantaram bailes de debutantes em Guará. Ele e um amigo, Diocésar, foram escalados para buscar Fábio Júnior em Uberaba. Meu pai conta que o empresário não queria que ele cantasse “Pai Herói”, megasucesso da época. Alertado de que poderia ser vaiado se não cantasse a música, Fábio Júnior capitulou.

Não lembro de absolutamente nada daquela noite com Antônio Fagundes na casa de seu Teruo. Quanto à piscina dele, convidados pela Flávia, com a desculpa que iríamos estudar, fizemos várias reuniões de pré-adolescentes lá, regadas a refri e salgadinhos e mais algumas coisas que, garanto a vocês, foram bão pra carai.

2 comentários:

  1. Quem diria, hein? Que aquele menininho... seria além de um excelente jornalista, um ótimo contador de histórias.

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  2. Rogê, se a foto não fosse P&B, eu diria que era a Natália alguns anos atrás...

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