segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Segunda-feira...

Segunda-feira modorrenta, essa. Pela manhã, abro a caixa postal, e nada. Dou um pulo na casa da vó, que está quase sem provisões, o que a deixa ainda mais reclamona. A cada cinco minutos ela solta um “ihhhhhhhhhh” que quem está por perto já sabe o que vem depois. “Ficá muito véia, fio, num presta não.” Depois de todo “ih” vem o lamento. Diacho, vó. Só por que passou dos noventa? A gente – a Ciló e eu, pelo menos – sempre argumenta que ela é uma pessoa privilegiada, que estatisticamente muito poucas pessoas chegam a essa idade e, das que chegam, um número menor ainda tem a lucidez e a disposição que ela demonstra no dia-a-dia, apesar de ligeiramente descadeirada por um problema na bacia que remonta à primeira metade do século passado.

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“A vó não passa desse ano não, fio”, diz ela, uma semana antes do ano acabar, repisando o bordão de 2009, 2008, 2007, 2006, 2005... “Então por que a senhora guardou as duas agendas que a Alta Mogiana te mandou?”, pensei com meus botões, lembrando das lembranças de fim-de-ano que a usina mandou para ela, como dona de metade dos sete alqueires que, arrendados, vão ficar cobertos de cana por mais três safras ainda. “Pra agendar o que, santo Deus?”

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Ciló vai à cozinha, volta com uma nota de R$ 50 e uma pequena lista de compras: cebola, batata, alho, óleo e fósforo. Vou ao sacolão do Télcio, volto com as compras acrescidas de uma bandeja de milho verde, para aproveitar a lenha acesa no fogão e matar saudade de uma espiga na brasa. Me espantei com o preço de um litro de óleo de soja: R$ 3,89. É o fim do mundo. Quanto mais soja a gente planta, mais caro fica o óleo.

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Na verdade, queria que os dias passassem mais rápido. Que chegue logo o dia 2, quando vou a Ibitinga buscar a Natália. Na ida ou na volta, quero combinar uma cerveja com o Zé Luís, meu veterano de UEL que, desde que se formou, trabalha na EPTV, em Ribeirão. Para mim, não há, em tese, problemas em encher a cara em Ribeirão – basta desmaiar num dos três motéis que meu primo Carlinhos Tizziotti tem na cidade.

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Zé Luís é da turma de 83/2, da Benê Bianchi, da Joyce Moltefeltro, do Mário Marins. Quando trocamos e-mails, Zé avisou Marião, que imediatamente me escreveu, todo saudoso dos velhos tempos. Hoje trabalhando na TV Fronteira, em Prudente, Marião Banespa – para diferenciar do Marião Fragoso – prometeu uma incursão o mais breve possível a Londrina, para rever a cambada.

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Enviei ao Marião uma foto da nossa formatura (todos se formaram atrasados), em que aparece também o Aurélio Albano, com três arrobas a menos. Antes de entrarmos no Moringão, Aurélio e eu ficamos tomando cerveja e pinga com o Marinósio no Rangus. Saímos de lá em cima da hora, trêbados – não que fosse novidade para nós, muito menos para o professor Marinósio, mas, poxa, era noite de formatura, caramba, com ginásio lotado, nossos pais, mães... Vou te falar! A salafrarice é, realmente, ilimitada.

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Enfim, à tarde dei um pulo no escritório do meu pai e, de repente, não é que entra o Chiquitim, figuraça sobre quem eu ouvira uma história de rachar dias antes? Essa eu conto depois...

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