quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Valdivino


Ele primeiro foi Toquinho, mas quatro meses depois foi solenemente batizado de Valdivino F... Não, não posso dar o nome completo, sob pena de enfrentar eventual ação judicial. Sim, porque ele tem nome e sobrenome, com os quais meu irmão “homenageou” um cidadão que lhe um calote de alguns milhares de reais.

Filho de Ferrugem com Bolinha, Valdivino nasceu no sítio do meu vô, no Barro Preto, em Guará. É descendente de um caldeirão inominável de raça. É o vira-latas por excelência. Tem o corpo alongado, estilo salsichão. As pernas são pequenas e grossas, para suportar o peso de um corpo atarracado, e as patas grandes, de cachorro de roça.

Vingou porque nasceu macho. A ninhada de Ferrugem e Bolinha veio com três machos e duas fêmeas e, segundo antigo e cruel costume que ainda reina em muitos rincões, as fêmeas foram parar em algum canto de algum brejo logo no primeiro dia de vida. Dos três machinhos, minha tia Ciló pegou um e, já vislumbrando o jeitão do cara, chamou-o de Toquinho.

Quando Luís Henrique foi aventurar-se no Prata, Minas Gerais, onde abriu uma filial da Fischer Fértil, levou o cão e passou a chamá-lo de Valdivino. Tem uns quatro anos de idade. Desde que meu irmão voltou de Minas, ambos moram na casa dos meus pais, em Guará. Do meu tio João Luís, que criou o pai dele no sítio, meu irmão e eu herdamos o costume de, brincando, judiar dos nossos cachorros, muitas vezes dando uns beliscões na virilha para azucriná-los.

Pois Valdivino criou um método de defesa. Logo que a gente chega com cara de poucos amigos, ele se prepara para chorar ao menor toque. Relou nele, o bicho estrila. Foi a maneira que criou para combater nossas crueldades. De bobo, Valdivino não tem nada.

Toda manhã abrem para ele o portão da casa para aquela voltinha matinal. Retorna depois de uns 40 minutos – algumas vezes, bastante sujo, posto que mete-se por córregos e terrenos baldios. Não sabemos se já cruzou ou não – até agora, pelo menos, nenhuma cadela apareceu reivindicando pensão alimentícia.

4 comentários:

  1. Um cão com olhar de intelectual, Rogério.

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  2. Não deixe que ele saiba disso, Monte. Valdivino já é enjoado o suficiente.

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  3. Que crueldade com as cadelinhas! Que judiera de beliscões com o Valdivino!

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  4. VALDIVINO NÃO É ENJOADO E SIM MIMADO PELO LUIS, QUEM MEXER COM ELE, AIAIAI COMPRA UMA BRIGA. RSRS

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