segunda-feira, 15 de junho de 2009

Os altos e baixos da seleção contra o Egito


Com o olho sempre na Copa do Mundo, que é como acho que devemos discutir seleção brasileira, vão aqui meus pitacos sobre o desempenho do time de Dunga na manhã desta segunda-feira, na África do Sul, nos 4 a 3 sobre o Egito, na estreia de ambos na Copa das Confederações. Por setores:


GOL - Se Júlio César não cometer um caminhão de besteiras, é o titular em 2010 e ponto final. Não comprometeu em quase nada hoje. A única falha foi no primeiro gol egípcio. Se ele saiu do gol, então que tinha de completar a saída. Saiu e recuou. É o que de pior pode acontecer a um goleiro nesse tipo de jogada. Palmeirense que é palmeirense não esquece que Bruno fez a mesma pipocada naquele jogo em Prudente e ajudou, e muito, a recriar o mito Ronaldo. A falha contra o Egito pelo menos sinaliza que, apesar de todas as virtudes, Júlio tem de treinar mais esse fundamento. Menos ruim que o time dele ganhou a partida, e isso significa que tem estrela. Goleiro sem sorte tem de trabalhar em repartição pública. É o caso do Bruno.


LATERAL DIREITA - Maicon marcou toca e parece ter perdido a posição para Daniel Alves. O jogador do Barça combate bem e apoia (ah, que vontade de acentuar esse ditongo, meu Deus!) melhor ainda. E tem disposição, gana. De qualquer forma, vão brigar até as vésperas do Mundial. O próprio Júlio César considera Maicon o principal jogador da Inter de Milão, o que não é pouco. Pelo visto, temos, enfim, os sucessores de Cafu. Dunga, porém, precisa explicar ao Daniel que ele não é o dono do time. Não pode bater toda e qualquer falta. Ronaldinho Gaúcho tentou essa imposição, quando estava em boa fase, e olha no que deu. Pombas, lá no Recife, contra o Paraguai, já nos acréscimos, o Kaká pediu para cobrar uma, porque queria homenagear o aniversário de um ano do filho, e o cara negou. Bem, pelo menos personalidade tem, né...


LATERAL-ESQUERDA - Definitivamente, uma posição em aberto. Não sei se é ordem do treinador, para ficar mais preso na marcação, em vez de avançar, já que, pela direita, Daniel Alves ou Maicon sobe a todo instante. Dentro de um 4-4-2 conservador, como é o de Dunga, é aceitável. Mas Kléber simplesmente não faz uma coisa nem outra. Na marcação, está muito mais ou menos. No apoio, zero. Não faz outra coisa, quando pega a bola, senão recuar ou tocar de ladinho. Quando tenta algo mais desafiador, como um passe de dez metros, erra. E esse era justamente o ponto forte dele: os cruzamentos que fazia no Corinthians e no Santos mais pareciam passes. Ele abandonou essa virtude, ou está taticamente proibido. O fato é que não saiu da má fase que dura anos. E Dunga insiste com ele. Será que é mais uma posição em que ele tem "jogador de confiança"? Pensei hoje: "Se o André Santos entrar, não sai mais". Entrou, só que faltando apenas 10 minutos. Não pegou uma única vez na bola, o lateral do Corinthians. Na primeira, inclusive, furou. Mas, enfim, com ele em campo o time conseguiu o gol da vitória. E isso sempre conta. Nesses jogos da Copa das Confederações, merece uma chance. De jogar o jogo inteiro. Se não fizer isso, é sacanagem do Dunga. Então, para que levá-lo à África?


ZAGA - Lúcio e Juan, na boa. Sem maiores comentários. Não tiveram maiores culpas nos gols. Acho que continuam mal protegidos pelo Gilberto Silva. E a jogada decisiva do quarto gol foi de Lúcio, que marcaria o gol se o zagueiro não tivesse cortado com o braço.


VOLANTES - Então, é isso: acho Gilberto Silva meio capenga, mas o cara é cargo de confiança do "professor", então fazer o quê? Torcer para ele torcer o tornozelo às vésperas da Copa, à la Emerson em 2002? Foi assim que descobrimos Kléberson. Se Felipe Melo não estivesse tão bem, proporia Kléberson-Ramires como volantes. Mas qual treinador há de abrir mão de um mordedor de canelas à frente da zaga? Em se tratando de Copa do Mundo, nem eu.


MEIAS - Elano esteve sumido do jogo, foi justamente substituído por Ramires, em quem, ao que parece, Dunga anda botando fé. Se entrar bem em alguma partida, pode representar, para o grupo de Dunga, o que Kléberson representou para o de Felipão no penta. E Elano é pau para toda obra. Não se abateria com uma eventual reserva. É homem de grupo, bom de tê-lo. Kaká teve atuação razoável. O ponto forte foi o gol de pênalti. É nessas horas que se vê o cara de personalidade.


ATACANTES - Robinho até que suou bastante, mas não conseguiu escapar da marcação e caiu fora. Pato entrou e até agora não disse a que veio na seleção brasileira. Uma ou outra boa exibição, e olhe lá. Não creio que Dunga pretenda fazer com ele o que Parreira fez com o hoje gorducho Ronaldo em 1994 - levar a uma Copa para ganhar cancha. Se pretende, está fazendo errado. O gol que Pato perdeu contra o Paraguai, naquela jogada deslumbrante do Lúcio na linha de fundo, já nos acréscimos, passou despercebida porque o jogo terminou 2 a 1. Porque foi vergonhoso aquilo. Dunga tem de se convencer que o cara da vez - e futebol é muito isso - é o Nilmar, e pronto. Não sei por que, mas Pato me faz lembrar malabarismos, quadrado mágico... Argh! Parece querer fazer uma obra-prima a cada toque, e acaba deixando o feijão queimar na panela. Já Luís Fabiano fez a dele: movimentou-se bem, fez um e... só. Bão também, diriam uns amigos aqui de Guará-SP.


A seleção volta a campo quinta-feira, contra os EUA. De novo, às 11h.

2 comentários:

  1. em relação ao bruno: e a tão cantada escola de goleiros do palestra??

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  2. É a exceção que confirma a regra, meu caro. Ademais, todos dão suas furadas. Não seria absurdo afirmar que Marcos foi o culpado pela derrota contra o Manchester em 1999 e pelo rebaixamento em 2002. E o cara tem busto garantido no clube.

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